O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), usou as redes sociais, nesta terça-feira (7/10), para pedir desculpas após ter feito uma brincadeira, durante coletiva de imprensa sobre os casos de contaminação por metanol. O estado já registra 3 mortes, 18 casos confirmados e 158 investigados.Na segunda (6/10), ao comentar sobre ações da sua gestão para conter a crise, ele disse que as bebidas contaminadas são alcoólicas, o que não seria a “praia” dele porque ele é viciado em Coca-Cola. “No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar.” Leia também Brasil O que diz a Coca-Cola sobre contaminação de metanol em refrigerantes São Paulo Metanol: SP chega a 3 mortes, 18 casos confirmados e 158 investigados São Paulo Metanol: operação em adegas de Rio Preto aplica multas e cancela CNPJ São Paulo Quem era mulher que morreu após beber metanol em bar de São Paulo Após a repercussão negativa da fala, Tarcísio gravou um vídeo no qual disse “não ter compromisso com o erro” e pediu desculpas aos parentes de vítimas e comerciantes que enfrentam dificuldades em razão da crise deflagrada pela adulteração de bebidas.“Governar é trabalhar todos os dias, enfrentar grandes desafios, dar o nosso melhor e saber reconhecer quando erramos. Peço perdão pela colocação inoportuna neste momento e seguirei me dedicando ao máximo para cuidar das pessoas com dignidade e compromisso, como sempre fiz em toda a minha vida”, escreveu o governador — que se aprofundou no pedido de perdão em vídeo. “Errei”. Veja: Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Tarcísio Gomes de Freitas (@tarcisiogdf)“No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar”, brincou TarcísioA fala do governador ocorreu enquanto Tarcísio mencionava as empresas do ramo que se mobilizaram em força-tarefa contra a falsificação das bebidas. Segundo o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), a adição de etanol contaminado com metanol para a fabricação de bebidas falsas é a principal hipótese das investigações da Polícia Civil.“Estavam aqui os fabricantes – todos os maiores fabricantes, players do Brasil, estavam na mesa. Que fabricam as bebidas mais famosas, que são objetos de fabricação, [como] Jack Daniel’s, Johnnie Walker. Enfim, todas essas bebidas que são objetos de falsificação. Não vou me aventurar aqui nessa área, porque não é minha praia, tá certo? No dia que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar. Ainda bem que ainda não chegaram a esse ponto”, brincou Tarcísio, que diz não consumir bebida alcoólica e ser viciado em Coca-Cola “normal”.Antes da entrevista, o governador reuniu o Gabinete de Crise montado para o enfrentamento dos casos de intoxicação por metanol. Estavam presentes representantes das pastas de Saúde, Segurança Pública, Justiça e Cidadania, Desenvolvimento Econômico, Fazenda e Planejamento.Também participaram representantes do ramo de bebidas; entre eles: Brown-Forman (Jack Daniel’s), Bacardi, Diageo (Johnnie Walker e Smirnoff), PernordRicard (Absolut) e Beam Suntory (Jim Beam).Os fabricantes deverão ajudar o governo do estado no treinamento de agentes públicos e comerciantes para a identificação de falsificações. Além de se encontrar com os representantes das empresas, o governador deve se reunir com o setor de bares e restaurantes.Ações do governoNesta segunda, o governo Tarcísio anunciou um conjunto de ações em parceria com associações do setor de bebidas alcoólicas para ampliar o combate à falsificação no estado. Entre elas, um convênio com as empresas para realizar treinamento de agentes públicos e comerciantes para o combate as falsificações, além de campanhas de orientação para que o consumidor saiba identificar bebidas seguras.Outras ações propostas são endurecer as leis sobre falsificação e comercialização irregular de produtos, pedido à Justiça para a destruição dos estoques apreendidos, como bebidas sem comprovação de procedência ou adulteradas, selos falsos e garrafas, para garantir a segurança do setor e da população, e criação de um canal direto de denúncia para comerciantes que suspeitarem de irregularidades nas bebidas recebidas, permitindo que se manifestem preventivamente e evitem sanções como a cassação da inscrição estadual.InvestigaçõesDesde o início da última semana, o Brasil enfrenta um surto de intoxicações por metanol, que já afeta 12 estados. Na terça-feira (30/9), a Polícia Federal (PF) começou a apurar os casos.As primeiras investigações apontam que quadrilhas especializadas em adulteração de bebidas alcoólicas podem estar por trás da crise. Há uma controvérsia, contudo, em relação ao envolvimento de facções criminosas.Na semana passada, o governador Tarcísio de Freitas negou existirem evidências que apontem a possibilidade de participação do Primeiro Comando da Capital (PCC) nos casos de adulteração.A Polícia Federal, contudo, ainda não descartou uma ligação com o crime organizado.16 imagensFechar modal.1 de 16O governador Tarcísio de Freitas e o secretário Guilherme Derrite dão coletiva sobre a crise do metanol em SPJoão Valério / Governo do Estado SP2 de 16O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)3 de 16Estabelecimentos que venderam bebidas com metanol serão interditadosReprodução4 de 16Marcelo S. Camargo/FUSSP5 de 16Metanol na bebida: SP registrou nove casos e duas mortes em 25 diasGetty Images6 de 16Destilados estão sendo adulterados com uso de metanolGetty Images7 de 16Governo de SP cita cuidados para evitar contaminação por metanol em bebidas alcoólicasDivulgação/Governo de São Paulo8 de 16MPSP abre investigação por adulteração de bebidas alcoólicas em Araçatuba, interior paulistaDivulgação/MPSP9 de 16Fiscalização do ProconPablo Jacob/Governo de SP10 de 16Autoridades paulistas realizam operações contra a intoxicação por metanol em bebidasDivulgação/ Governo do Estado de São Paulo11 de 16Polícia de SP diz que investiga quatro casos de contaminação por metanol na capital e mais quatro na Grande SPDivulgação/ Governo do Estado de São Paulo12 de 16Duas pessoas foram presas suspeitas de envolvimento em intoxicação por metanolDivulgação/ Governo do Estado de São Paulo13 de 16MetanolGetty Images14 de 16Metanol: morte na Bahia é 60º caso suspeito de intoxicação no BrasilReprodução15 de 16Intoxicação por metanol: Unicamp aponta falta de antídotos no BrasilReprodução16 de 16Estabelecimento nos Jardins é interditado pelas autoridades sanitárias após caso de intoxicação de bebidas com metanolWilliam Cardoso/MetrópolesIntoxicação por metanolDados deste domingo (5/10) do Ministério da Saúde apontam 225 casos de intoxicação por metanol no Brasil após ingestão de bebida alcoólica, entre investigados e confirmados.Em todo o país, são 16 casos confirmados e 209 em investigação. Do total de registros, segundo o último boletim do ministério, 192 são em São Paulo (14 confirmados e 178 em investigação).O estado também lidera o número de mortes, com nove casos — dois confirmados na capital e sete sob investigação. Dos óbitos ainda apurados, quatro são na cidade de São Paulo, dois em São Bernardo do Campo, e um em Cajuru, no interior paulista.