O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, apontou nesta quinta-feira (11) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como o principal beneficiário e elemento central da tentativa de golpe de Estado investigada pela Corte. Ao votar pela condenação de sete réus ligados ao núcleo político e militar da trama, Zanin afirmou que todas as ações da organização convergiam para a permanência de Bolsonaro no poder, ainda que por vias inconstitucionais.“Todos procuraram a ele se reportar. Em todos os atos, o que se via era a permanência de Jair Bolsonaro, e não de outra pessoa”, disse Zanin ao justificar seu voto.Leia tambémOnde Bolsonaro deve cumprir a pena? Veja 4 cenários em debate após condenação no STFCondição de ex-presidente e estado de saúde abrem discussão sobre prisão domiciliar, cela especial, Papuda ou unidade militarAO VIVO: STF tem maioria para condenar Bolsonaro por todos os crimes; Zanin vota1º Turma do STF retoma nesta quinta-feira (11) a apresentação dos votos em julgamento do ex-presidente e outros sete acusados por envolvimento em tentativa de golpe de EstadoSegundo o ministro, as provas reunidas nos autos indicam que o grupo agiu de forma coordenada para restringir o funcionamento dos Poderes constituídos, por meio de uma cadeia de atos sucessivos, desde a construção de uma narrativa de fraude eleitoral até ações concretas para provocar ruptura institucional.“A tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito não precisa ocorrer em ato único. Ela pode se dar de maneira contínua, com ações destinadas a minar, paralisar ou subverter os demais Poderes”, destacou.Para Zanin, os sistemáticos ataques ao Judiciário desempenharam papel essencial na escalada golpista. “Fizeram parte de um conjunto de iniciativas para impedir o livre exercício do Poder Judiciário e desacreditar as instituições democráticas”, afirmou.Engrenagem do golpeZanin detalhou a função atribuída a cada réu dentro do esquema, reforçando a ideia de uma divisão de tarefas entre militares, políticos e auxiliares próximos a Bolsonaro:• Jair Bolsonaro: Foi o epicentro da conspiração. “Todos os integrantes da organização agiram visando sua permanência no poder”, afirmou Zanin, ressaltando que o então presidente era o único beneficiado pelas medidas golpistas.• Mauro Cid: Apontado como porta-voz do ex-presidente, seria o responsável por transmitir instruções de Bolsonaro aos demais membros da trama.• Augusto Heleno e Alexandre Ramagem: Teriam fornecido suporte estratégico e ideológico, ajudando a moldar o discurso golpista e mobilizando recursos da Abin para monitorar opositores e instituições.• Anderson Torres: Enquanto ministro da Justiça, teria difundido fake news sobre as urnas e atuado para restringir o voto no segundo turno, por meio da PRF. Como secretário de Segurança do DF, abandonou o cargo às vésperas do 8 de Janeiro, mesmo diante de alertas sobre o risco de violência.• Paulo Sérgio Nogueira: Teria utilizado sua posição no Ministério da Defesa para deslegitimar o sistema eleitoral e tentar cooptar os comandantes das Forças Armadas em favor do golpe.• Almir Garnier: Responsável por viabilizar apoio logístico da Marinha, com fornecimento de efetivo e recursos materiais caso o golpe fosse deflagrado.• Walter Braga Netto: Participou diretamente da execução do chamado “Plano Punhal Verde e Amarelo”, que previa o uso de forças especiais do Exército. Também teria articulado apoio entre manifestantes acampados em frente aos quartéis.Caminho para a pacificaçãoAo concluir seu voto, Zanin reforçou que responsabilizar os envolvidos é essencial para restaurar a confiança nas instituições democráticas. “A responsabilização adequada é condição fundamental para a pacificação social e para a consolidação do Estado Democrático de Direito”, afirmou.The post Zanin vê Bolsonaro como eixo da trama e diz que golpe mirava Judiciário appeared first on InfoMoney.