Em comunicado divulgado neste domingo (14), a família do pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira Júnior, afirmou que recebeu a notícia da identificação do corpo com um “misto de alívio e tristeza”, mas que ainda buscam respostas sobre o caso. Tenório Jr. desapareceu há quase 50 anos, na cidade de Buenos Aires, e sua morte só foi confirmada neste sábado (13), pela CEMDP (Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos) e a EAAF (Equipe Argentina de Antropologia Forense).“Ainda queremos e precisamos de respostas. Quem matou Tenório? Por quê? Por que matar um homem sem nenhum envolvimento político, que só vivia para a música?”, questionam os filhos do música no comunicado. A família cobra uma nova investigação por parte das autoridades. Tenório Jr., na época com 35 anos, acompanhava os músicos Vinícius de Moraes e Toquinho em uma turnê pela Argentina. Uma semana antes do golpe que derrubaria María Estela Martinez Perón e instalaria uma ditadura militar no país, o pianista desapareceu. “Finalmente podemos saber com mais segurança o que aconteceu com ele naquele triste março de 1976. De alguma maneira, estaremos mais próximos.”, afirmam.O músico era um dos pianistas mais respeitados do Brasil na década de 1970, com participação em festivais nacionais e internacionais, turnês e colaborações com grandes nomes da música brasileira.O Governo Brasileiro, através da Comissão, informou acompanhar o caso e notificou a família e segue oferecendo apoio, além de colaborar com esforços para localizar possíveis remanescentes do músico. O caso integra investigações relacionadas à Operação Condor, que coordenou ações repressivas entre ditaduras militares da América do Sul na década de 1970. Leia mais Morto antes de golpe: corpo de Tenório Jr. é identificado na Argentina SP terá que indenizar homem que passou um ano e meio preso injustamente DNA do crime: Tecnologia avançou para combater atividades criminosas DesaparecimentoEm 18 de março de 1976, ele teria saído do Hotel Normandie, na região da Avenida Corrientes, para fazer compras e nunca mais foi visto. Dois dias depois, o cadáver de um homem foi encontrado em um terreno baldio na região de Tigre, próximo a Buenos Aires, morto por disparos de arma de fogo, e o corpo foi enterrado sem identificação no Cemitério de Benavídez.O processo foi recuperado pela Procuradoria de Crimes contra a Humanidade, que investiga casos de cadáveres encontrados entre 1975 e 1983 em Buenos Aires que permaneciam sem identificação, para verificar se seriam vítimas do terrorismo de Estado.