Entre os envolvidos no esquema robusto de fraudes em concursos públicos federais está uma enfermeira lotada no Hospital da Beneficência Portuguesa do Recife. As investigações da Polícia Federal (PF) apontam que a mulher, identificada como Erika de Matos Nunes, atuava como captadora de candidatos para integrar a rede criminosa.Erika é mãe de Lais Gisely Nunes de Araújo, 31 anos, a candidata “Gênio”. Ela é investigada pela PF por ser uma fraudadora que coleciona inúmeras vagas concorridas nacionalmente em certames públicos. Leia também Mirelle Pinheiro Cabos da PM: quem são os suspeitos de matar policial na porta de casa Mirelle Pinheiro Polícia prende criminosos que mataram policial na porta de casa Mirelle Pinheiro Candidata gênio: saiba quem é a “campeã de concursos” em tempo recorde Mirelle Pinheiro Made in USA: PF descobre maconha líquida escondida em uísque Lais acumula 14 registros por suspeitas de fraude. Formada em direito, ela já foi aprovada em medicina em uma Universidade Federal, cargo de assistente administrativo em uma instituição de ensino federal e em auditoria fiscal do trabalho por meio do Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024.Dinastia da fraudeMãe e filha não são as únicas investigadas ligadas por laços sanguíneos. Apontado como operador da fraude, o ex-policial militar Wanderlan Limeira de Sousa usou a fraude para beneficiar irmãos, filhos e sobrinhos: todos colecionam aprovações fraudulentas em certames de alto prestígio.Valmir Limeira de Souza, 53 anos, o filho do ex-PM, Wanderson Gabriel de Brito Limeira, 24, e a sobrinha dele, Larissa de Oliveira Neves (à esquerda), 25, também foram aprovados para o cargo de auditor fiscal do trabalho no CNU de 2024.A rede foi descoberta pela PF após uma denúncia anônima. Ao requisitar os gabaritos à banca organizadora, a PF encontrou a evidência definitiva: Wanderlan acertou 59 das 60 questões da prova no turno da manhã; o irmão dele, Valmir Limeira de Souza, fez a prova no turno da tarde e obteve o mesmo resultado. Ambos erraram exatamente as mesmas questões.A sobrinha dos dois, Larissa de Oliveira Neves, residente em São Paulo, mas que viajou até Patos para realizar a prova, também repetiu o padrão, errando apenas uma questão adicional em relação aos tios. O fenômeno se repetiu em outros nomes aprovados no mesmo cargo.Segundo a PF, a chance de coincidência fortuita entre tantos candidatos é “estatisticamente nula”. O Ministério Público Federal destacou em manifestação que a “coincidência extravagante, ocorrida justamente entre parentes próximos, reforça de forma quase absoluta a suspeita de fraude”.