O tema da energia é uma das “maiores frustrações” do CEO da Gerdau (GGBR4), Gustavo Werneck. As falas, feitas nesta quarta-feira (10), foram em relação ao fato de a companhia vir sofrendo cortes de geração em um parque solar em Minas Gerais de cerca de 70%.Os chamados “curtailment”, um dos principais problemas do setor elétrico brasileiro, acontece por limitações impostas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) às usinas eólicas e solares, por razões operativas como gargalos na rede de transmissão de energia e outros fatores.Eles impõem prejuízos financeiros milionários às geradoras, mas também têm atingido os chamados autoprodutores, como a Gerdau, que opera o parque solar Arinos, localizado na cidade de mesmo nome de Minas Gerais, em parceria com a Newave Energia. O complexo, inaugurado em meados deste ano, contou com investimentos de R$1,5 bilhão.“Na energia solar, colocamos mais de R$1,5 bilhão nos últimos anos em parques solares, tem um parque no interior de Minas com mais de 750 mil painéis solares, aloco o capital, busco dinheiro… aí vem o operador do sistema e começa a cortar meus parques”, disse Werneck, durante apresentação no Neosummit COP30, realizado nesta quarta-feira em São Paulo.CONFIRA: Quer entender as estratégias das maiores empresas e gestoras do mercado? O Money Minds, do Money Times, mostra os bastidores; acesse aquiSegundo ele, o parque está “operando com curtailment de 70%”.“Tenho dificuldade de entender por que o Brasil no momento está despachando térmica a carvão e a gente não consegue operar os parques nossos totalmente renováveis”, afirmou.Para o executivo, a situação espelha que uma das “grandes dores de cabeça que o industrial, que o empresário do Brasil segue tendo, é o tema de energia”.Ele comentou também que a Gerdau fez “grande investimento” para produzir todos os aços necessários para a indústria de energia eólica, da base do aerogerador até o eixo principal, e agora “esta indústria acabou”, referindo-se aos produtores de equipamentos que deixaram o Brasil.Ele citou também o preço do gás do Brasil, que tira a competitividade da indústria siderúrgica brasileira.“O gás natural, que é o insumo mais relevante para trazer competitividade para indústria brasileira para descarbonizar, continua com preço absurdo”, afirmou, citando que a empresa, que opera há mais de 30 anos nos Estados Unidos, paga US$3 por milhões de BTU lá, enquanto no Brasil o custo é de US$16.Procurada, a Gerdau afirmou que o executivo comentava sobre a operação em Arinos, ao falar dos cortes de geração. A empresa não comentou imediatamente sobre os prejuízos devido à determinação do operador nacional do sistema elétrico.O ONS não comentou o tema imediatamente.