A família do renomado autor Manoel Carlos, de 92 anos, entrou com uma ação judicial contra a Globo, acusando a emissora de não ser transparente nos pagamentos relacionados aos direitos autorais de suas obras. O processo foi movido pela produtora Boa Palavra, fundada pela atriz Julia Almeida, filha de Manoel Carlos, e tramita na 21ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). A informação foi divulgada pelo colunista Gabriel Vaquer, do Outro Canal.Segundo os documentos apresentados, a Boa Palavra afirma que a Globo não tem fornecido informações detalhadas sobre os valores recebidos com reprises de novelas, licenciamentos internacionais e remakes de suas obras. A produtora alega que, apesar das tentativas de diálogo com a emissora, não obteve respostas satisfatórias. “Para surpresa e decepção da Boa Palavra, a Requerida (Globo), até a presente data, não presta contas corretamente, mas apenas informa os valores pagos por cada obra. Os sucintos relatórios disponibilizados pela Requerida não fornecem nenhum elemento que permita à Boa Palavra verificar como foram calculados os valores pagos”, diz um trecho da ação.A família de Manoel Carlos, conhecido por novelas como História de Amor (1995) e Páginas da Vida (2006), afirmou que tentou, sem sucesso, abrir um canal de comunicação com a Globo. Diante da falta de resposta, a medida judicial se tornou necessária. “Pelos fatos e razões acima expostos, a Boa Palavra interpela a Requerida (Globo) para que preste contas dos pagamentos efetuados desde o ano de 2015 até a presente data, informando, para todos e cada um dos pagamentos detalhados”, conclui o documento.A ação foi motivada especialmente pela recente reprise de História de Amor, exibida nas tardes da emissora, e pelo remake de Páginas da Vida, que será produzido por uma TV de Portugal com autorização da Globo. De acordo com fontes próximas à família, a relação entre Manoel Carlos e a emissora já estava desgastada, principalmente por uma sensação de desvalorização do autor em sua fase final de carreira.O processo levanta uma discussão importante sobre os direitos autorais de roteiristas e autores de novelas clássicas, destacando a necessidade de maior transparência nos acordos financeiros entre emissoras e seus criadores. Agora, a Justiça será responsável por analisar o caso e decidir se a Globo deve prestar as informações exigidas pela família de Manoel Carlos.