Após o revés na Câmara dos Deputados, o Ministério da Fazenda iniciou um movimento para reorganizar a estratégia fiscal e política.A ordem agora é combinar comunicação direta com a população, ajustes regulatórios e a retomada de projetos legislativos com potencial arrecadatório que já contam com articulação avançada no Congresso.O foco é mostrar que o governo ainda tem cartas na manga para sustentar a meta de superávit primário de 0,25% do PIB em 2026, mesmo sem a medida que elevava tributos sobre aplicações financeiras, bancos, fintechs e apostas eletrônicas (bets). Leia Mais Lula reclama de rejeição de MP alternativa ao IOF pelo Congresso Ao lado de Galípolo, Haddad diz esperar taxa de juros "diferente" em 2026 IFI vê esgotamento fiscal e alerta para novo pacto entre União e entes A frente mais imediata é a comunicação pública, que começou pelo Partido dos Trabalhadores e se estendeu à comunicação do Ministério da Fazenda. Na quinta-feira (9), o ministro Fernando Haddad lançou nas redes um vídeo em que associa a derrota da MP 1303 à resistência dos setores de alta renda e pede apoio da sociedade para “enfrentar privilégios e manter o equilíbrio fiscal sem abrir mão da justiça social”. O material, produzido pela pasta, é o primeiro passo de uma campanha que deve se estender nas próximas semanas, com peças voltadas a diferentes públicos.As próximas fases serão apresentadas e decididas em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad, Gleisi Hoffmann (SRI) e o ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), Sidônio Palmeira, responsável por campanhas de linguagem popular nas redes sociais.O objetivo é resgatar o discurso de justiça tributária, e convencer a sociedade de que o objetivo é taxar privilégios, e não punir investimentos.Análise: Alta do dólar sinaliza onda positiva passando | Fechamento de MercadoParalelamente, a equipe econômica quer avançar com pautas paradas no Congresso que podem recompor receitas ou reduzir gastos tributários. A principal delas é o corte linear de benefícios fiscais, proposta que o governo pretende viabilizar por meio da unificação dos textos relatados por Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e do líder do PT na Câmara, Zé Guimarães (CE).A ideia é reduzir de forma proporcional — em torno de 10% — o total de renúncias fiscais federais, preservando exceções como o Simples Nacional e a Zona Franca de Manaus. O texto relatado por Aguinaldo cria critérios objetivos e avaliação periódica para a concessão de incentivos, exigindo comprovação de retorno econômico e social. Já o projeto de Guimarães inclui o corte linear e a responsabilização solidária de terceiros no recolhimento de tributos sobre bets.Mesmo após resistências iniciais, Aguinaldo já sinalizou que deve apensar o texto de Guimarães ao seu relatório, abrindo caminho para um projeto único de “racionalização das renúncias fiscais”. Contenção de despesas é o melhor caminho sem MP do IOF, diz head de macro do ASA | Money NewsOs valores estimados de arrecadação, R$ 19,8 bilhões, já foram incluídos no PLOA 2026 como receita condicionada, o que reforça que o governo conta com a aprovação da proposta para garantir parte do equilíbrio fiscal do próximo ano.Além dessa frente legislativa, a Fazenda prepara ajustes regulatórios via CMN (Conselho Monetário Nacional) para conter a expansão de LCI, LCA, CRI e CRA, que vêm competindo com títulos públicos e pressionando a rolagem da dívida. A Receita Federal também trabalha em atos infralegais para coibir compensações tributárias irregulares e estuda uma nova medida provisória de escopo restrito, voltada exclusivamente à arrecadação imediata.Outros projetos também voltaram ao radar como parte do pacote das 25 medidas prioritárias da Fazenda apresentadas por Haddad a Lula no começo do ano. Entre eles, a Lei de Falências, que moderniza os processos de recuperação judicial e pode acelerar a recuperação de créditos públicos; o projeto do devedor Contumaz, que define critérios para punir devedores contumazes e premiar bons contribuintes; e a proposta de limitação dos supersalários, que reduz gastos e melhora a eficiência orçamentária.Varejo: como empreendedores podem acompanhar tendências