A artesã Maria José dos Santos Sousa, de 51 anos, mais conhecida como Maria do Couro, encontrou no lixo uma matéria-prima de luxo. Em Luziânia, ela transforma peles de tilápia, antes descartadas, em bolsas, sapatos e acessórios de alto valor. O que começou com uma aposta solitária e apenas R$ 50 emprestados, hoje é uma marca consolidada que inspira outras mulheres e se prepara para o mercado internacional.A virada em sua trajetória começou há 13 anos, quando buscou o Sebrae para criar um plano de negócio. A oportunidade decisiva, no entanto, foi a participação em uma missão técnica no Pontal do Paraná, para aprender a curtir o couro de peixe — experiência que só foi possível graças ao apoio de pessoas que acreditaram em seu potencial. “A Janea Meireles, presidente da Associação dos Artesãos de Luziânia, me emprestou R$ 50 e eu fui com a cara e a coragem”, relembra Maria.Adriano Teixeira, hoje gerente da regional sudoeste do Sebrae Goiás, também foi um dos incentivadores da artesã. “Levei a Maria nessa missão ao Paraná para conhecer o curtume de couro de peixe. Ela aprendeu a técnica de curtimento com tanino, sem produtos químicos, e, juntamente com o parceiro Rogério Francisco Regis, de Pires do Rio, foi aperfeiçoando os processos. Hoje, anos depois, ela tem um projeto incrível que nasceu daquela viagem”, destaca.De volta a Goiás, Maria enfrentou obstáculos, como a falta de espaço físico para instalar seu equipamento. Em uma das situações mais marcantes, passou uma noite inteira vigiando um fulão (tambor giratório de curtume) para não perder 40 quilos de pele. “Pedi muito a Deus para passar por aquilo. Não podia desligar, senão estragava tudo”, conta.Para não deixar o sonho morrer, encontrou uma alternativa: começou a produzir sandálias com o couro que já tinha estocado. “Era uma forma de divulgar o material e continuar visível até conseguir um lugar definitivo”, explica. A tática deu certo e abriu novas portas.A artesã Maria do Couro | Foto: Arquivo pessoalUm negócio alinhado à sustentabilidadeO trabalho de Maria do Couro está diretamente ligado à economia circular. Em 2023, o Brasil produziu mais de 579 mil toneladas de tilápia. Sem o reaproveitamento, as peles e escamas gerariam um enorme volume de resíduos. Com o curtimento, no entanto, a pele se transforma em um couro resistente, de acabamento único e sustentável.Com o apoio contínuo do Sebrae, Maria estruturou sua produção, participou de grandes feiras como a Tecnoshow e a Agro Centro-Oeste, e hoje ministra suas próprias oficinas. A transformação também foi pessoal: “Eu entrava muda e saía calada nas reuniões. Hoje, sei conduzir, sei falar o que penso”, afirma.Maria consolidou marca que inspira outras mulheres | Foto: Arquivo pessoalPróximos passosAgora, Maria trabalha no lançamento da marca Filha de Mahjory, uma homenagem à mãe, e planeja formar um grupo de artesãs para expandir a produção. O sonho é reinstalar o fulão e, finalmente, viver exclusivamente de sua arte. “Meu objetivo é sustentar minha casa com o que faço e ver mais mulheres trabalhando com esse couro”.Para quem está começando, Maria deixa um conselho direto: “Não comece pela metade. Se profissionalize primeiro, cumpra as etapas”. Sua jornada prova que conhecimento, persistência e uma boa rede de apoio são capazes de transformar uma oportunidade em um negócio de reconhecimento nacional.E para quem quiser acompanhar de perto esse trabalho que une tradição, inovação e sustentabilidade, Maria compartilha suas criações e novidades no Instagram: @filhademahjory.INFORMAÇÕES PARA A IMPRENSANa sede do Sebrae: Taissa Gracik – (62) 99887-5463 | Kalyne Menezes – (62) 99887-4106Na Regional Sudoeste | Rio Verde: Vivianne Oliveira / Agência Entremeios Comunicação – (62) 98174-9881Acesse aqui o site do Sebrae Goiás.Siga-nos em nossas redes sociais: Instagram, Facebook, YouTube e LinkedIn