Nobel de Física: entenda pesquisa que recebeu prêmio em 2025

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O Prêmio Nobel de Física de 2025 foi concedido a um trio de cientistas – um britânico, um francês e um americano – por suas descobertas revolucionárias no campo da mecânica quântica.John Clarke, Michel Devoret e John Martinis dividirão o prêmio “pela descoberta do tunelamento mecânico quântico macroscópico e quantização de energia em um circuito elétrico”, anunciou o Comitê Nobel nesta terça-feira em cerimônia realizada em Estocolmo, Suécia. Leia mais Quem são os vencedores do Prêmio Nobel de Medicina 2025? Brasileiros que já foram indicados ao Nobel de Física, Química e Medicina Entenda descoberta que venceu o Prêmio Nobel de Medicina 2025 O comitê elogiou os laureados por demonstrarem que as “propriedades bizarras do mundo quântico podem se tornar concretas em um sistema grande o suficiente para ser segurado nas mãos.”Clarke, respondendo a perguntas em uma entrevista coletiva, disse que ficou “completamente surpreso” ao saber que havia ganhado o prêmio.“Não havíamos percebido de forma alguma que isso poderia ser a base de um Prêmio Nobel”, disse Clarke sobre sua pesquisa na década de 1980 na Universidade da Califórnia, Berkeley.A mecânica quântica, que descreve como a matéria e a energia se comportam na escala de um átomo ou abaixo dela, permite que uma partícula passe diretamente por uma barreira, em um processo chamado de “tunelamento”.Mas quando um número maior de partículas está envolvido, esses efeitos da mecânica quântica geralmente se tornam insignificantes. O que é verdade no nível microscópico não era considerado verdade no nível macroscópico. Por exemplo, enquanto um único átomo consegue atravessar uma barreira, uma bola de tênis – composta por uma enorme quantidade de partículas – não consegue.When you throw a ball at a wall, you can be sure it will bounce back at you.You would be extremely surprised if the ball suddenly appeared on the other side of the wall. In quantum mechanics this type of phenomenon is called tunnelling and is exactly the type of phenomenon that… pic.twitter.com/dRBTzdS59C— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 7, 2025No entanto, o trio de pesquisadores conduziu experimentos para mostrar que o tunelamento quântico também pode ser observado em escala macroscópica.Em 1984 e 1985, o trio desenvolveu um sistema elétrico supercondutor que podia passar de um estado físico para outro, como se uma bola de tênis pudesse passar direto por uma barreira e não quicar de volta.Anthony Leggett, que ganhou o Prêmio Nobel de Física em 2003, comparou o trabalho dos laureados sobre como a mecânica quântica funciona em uma escala maior ao famoso experimento mental de Erwin Schrödinger, outro laureado em física.Para demonstrar a natureza paradoxal da mecânica quântica, Schrödinger imaginou um gato em uma caixa lacrada com um dispositivo que libera veneno quando uma fonte radioativa decai. Como não há como observar se o gato está vivo ou morto, Schrödinger postulou que o gato estava vivo e morto simultaneamente – assim como, na mecânica quântica, um sistema pode existir em múltiplos estados ao mesmo tempo até ser medido.O experimento mental de Schrödinger teve como objetivo mostrar o absurdo dessa situação, porque a mecânica quântica não faz sentido na escala de objetos cotidianos, como um gato.Leggett argumentou, no entanto, que os experimentos conduzidos por Clarke, Devoret e Martinis mostraram que há fenômenos em escalas maiores que se comportam exatamente como a mecânica quântica prevê.Clarke disse que a pesquisa ajudou a abrir caminho para avanços tecnológicos, como a criação do telefone celular.“Não há tecnologia avançada usada hoje que não dependa da mecânica quântica, incluindo telefones celulares, câmeras… e cabos de fibra óptica”, disse o comitê do Nobel.No ano passado, o prêmio foi concedido a Geoffrey Hinton – frequentemente chamado de “Pai da IA” – e John Hopfield, por suas descobertas fundamentais em aprendizado de máquina, que pavimentaram o caminho para como a inteligência artificial é utilizada atualmente.Em 2023, o prêmio foi para um trio de cientistas europeus que utilizou lasers para compreender o movimento rápido dos elétrons, algo anteriormente considerado impossível de acompanhar.O prêmio inclui uma premiação em dinheiro de 11 milhões de coroas suecas (1 milhão de dólares).