Trump quer acabar com os resultados trimestrais; bom ou ruim?

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Os balanços trimestrais já se tornaram um evento recorrente entre investidores que acompanham empresas listadas na bolsa de valores.No entanto, uma postagem de nada menos que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou dúvidas sobre o modelo, usado tanto nos EUA quanto no Brasil.CONFIRA: Veja os ativos mais recomendados por grandes bancos e descubra como diversificar sua carteira com as escolhas favoritas do mercado; acesse gratuitamenteSegundo Trump, em suas redes sociais, companhias e corporações deveriam deixar de ser forçadas a ‘reportar de maneira trimestral (balanços trimestrais)’ e passar a divulgar relatórios a cada seis meses.A ideia é permitir que as empresas economizem tempo e dinheiro. Afinal, preparar os relatórios, organizar reuniões com analistas e coordenar toda a divulgação não é barato.‘Isso vai economizar dinheiro e permitir que os gestores foquem em administrar melhor suas empresas’, disse Trump.Ele complementou: “Você já ouviu alguma vez que “a China tem uma visão de 50 a 100 anos na gestão de uma empresa”, enquanto nós administramos nossas companhias em base trimestral? Isso não é bom!”Bom ou ruim?Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, há bons argumentos por trás das falas de Trump.“Grande parte das decisões no mercado, inclusive dentro das empresas, é pensada em prazos mais longos. Não vemos nenhuma companhia pagando bônus trimestral, por exemplo”, afirma.Ele lembra que os balanços trimestrais criam incentivos ruins.“Financeiramente é caro, porque envolve interromper a operação para preparar relatórios e conferência de resultados. Além disso, gera uma tendência de artificialidade na gestão, já que o foco passa a ser o curtíssimo prazo.”Por outro lado, há um ponto de atenção: sem os balanços, poderia haver falta de transparência das empresas.“Concordo que os balanços trimestrais aproximam a empresa do investidor, permitindo que ele entenda melhor os pontos positivos e negativos. Mas acredito que essa relação pode ser construída mesmo sem a obrigação do reporte trimestral”, explica Cruz.O analista acrescenta que muitas companhias familiares resistem à abertura de capital justamente por esse motivo.“O empresário costuma pensar em horizontes anuais ou plurianuais, aceitando que um trimestre ruim faz parte do ciclo natural dos negócios.”No mercado de capitais, porém, os investidores não perdoam. Se o resultado é abaixo do esperado, a ação despenca sem piedade.Cruz cita como exemplo a Raia Drogasil (RADL3), que enfrentou questionamentos intensos ao entregar um trimestre abaixo das projeções.A ação, porem, recuperou parte da perda e a queda no acumulado do ano, que chegou a quase 40% após os números do primeiro trimestre, passou para os 20% atuais.