Investimentos “sob medida” estão transformando o mercado, sinaliza gestor da JGP

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O mercado financeiro está passando por uma transformação estrutural que pode redefinir a forma como investidores acessam produtos e empresas buscam crédito. Para Alexandre Muller, sócio e gestor responsável pelos fundos de crédito privado da JGP, essa dinâmica pode ser entendida como uma pirâmide. No topo, estão os fundos de alfa tradicional, baseados na habilidade de gestores em selecionar ativos, mas com pouca escalabilidade. Já no meio e na base, surgem alternativas que prometem maior alcance e personalização.“Os produtos de alfa tradicional não conseguem resolver boa parte da carteira dos investidores, porque não são escaláveis”, afirmou Muller em entrevista ao podcast Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo.“Por isso, a indústria evoluiu para alternativas que atingem maior escala e oferecem soluções mais customizadas”— Alexandre MullerSegundo ele, essa mudança se intensificou com a expansão dos produtos de beta tradicional, como ETFs, que democratizaram o acesso a diferentes classes de ativos com baixo custo. Mas a verdadeira fronteira de crescimento, destacou, está no alfa alternativo, que conecta investidores diretamente à economia real.A ascensão do “alfa alternativo”O gestor explica que, nos Estados Unidos, o private debt já consolidou esse movimento, oferecendo fundos temáticos, estruturas sob medida e capital adaptado a diferentes estágios de desenvolvimento empresarial.“As gestoras estão se aproximando da economia real, criando soluções específicas e trazendo retornos ajustados ao risco que não estão disponíveis em mercados líquidos”— Alexandre MullerNo Brasil, embora esse processo esteja em estágio inicial, sinais já aparecem em estruturas como fundos imobiliários, Fiagros e FIDCs. “Dificilmente o investidor conseguiria acessar sozinho um crédito estruturado de uma cooperativa no interior do Rio Grande do Sul. O fundo faz essa ponte, oferecendo diversificação e gestão profissional”, acrescentou.Além disso, o movimento responde a novas demandas sociais e ambientais. Muller citou o exemplo de um leilão recente voltado à recuperação de pastagens degradadas. “Se um produtor busca esse tipo de financiamento em um banco, dificilmente vai encontrar. Mas a demanda existe, e alguém precisa preencher essa lacuna. É aí que entram os fundos de crédito”, afirmou.Leia mais: Cordoni relembra circuit breakers e aponta paralelos com a era DilmaE também: XP Educação lança graduação inédita para formar especialistas em investimentosDesintermediação e competição com os bancosA expansão dos fundos também representa um avanço da desintermediação financeira, antes concentrada nos bancos. Para Muller, esse processo gera eficiência e maior competitividade. “Você aumenta a eficiência do mercado de crédito e cria um ambiente menos concentrado em poucos bancos. Isso reduz o spread médio de intermediação, o que é positivo para toda a economia”, avaliou.Dois fatores recentes impulsionaram esse movimento no Brasil: a digitalização e o período de juros baixos (antes da pandemia da Covid-19). “O Nubank (ROXO34), hoje o banco mais valioso da América Latina, não tem agência física. Há dez anos, isso parecia impossível. Ao mesmo tempo, a queda dos juros deu escala para os fundos de crédito, que passaram a fazer operações diretas de centenas de milhões de reais sem precisar da intermediação bancária”, observou.Nos Estados Unidos, o processo já chegou a grandes corporações. Muller lembrou que até a Meta (M1TA34), dona do Facebook e do Instagram, buscou financiamento diretamente em fundos, sem passar pelo sistema bancário.“Houve uma competição para financiar datacenters da Meta, e os vencedores foram dois fundos — a Blue Owl e a Pimco. Os bancos praticamente ficaram de fora”— Alexandre MullerLeia tambémLula: em vez de brigar, Trump deveria conhecer sistema interligado de energia do PaísLula também mandou outros recados a Trump, ao afirmar que o Brasil “tem dono” e que, no País, as coisas não são largadasTrump pede que UE imponha tarifas de 100% sobre China e Índia para pressionar PutinA China e a Índia são os principais compradores do petróleo russoBancos versus fundos: limites e flexibilidadesA diferença estrutural entre bancos e fundos explica o avanço desta nova dinâmica. “Quando um banco aprova R$ 300 milhões de exposição em um crédito, o impacto de uma eventual inadimplência é alavancado sobre o patrimônio, porque os bancos operam alavancados de cinco a nove vezes”, explicou Muller.Já os fundos têm maior liberdade para se expor a operações específicas.“Na JGP Crédito, administramos cerca de R$ 17 bilhões sem alavancagem. Isso significa que podemos assumir uma exposição de R$ 300 milhões em determinado grupo econômico sem comprometer a estrutura do fundo. É uma flexibilidade que os bancos não têm”— Alexandre MullerPara o gestor, a pirâmide do mercado financeiro está apenas no início de uma grande reconfiguração no Brasil. Mas a direção é clara: os fundos tendem a assumir papel cada vez mais relevante na conexão entre investidores e a economia real, em áreas antes exclusivas do sistema bancário.The post Investimentos “sob medida” estão transformando o mercado, sinaliza gestor da JGP appeared first on InfoMoney.