América Latina enfrenta aumento de ciberataques; Brasil lidera em ameaças

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A América Latina é a região do mundo com o aumento mais acelerado de incidentes cibernéticos divulgados segundo o relatório Panorama de Ameaças da América Latina, elaborado pela Kaspersky, empresa especializada em segurança digital. Segundo o levantamento, que também traz dados do Banco Mundial, o número de incidentes na região aumentou cerca de 25% ao ano entre 2014 e 2023.Nos últimos 12 meses foram bloqueados mais de 726 milhões de ataques de malware — programas maliciosos que podem infectar computadores e celulares. Para ter uma ideia, isso equivale quase dois milhões de ataques por dia, ou 23 ataques a cada segundo. Em média, isso representa mais de uma infecção para cada pessoa na região.Entre os tipos de malware mais comuns estão:Adwares: programas que exibem anúncios indesejados e em grande quantidade nos dispositivos, atrapalhando o uso normal.Trojans: malwares que se disfarçam de programas legítimos para enganar o usuário e causar danos.Stealers: malwares especializados em roubar informações pessoais, como senhas e dados financeiros. Muitos desses foram desenvolvidos na própria América Latina.Segundo Fabio Assolini, diretor da equipe global de pesquisa e análise da Kaspersky para a América Latina, a região é um foco para ataques cibernéticos principalmente por fatores culturais e educacionais. Ele destaca que “o nível de educação das pessoas é baixo” e, além disso, que o latino é mais sociável e aberto, o que se reflete no ambiente digital, onde as pessoas tendem a confiar mais facilmente e a compartilhar informações pessoais sem a devida cautela.Os ataques usando malwares têm como principais alvos as instituições governamentais, que representam quase 42% dos casos. Outros setores bastante afetados são a indústria (18,87%), o varejo (4,47%), a educação (3,50%), a agricultura (3,03%), a saúde (2,69%) e a tecnologia da informação (1,83%),Outro tipo de ataque que segue disparando na região é o phishing — quando criminosos enviam mensagens falsas que induzem as vítimas a baixar aplicativos maliciosos e/ou compartilhar dados. Foram 1,29 bilhão de tentativas bloqueadas no último ano, quase o dobro do ano anterior. Destes, 553 milhões ou 42,8% ocorreram no Brasil.Leia mais: 1,3 bilhão de ataques em 2025: IA turbina phishing, velho conhecido da América LatinaFabio Assolini explica que, no Brasil há um fator agravante: a sensação de impunidade entre os criminosos. “O cara sabe que ele vai roubar, vai cometer os golpes e não vai ser preso”, afirma. Esse sentimento faz com que os criminosos não tenham medo de expor suas ações, o que contribui para o aumento dos ataques.O ransomware — um tipo de ataque que bloqueia o acesso aos dados da vítima e pede resgate para liberá-los — também aumentou, com mais de 1,1 bilhão de incidentes registrados.Os trojans bancários, que roubam dinheiro diretamente das contas, continuam sendo uma ameaça grave. Foram 1,8 milhão de ataques bloqueados. Só no Brasil as perdas com esse tipo de ataque foram estimadas em US$ 2 bilhões em 2024, segundo dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).Além disso, das 22 famílias de trojans mais comuns, dez são brasileiras, sendo que três delas são voltadas para celulares Android, mostrando que os criminosos estão focando cada vez mais em dispositivos móveis.Sobre a evolução das soluções de segurança, Fabio Assolini comenta que o modelo tradicional de proteção baseado apenas em antivírus já não é suficiente. “Hoje, o antivírus não é nem 50% da proteção”, explica, destacando que as empresas precisam de apoio e conhecimento aprofundado para entender os ataques e se preparar adequadamente, adotando múltiplas camadas de defesa.The post América Latina enfrenta aumento de ciberataques; Brasil lidera em ameaças appeared first on InfoMoney.