Em oitiva na CCJ, Zambelli questiona hacker e o acusa de mentir

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A deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) questionou e divergiu nesta quarta-feira (10) de declarações do hacker Walter Delgatti Netto, durante oitiva da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. O depoimento faz parte da análise do processo de cassação da congressista.Delagatti foi indicado como testemunha pela própria defesa de Zambelli por ter sido condenado junto com a deputada no caso de invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Ambos estão presos e participaram de forma virtual da reunião. Leia Mais Michelle diz que teve Fusca revistado para ver se Bolsonaro estava no carro Com Fux, STF tem maioria para manter delação de Mauro Cid Waack: STF aumenta barreira à anistia que livraria Bolsonaro A oitiva teve tom de acareação. Presa na Itália, Zambelli pôde fazer perguntas a Delgatti, que participou por videoconferência de uma sala no presídio de Tremembé. Inicialmente, apenas Delgatti seria ouvido, mas o advogado de Zambelli, Fabio Pagnozzi, solicitou autorização para que ela também participasse.No depoimento, Delgatti afirmou ter ficado hospedado em um apartamento de Zambelli por cerca de 20 dias. A congressista, no entanto, discordou e afirmou que a visita do hacker durou “apenas algumas horas”.“Eu quero que as pessoas vejam que ele transita entre ficar 20 dias na minha casa, imagina que ficou 20 dias, mas ficou algumas horas […] Eu gostaria muito de provar que ele está errado em relação a isso. Porque ele está errado em relação a muitas coisas”, declarou Zambelli.Depois de a deputada chamar Delgatti de “mitomaníaco” e destacar que ele seria diagnosticado com TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), o presidente da CCJ, Paulo Azi (União-BA), interveio e pediu que as perguntas fossem objetivas e sem “adjetivações” à testemunha.“Da mesma forma que ele mente sobre o tempo que passou na minha casa, ele mente sobre a questão do mandado de prisão do Alexandre de Moraes, ele mente também e existe uma mentira dentro do meu processo”, declarou Zambelli.Delgatti discordou da deputada. Na oitiva, ele disse ter invadido o sistema do CNJ a pedido de Zambelli, mas se arrependeu. Segundo ele, a deputada teria lhe garantido que, em caso de eventuais problemas após a invasão, ela assumiria a responsabilidade do ocorrido. A congressista também teria prometido um emprego a ele, mas isso não ocorreu.“Ela [Zambelli] queria que eu conseguisse comprovar, de alguma forma, que o sistema era violável. No caso, ela pediu que eu invadisse ou o TSE, ou o CNJ, ou o STF, que eu conseguisse comprovar que o sistema era violável”, disse Delgatti.Perda de mandatoZambelli foi condenada pela Primeira Turma do STF a dez anos de prisão por envolvimento na invasão do sistema do CNJ. A decisão, que também determina a perda do mandato, transitou em julgado, ou seja, não cabem mais recursos.A CCJ ainda analisa a perda do mandato da parlamentar determinada pelo STF. O relator da ação na CCJ é o deputado Diego Garcia (Republicanos-PR). Nesta tarde, a comissão também ouvirá Michel Spiero, assistente técnico da defesa de Zambelli.Durante o depoimento de Delgatti, deputados governistas questionaram o tom de acareação entre a deputada e o hacker. Os advogados da deputada pediram a acareação anteriormente, mas o pedido não foi acatado por ausência de previsão regimental.Zambelli está fora do país desde o fim de maio, quando anunciou ter deixado o Brasil após a sua condenação. Depois de quase dois meses foragida, ela foi presa em 29 de julho e está detida em Rebibbia, em Roma, capital da Itália.