Ex-militar da FAB e pai montaram central de atendimento para “gatonet”

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O ex-militar da Força Aérea Brasileira (FAB), Henrique Cardoso Reis da Cruz, 26 anos, e o pai dele, Reginaldo Reis da Cruz, 47, presos suspeitos de operar um esquema ilegal de comércio de pacotes de TV via internet, montaram uma central de atendimento remoto aos clientes na residência deles, em Samambaia Norte.O responsável pelo esquema, conhecido pelo nome comercial RegisTV, confirmou aos policiais ser o criador e administrador do domínio eletrônico, hospedado em servidor estrangeiro e utilizado como plataforma para comercialização de pacotes ilegais de TV.A dupla conseguiu burlar o sistema de segurança dos provedores das emissoras para disponibilizar a programação aos assinantes.“O pai criou uma plataforma na internet para disponibilizar os canais. Por meio do WhatsApp e do Telegram, eles divulgavam os serviços de venda. A pessoa que se interessava entrava em contato, e eles encaminhavam um link de um aplicativo. O usuário baixava esse aplicativo e, por meio de login e senha, tinha acesso a vários canais de TV aberta, fechada, filmes, séries e pay-per-view”, detalhou o delegado Ricardo Villafane, da Divisão de Análise de Crimes Virtuais.Reginaldo criou o esquema em meados de 2023, após adquirir, em fóruns e grupos especializados, chamados “painéis de distribuição” de listas IPTV (televisão via internet) — conhecidos no mercado paralelo como listas M3U.Inicialmente revendedor de uma TV por assinatura legalizada, o suspeito passou a vender os pacotes diretamente ao público, criando uma base de clientes que chegou a 160 assinantes ativos no último semestre. Os valores pagos pelos assinantes variaram entre R$ 17 e R$ 35, podendo chegar ao valor de R$ 200 pelo plano anual.Eles recebiam os pagamentos via Pix, configurando crimes de violação de direitos autorais e exploração clandestina de serviços de telecomunicações. Ambos estavam desempregados e utilizam o esquema como fonte de renda.“Eles não tinham receio de divulgar o serviço nas redes sociais. Em nenhum momento tentaram esconder suas identidades, forneciam seus nomes e até os próprios números de telefone. Os pagamentos também eram feitos diretamente em suas contas pessoais. Agiam de maneira muito acintosa e transparente”, comenta VillafaneO líder do esquema afirmou à polícia que faturava, em média, R$ 2 mil mensais. Ele admitiu que tinha ciência de que o serviço era irregular e não possuía autorização da Anatel, nem das empresas detentoras de direitos autorais.Henrique, por sua vez, serviu por seis anos como cabo da Força Área. Após deixar a carreira militar, ele passou a ajudar nas atividades de IPTV, gerenciando uma carteira menor, com cerca de 30 clientes ativos.Reginaldo e Henrique tiveram uma fiança arbitrada em R$ 3 mil e vão responder ao processo em liberdade. As investigações seguem para periciar os equipamentos utilizados pelos dois, além de identificar os usuários que se beneficiaram com o serviço.Eles foram autuados com base no Art. 183 da Lei Geral de Telecomunicações (Lei nº 9.472/1997), cuja pena prevista é de dois a quatro anos de detenção, além de multa.Alvos de operaçãoPoliciais civis da Divisão de Análise de Crimes Virtuais (DCV), da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor e Fraudes (Corf), prenderam pai e filho suspeitos de operar um esquema ilegal de IPTV (Internet Protocol Television).A prisão ocorreu nessa quarta-feira (8/10), em Samambaia.6 imagensFechar modal.1 de 6Momento da prisãoReprodução / PCDF2 de 6Computador dos investigadosReprodução / PCDF3 de 6Casa dos investigadosReprodução / PCDF4 de 65 de 6Os anúncios6 de 6Planos para os clientesDurante as diligências, a polícia identificou os responsáveis, coletou provas digitais e confirmou a prática reiterada da atividade ilícita. Domínios eletrônicos e meios de pagamento usados no esquema também foram localizados, permitindo aprofundar a investigação.A PCDF reforça que consumo e revenda de serviços clandestinos de IPTV configuram crime, sujeitando distribuidores e usuários a sanções penais e civis, além de prejudicar a arrecadação pública e a sustentabilidade das empresas legais do setor.