Shutdown nos EUA: Trump acena a democratas em meio a impasse orçamentário

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Com o fechamento parcial do governo dos Estados Unidos se aproximando de uma semana, o presidente Donald Trump deu sinais de ceder nesta segunda-feira (6), ao enviar mensagens contraditórias sobre o andamento das conversas com os democratas a respeito de sua principal exigência.Após dias afastado das negociações, Trump afirmou estar disposto a discutir com os democratas os subsídios de saúde — ponto central do impasse — para encerrar o bloqueio orçamentário, chegando a sugerir que as tratativas já haviam começado.As declarações marcaram uma mudança de tom depois de dias em que republicanos vinham sustentando que só considerariam a extensão dos subsídios do Obamacare depois que os democratas aprovassem a reabertura do governo. O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, reagiu rapidamente, dizendo em nota que, embora não houvesse conversas em andamento, “se ele finalmente estiver pronto para trabalhar com os democratas, estaremos à mesa”.Horas depois, Trump recuou. “Estou disposto a trabalhar com os democratas em suas fracassadas políticas de saúde, ou em qualquer outra coisa, mas antes eles precisam permitir que nosso governo reabra”, escreveu em uma rede social.Mesmo assim, o simples fato de o presidente admitir a possibilidade de negociar indicou aumento da pressão dentro da Casa Branca, enquanto servidores federais se preparam para perder o pagamento e pesquisas mostram que os republicanos são vistos como os principais responsáveis pelo impasse.No Congresso, porém, a incerteza permaneceu. Parlamentares de ambos os partidos terminaram o dia sem saber se as declarações de Trump representavam uma abertura real ou apenas mais um movimento retórico que deixava tudo como estava.No curto prazo, nada mudou em Washington. No fim do dia, o Senado realizou a quinta votação de um projeto para manter o governo aberto até 21 de novembro. Assim como nas quatro tentativas anteriores, a proposta foi rejeitada.Disputa por vantagem políticaAs declarações de Trump foram o primeiro sinal de movimento após dias de paralisia. Até então, ele vinha repetindo o discurso republicano que culpava os democratas pela paralisação. O presidente também reiterou que pretendia aproveitar o fechamento para demitir milhares de servidores federais — normalmente dispensados temporariamente durante shutdowns —, mas não apresentou um cronograma, limitando-se a dizer que “em algum momento” isso levará a cortes permanentes.A paralisação suspendeu os serviços públicos não essenciais, deixou centenas de milhares de americanos sem salário e restringiu o acesso a serviços governamentais. A pressão tende a crescer à medida que servidores deixarem de receber em 10 de outubro e militares ficarem sem pagamento em 15 de outubro.Mais cedo, a porta-voz Karoline Leavitt afirmou que Trump tem mantido contato com líderes republicanos, mas disse não ter conhecimento de qualquer aproximação com democratas.Republicanos da Câmara e do Senado acreditam ter vantagem na disputa de narrativa e, por isso, não veem motivo para negociar. A posição do partido é quase unânime: o governo precisa reabrir antes que se iniciem conversas sérias sobre saúde.Os democratas, por sua vez, defendem que qualquer medida para reabrir o governo deve incluir a renovação dos subsídios do Affordable Care Act, que expiram no fim de 2025, além da reversão de cortes no Medicaid incluídos na lei orçamentária sancionada por Trump em seu segundo mandato.“Nada para negociar”“Não há nada para negociar. A Câmara já fez sua parte”, declarou o presidente da Câmara, Mike Johnson, republicano da Louisiana.O líder da maioria no Senado, John Thune, de Dakota do Sul, afirmou que pretende continuar colocando em votação o mesmo projeto aprovado pela Câmara até que os democratas cedam. Segundo ele, a fala de Trump apenas reforça que o presidente está disposto a negociar “quando o governo estiver aberto” — posição alinhada à sua e à de Johnson.Vários republicanos indicaram ainda que, em negociações futuras, pretendem atrelar os subsídios a “reformas” na lei de saúde — medidas não detalhadas, mas que podem incluir restrições à elegibilidade dos beneficiários.Democratas pediram que o partido rival reavalie sua postura. A senadora Patty Murray, de Washington, afirmou em uma rede social que “o único caminho possível” começa com Johnson e Thune dialogando com seus pares democratas. “Precisamos de um acordo que reabra o governo e impeça a duplicação dos prêmios de seguro”, escreveu.Thune reconheceu que há opiniões divergentes entre republicanos sobre o Obamacare e que qualquer solução dependerá, no fim, da decisão da Casa Branca.Cresce a pressãoO líder republicano também disse duvidar que os democratas cedam apenas com a promessa de uma votação futura. “Eles querem um resultado garantido”, afirmou.Mesmo com a resistência das lideranças, parlamentares republicanos de base discutem possíveis saídas. A senadora Susan Collins, do Maine, disse estar em conversas informais sobre um compromisso que incluiria novos limites de renda, mas reforçou que o governo precisa reabrir antes de qualquer acordo.“Há algumas conversas” com democratas, disse o senador Markwayne Mullin, de Oklahoma. “Trump é o mestre dos acordos. Ele quer fazer um acordo.” Acrescentou, porém: “Mas não estamos negociando a reabertura do governo.”À medida que o tempo passa, a pressão aumenta.A deputada Marjorie Taylor Greene, republicana da Geórgia conhecida por sua postura linha-dura, afirmou que seus filhos adultos enfrentarão prêmios de seguro que podem dobrar se os créditos fiscais não forem renovados e criticou a falta de uma estratégia do partido para conter o aumento dos custos.Em uma publicação contundente, Greene classificou a situação atual como “vergonhosa”, dizendo que “nossas leis e políticas prejudicam tanto o povo americano que o governo está fechado neste momento por causa de questões básicas como essa”.© 2025 Bloomberg L.P.The post Shutdown nos EUA: Trump acena a democratas em meio a impasse orçamentário appeared first on InfoMoney.