Moraes mostra vídeo de Bolsonaro e reforça tese de organização criminosa

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O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), reforçou, durante o voto da ministra Cármén Lúcia no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus do que seria o “núcleo crucial” de um plano de golpe contra o resultado da eleição de 2022, a tese de que uma organização criminosa, liderada pelo ex-chefe do Executivo, “queria calar o Judiciário, o Estado Democrático de Direito”.Moraes, ainda durante a interrupção do voto da ministra, mostrou um vídeo de Jair Bolsonaro discursando durante uma manifestação de 7 de setembro.“Essa organização criminosa queria calar o Judiciário, o Estado Democrático de Direito e, ao mesmo tempo, se perpetuar no poder. Se pra isso precisasse matar um ministro do Supremo Tribunal Federal, envenenar um presidente da República, praticar peculato utilizando os poderes do Estado, são crimes indeterminados. Isso está fartamente comprovado”, disse Moraes.O ministro destacou ainda que os discursos da organização criminosa começaram em julho de 2021 e terminou em janeiro de 2023.O relator do caso ressaltou também que Jair Bolsonaro “sempre foi, além de líder, o ponta de lança desse discurso populista que caracteriza as novas ditaduras num mundo”.Com o voto da ministra, proferido nesta quinta-feira (11), o placar está em 3 a 1 em relação ao crime. O ministro Luiz Fux foi o único que votou pela absolvição do réu.Resta apenas o voto de Cristiano Zanin, mas já não há como reverter na Primeira Turma do STF o resultado pela condenação dos réus por organização criminosa.O voto de Cármen Lúcia também formou maioria para condenar por organização criminosa:Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);Almir Garnier, almirante de esquadra que comandou a Marinha no governo de Bolsonaro;Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro;Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro;e Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Bolsonaro, candidato a vice-presidente em 2022.A sessão desta quinta-feira iniciou próximo às 14h20 com o voto de Cármen Lúcia. O julgamento está previsto para ocorrer até sexta-feira (12).VotosAté o momento votaram o relator, ministro Alexandre de Moraes, e o ministro Flávio Dino, para a condenação dos oito réus. O ministro Luix Fux votou na sequência, apresentando divergência dos outros votos.Em uma análise extensa, Fux votou para absolver Jair Bolsonaro, Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Alexandre Ramagem (PL-RJ), deputado federal e ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência); Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; general Augusto Heleno, ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional); e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.Já o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-ministro Walter Braga Netto tiveram votos de Fux para condenação pelo crime de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, mas absolvidos pelos outros quatro crimes imputados pela PGR (Procuradoria-Geral da República).Na  sessão desta quinta-feira, se Cármen acompanhar o entendimento de Moraes e de Dino, ela formará a maioria para condenar todos os réus por todos os crimes e Fux ficará isolado.Após a magistrada, vota o ministro Cristiano Zanin, último a votar por ser o presidente do colegiado.Quem são os réus do núcleo 1?Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, o núcleo crucial do plano de golpe:Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);Almir Garnier, almirante de esquadra que comandou a Marinha no governo de Bolsonaro;Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro;Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro; eWalter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Bolsonaro, candidato a vice-presidente em 2022.Por quais crimes os réus estão sendo acusados?Bolsonaro e outros réus respondem na Suprema Corte a cinco crimes. São eles:Organização criminosa armada;Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;Golpe de Estado;Dano qualificado pela violência e ameaça grave;Deterioração de patrimônio tombado.A exceção fica por conta de Ramagem. No início de maio, a Câmara dos Deputados aprovou um pedido de suspensão a ação penal contra o parlamentar. Com isso, ele responde somente aos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.Cronograma do julgamentoNesta semana foram reservadas quatro datas para as sessões do julgamento. Restam estas:11 de setembro, quinta-feira, 9h às 12h e 14h às 19h; e12 de setembro, sexta-feira, 9h às 12h e 14h às 19h.