A SpaceX anunciou que identificou falhas no sistema de proteção térmica da Starship e já prepara ajustes para o próximo voo de teste.As conclusões foram apresentadas por Bill Gerstenmaier, executivo responsável pela confiabilidade de construção e voo da empresa, durante o Glenn Space Technology Symposium da American Astronautical Society, em Cleveland (EUA), na última segunda-feira (8).O último lançamento ocorreu em 26 de agosto, a partir da base da SpaceX em Starbase, no Texas (EUA). O voo marcou o décimo teste em escala real do foguete composto pelo propulsor Super Heavy e pelo estágio superior Starship — atualmente, o maior foguete do mundo. Um dos principais objetivos era avaliar o desempenho do escudo térmico formado por milhares de placas cerâmicas.Momento da explosão esperada da Starship no oceano (Imagem: Reprodução/X/SpaceX)“As coisas correram eextremamente bem”, afirmou Gerstenmaier. Cerca de uma hora após a decolagem, a Starship aterrissou de forma controlada no Oceano Índico, a apenas três metros do ponto planejado. Imagens captadas por um drone e uma boia registraram a descida, que incluiu a manobra de rotação para pouso vertical com acionamento de três motores Raptor.Apesar do sucesso, o veículo de 52 metros apresentou danos visíveis, especialmente na parte traseira e nas aletas. O aspecto mais notável foi a coloração alaranjada em uma das laterais.Segundo Elon Musk, fundador e CEO da SpaceX, o tom foi provocado pela oxidação de placas metálicas instaladas de forma experimental no lugar das cerâmicas, diz o ArsTechnica. Diferentemente de voos anteriores, quase todas as placas permaneceram fixas durante toda a missão.Leia mais:SpaceX dá mais um passo para lançar até 120 voos por ano na FlóridaSpaceX planeja produzir combustível próprio para StarshipsSpaceX revela mudanças no propulsor Super Heavy antes do 10º voo do StarshipTestes com placas metálicas na StarshipGerstenmaier detalhou que o teste com placas metálicas buscava verificar se haveria desempenho adequado com um material mais simples de fabricar e mais durável que a cerâmica. “As placas de metal não funcionaram tão bem”, disse;Ele explicou que a oxidação no ambiente de reentrada resultou na coloração semelhante ao tanque externo do ônibus espacial;O executivo também relatou que a principal vulnerabilidade observada foi a entrada de calor pelas frestas entre as placas;Em algumas áreas, o material subjacente — derivado do escudo da cápsula Dragon — sofreu erosão, gerando manchas brancas visíveis. “Aprendemos que precisamos selar as placas”, afirmou.Teste com placas metálicas buscava verificar se haveria desempenho adequado com material mais simples de fabricar e mais durável que a cerâmica (Imagem: Reprodução/X/SpaceX)Solução alternativaA SpaceX já está testando uma solução experimental apelidada de “crunch wrap”, uma espécie de revestimento colocado ao redor de cada placa.O objetivo é vedar os espaços sem recorrer a preenchedores adicionais, como ocorria no programa do ônibus espacial. “É mais ou menos isso que vamos colocar para voar no Voo 11”, adiantou Gerstenmaier. O próximo teste, previsto para outubro, seguirá uma trajetória suborbital.Ainda em 2025, a empresa pretende estrear a versão V3 da Starship e do Super Heavy, equipada com motores Raptor de nova geração e maior desempenho. A expectativa é realizar voos suborbitais iniciais e, a partir do 13º teste, tentar missões orbitais. Musk já havia antecipado que as primeiras tentativas de captura e recuperação em solo deverão ocorrer entre os voos 13 e 15.Segundo Gerstenmaier, dominar o escudo térmico é o “único grande” desafio de engenharia do programa.A reutilização rápida do veículo é considerada essencial para planos de longo prazo, como lançar satélites de nova geração e viabilizar reabastecimento em órbita — etapa crucial para futuras missões à Lua e Marte. “Vamos tentar fazer isso no ano e vem. Em 2026, esse será nosso foco: conseguir transferir um propulsor em larga escala”, declarou.Na imagem acima, o propulsor Super Heavy, com suas quatro aletas de grade estendidas, é visto momentos após a separação dos estágios do megafoguete em seu sétimo voo de teste. (Imagem: Reprodução/SpaceX)O executivo também comentou sobre os testes com o Super Heavy, que caiu no Golfo do México após a separação. A equipe identificou discrepâncias entre o desempenho em voo e as previsões de modelos computacionais e testes em túnel de vento.“Tivemos um pressentimento que isso poderia estar lá, mas não estávamos 100% certos, e pudemos fazer isso de uma forma extremamente boa”, disse. Para ele, a questão deve ser explorada pela comunidade acadêmica e laboratórios públicos.Gerstenmaier destacou que a filosofia da SpaceX é avançar rapidamente, mesmo sem compreender completamente todos os fenômenos. “Tenho o que chamo de uma mínima solução viável. Eu realmente não entendo como isso funciona, mas, de algum modo, funciona. Então, vamos usá-lo, vamos monetizá-lo, faremos isso funcionar”, concluiu.O post Starship: SpaceX identifica falhas em escudo térmico e prepara novos testes apareceu primeiro em Olhar Digital.