Desde a redemocratização, em 1985, o Brasil teve oito presidentes civis, mas a estabilidade institucional foi um desafio constante. Em 40 anos, cinco desses líderes enfrentaram processos de impeachment, condenações judiciais ou chegaram a ser presos, marcando uma trajetória de crises políticas e jurídicas no comando do Palácio do Planalto.Apenas três presidentes eleitos pelo voto direto ou que assumiram como vice concluíram seus mandatos sem sofrer condenações, prisões ou a perda do cargo: José Sarney (MDB), Itamar Franco (que morreu em 2011) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB).Os demais tiveram seus governos ou o período pós-Presidência diretamente afetados por investigações e julgamentos, cujas acusações vão desde corrupção e crimes fiscais até uma tentativa de golpe de Estado.Leia tambémCondenado, Bolsonaro poderia voltar a disputar eleições apenas aos 107 anosEntenda os próximos passos e as barreiras para anistia.Lula tem melhora na avaliação e recuo na desaprovação, diz Ipsos-IpecLevantamento indica melhora na percepção da gestão: aprovação chega a 30%, desaprovação recua para 38% e tendência negativa do primeiro semestre perde forçaAs acusações e os desfechosA seguir, um detalhamento dos processos que marcaram a trajetória de cada um dos cinco presidentes.Fernando Collor: do impeachment à Lava JatoO primeiro presidente eleito por voto direto após a ditadura, Fernando Collor (PRN, hoje sem partido), renunciou em 1992 para evitar a cassação em um processo de impeachment. As acusações apontavam um esquema de corrupção operado por seu ex-tesoureiro, PC Farias, que usava o governo para cobrar propina de empresários. Anos depois, já como senador, Collor foi condenado pelo STF em 2023 a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato, acusado de receber R$ 20 milhões em propina em contratos da BR Distribuidora.Dilma Rousseff: o impeachment por crime fiscalSucessora de Lula, Dilma Rousseff (PT) perdeu o mandato em 2016 após um processo de impeachment por crime de responsabilidade. A acusação se baseou nas chamadas “pedaladas fiscais” — atrasos propositais no repasse de verbas a bancos públicos para o pagamento de programas sociais, o que foi considerado um empréstimo ilegal ao governo — e na edição de decretos de crédito suplementar sem autorização do Congresso. Anos depois, a Justiça Federal arquivou uma ação sobre o caso por não identificar dolo (intenção).Lula: a prisão e a anulação pelo STFLuiz Inácio Lula da Silva (PT) foi condenado e preso no âmbito da Operação Lava Jato. As principais acusações, de corrupção e lavagem de dinheiro, envolviam o recebimento de um apartamento triplex no Guarujá e reformas em um sítio em Atibaia, supostamente pagos por empreiteiras em troca de contratos na Petrobras. Após passar 580 dias preso, Lula teve suas condenações anuladas pelo STF em 2021. O tribunal entendeu que a Vara de Curitiba não tinha competência para julgar os casos e, posteriormente, declarou a parcialidade do então juiz Sergio Moro, o que restaurou os direitos políticos do petista.Michel Temer: a prisão pós-mandatoVice de Dilma, Michel Temer (MDB) assumiu a presidência após o impeachment. Ao final de seu mandato, em 2019, foi preso preventivamente em um desdobramento da Lava Jato. O Ministério Público Federal o acusou de liderar uma organização criminosa que teria negociado propinas por décadas, com um dos casos ligados a desvios nas obras da usina nuclear de Angra 3. Temer sempre negou as acusações.Jair Bolsonaro: a condenação por tentativa de golpeO caso mais recente envolve Jair Bolsonaro (PL). Em setembro de 2025, a Primeira Turma do STF o condenou a 27 anos e 3 meses de prisão por um conjunto de crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Segundo a acusação, ele liderou uma trama para desacreditar o processo eleitoral e planejar uma ruptura institucional para se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022.The post Crises e condenações: 5 dos 8 presidentes pós-ditadura foram alvo da Justiça appeared first on InfoMoney.