Que a esquerda nutre verdadeira aversão ao sobrenome Bolsonaro já não é novidade. Desde que Jair Bolsonaro rompeu o cerco das elites políticas tradicionais e chegou à Presidência da República em 2018, o establishment político brasileiro nunca mais dormiu em paz. O fenômeno foi tão improvável quanto impactante: um deputado considerado “azarão” virou presidente, derrotando partidos e lideranças que dominavam a cena política desde a redemocratização.Ainda que tenham conseguido afastá-lo da disputa por meio da inelegibilidade, a esquerda e o Centrão continuam convivendo com o fantasma do bolsonarismo. A vitória de Lula em 2022 foi apertada demais para um bloco político que acreditava estar eliminando de vez o “risco Bolsonaro”. O medo é evidente: o movimento bolsonarista segue vivo, mobilizado e com potencial de voltar ao poder por meio de novas lideranças.É justamente aí que surge a figura de Eduardo Bolsonaro. O deputado federal, apontado muitas vezes como o herdeiro político do pai, vem crescendo em visibilidade, sobretudo pela sua ligação direta com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Esse fator, por si só, já gera um incômodo imenso. Eduardo não é apenas um político brasileiro de direita, ele é um ator internacionalmente articulado, com trânsito em Washington, algo que nenhum outro presidenciável da atualidade ostenta com a mesma força.Bolsonaro e Trump – Foto: Alan Santos/PRO Centrão, acostumado a barganhar espaço e influências dentro do “teatro das tesouras”, expressão usada pelos bolsonaristas para designar o revezamento conveniente entre direita e esquerda tradicionais, teme que Eduardo quebre esse jogo. Uma eventual candidatura sua à Presidência poderia significar a continuidade pura do bolsonarismo, com bandeiras de austeridade fiscal, nacionalismo, combate ao fisiologismo partidário e defesa de valores conservadores. Para o Centrão, isso representa menos espaço para suas velhas práticas de sobrevivência política.Já a esquerda, por sua vez, sabe que a simples presença de Eduardo no cenário eleitoral reacende a chama do movimento bolsonarista. O filho de Bolsonaro representa o prolongamento de um projeto que Lula e seus aliados trabalham duro para sepultar. Eduardo fala a língua da base, se comunica com as redes sociais como poucos e mantém viva a conexão direta com a militância que fez de seu pai um fenômeno eleitoral sem precedentes.É por isso que tanto a esquerda quanto o Centrão tremem diante da possibilidade de Eduardo Bolsonaro ser candidato em 2026. Ele simboliza não apenas a resistência do bolsonarismo, mas sua renovação. E, nesse jogo político, uma candidatura sua não seria apenas uma peça no tabuleiro, seria um terremoto capaz de bagunçar todos os planos já em andamento para manter o poder nas mãos de quem sempre mandou no Brasil.Por Júnior Melo, OpiniãoO post Motivo do medo da esquerda e do Centrão acerca de uma candidatura de Eduardo Bolsonaro à Presidência apareceu primeiro em Terra Brasil Notícias.