O relator do Orçamento de 2026, deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL), afirmou à CNN que eventuais mudanças na Lei Orçamentária Anual não serão feitas às pressas. Ele ressaltou que qualquer posicionamento agora seria “precoce”, já que precisa conversar com a equipe econômica e a peça orçamentária só precisa ser aprovada até dezembro.Após a derrota do governo com a queda da Medida Provisória que renderia ao menos R$ 17 bilhões aos cofres públicos no ano que vem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que conversaria com Isnaldo – um dos principais aliados do governo ao longo da tramitação da MP que não vingou.“Nós temos tempo. Vamos usar esse tempo para avaliar com muito cuidado cada alternativa. Vamos conversar com o relator do Orçamento porque isso tem um impacto orçamentário importante em emendas, em investimentos”, afirmou Haddad na quinta-feira (9).O relator confirmou que aguarda ser chamado pelo ministro e estar disposto a avaliar a situação. Inclusive, Isnaldo deve se reunir com a senadora Professora Dorinha Seabra (União Brasil-TO), relatora da receita no Orçamento de 2026, nos próximos dias.Ele reforçou que não tomará nenhuma atitude tida como precipitada, até porque a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) referente a 2026 não foi votada ainda. A expectativa é que seja analisada em sessão conjunta do Congresso até a semana que vem.De todo modo, com a arrecadação comprometida e a necessidade de manter o equilíbrio fiscal, o governo e a base estudam saídas que recuperem ao menos parte dos R$ 17 bilhões.Entre as possibilidades aventadas estão o corte de emendas parlamentares, apresentação de novos projetos de lei, inclusão de temas mais consensuais em textos já em tramitação, decretos com aumentos do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), por exemplo. Ainda, o uso de normas infralegais para evitar a necessidade de tramitação no Congresso.O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), apresentou nesta quinta um projeto que eleva a taxação sobre casas de apostas online, as chamadas bets, dos atuais 12% para 24% – seis pontos percentuais a mais do que o próprio governo previa inicialmente.A taxação de receitas em cima de ganhos de casas de apostas era um dos pilares da MP vencida e agora o PT busca voltar com a pauta em uma alíquota ainda maior.Aliados do presidente da República também pretendem tocar um projeto de corte de benefícios fiscais que já está em tramitação na Câmara.A edição neste ano de uma nova Medida Provisória, ainda que mais enxuta e com pontos consensuais, é considerada improvável, devido às limitações legais e ao calendário legislativo apertado.