A conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente americano, Donald Trump, por videoconferência na segunda-feira (6), é um “sinal construtivo” e sugere que a possibilidade de um acordo tarifário entre Brasil e Estados Unidos está na mesa de uma maneira que não estava um mês atrás, segundo avaliação de Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas do grupo Eurasia. Garman aponta que o contato bilateral sinaliza que a Casa Branca está repensando a estratégia de escalonar e aumentar sanções contra o Brasil. “Ambos os presidentes saíram da reunião com declarações construtivas e com um acordo de ter um encontro presencial em algum momento no futuro”, ressaltou. O diretor da Eurasia também destacou que o fator Trump é uma variável que pode gerar surpresa. “Sabemos que o presidente Trump depende muito dos seus próprios instintos. Então, um acordo preliminar para uma revisão das tarifas contra o Brasil pode até sair. Mas ainda assim é cedo para apostar nesse cenário. Eu até diria que é improvável”, afirmou. Para Garman, o principal obstáculo apontado é que a relação bilateral continua “contaminada pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro de um lado e a regulação das redes do outro”. Leia Mais Análise: Trump parece adotar tom mais racional nas negociações com Brasil Lula é orientado a manter discurso de soberania Análise: Escolha de Rubio sugere negociação dura Segundo Christopher Garman, ambos os temas são de grande importância para a Casa Branca e para diplomatas do Departamento de Estado. Além das questões políticas internas, o perfil do principal negociador dos EUA também é visto como um entrave. Garman observa que o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que lidera a negociação, tem um perfil mais político e uma “visão muito mais anti-esquerda na América Latina”. “Devido a essa característica, ele [Marco Rubio] não é o melhor interlocutor para tentar negociar um acordo com os dois países”, disse. “O cenário mais provável é que tudo fica como está: você tem um encontro presencial entre os dois países, mas não sai um acordo mais amplo para redução dessas tarifas”, enfatizou. No entanto, Garman concluiu sua análise com uma nota positiva sobre as expectativas futuras. “Apesar dos desafios, a chance de uma surpresa positiva certamente aumentou em relação há um mês”.