As ações da Oranje BTC (OBTC3), empresa que se define como uma Bitcoin Treasury Company, estrearam na B3 na terça-feira (7) e acumulavam alta de 1,4% até a manhã desta quarta (8). O desempenho discreto marca a chegada da segunda companhia listada na América Latina com estratégia voltada ao Bitcoin, e a primeira dedicada exclusivamente a esse propósito, sem operações fora do ecossistema cripto.A Oranje BTC conta com 155,3 milhões de ações ordinárias, sendo 14% nas mãos de fundadores e executivos, com lock-up de dois anos. Ela nasce com 3.675 BTC em tesouraria (R$ 2,4 bilhões, aproximadamente) e tem como propósito acumular mais moedas ao longo do tempo, utilizando instrumentos de mercado de capitais, como emissões de ações, debêntures conversíveis e dívidas, para ampliar o número de bitcoins por ação. A ideia é vender apenas o necessário para cobrir despesas ou amortizar dívidas.O papel tende a ter volatilidade ainda maior que o próprio ativo digital, já que sua estrutura de capital funciona como um “amplificador mecânico” das oscilações do Bitcoin, explicam analistas do Itaú BBA.A listagem da Oranje BTC ocorreu por meio de um IPO reverso, via aquisição e incorporação da Intergraus S.A., tradicional cursinho paulista do grupo Bioma Educação. A operação não envolveu oferta primária nem definição prévia de preço de estreia.O modelo da Oranje é inspirado na americana MicroStrategy (MSTR), que inaugurou o conceito de companhias com tesouraria integralmente em Bitcoin. Hoje avaliada em cerca de US$ 100 bilhões, a empresa de Michael Saylor é referência global dessa estratégia e opera com múltiplos próximos de 1,5 vez o valor de suas reservas.A Oranje pretende replicar essa lógica, usando o mercado de capitais para alavancar a compra de novas moedas. Em entrevista ao InfoMoney em setembro, o CEO e fundador Guilherme Gomes, ex-Bridgewater, disse que o objetivo da Oranje é “acelerar a adoção do Bitcoin no mercado brasileiro em duas frentes”: uma financeira, via tesouraria, e outra educacional, por meio de cursos e conteúdos sobre o ativo digital.“Acho que a MicroStrategy criou um novo modelo de companhias com Bitcoin em tesouraria, que emitem diversos tipos de títulos financeiros para se recapitalizar e continuar comprando o ativo. Nosso intuito é muito parecido”, afirmou Gomes.O conselho é presidido por Joshua Gregory Levine (ex-BlackRock e Bridgewater) e traz nomes conhecidos no Brasil, como Fernando Ulrich e Julio Capua (ex-sócio da XP). Entre os investidores figuram Cameron e Tyler Winklevoss (Gemini), Adam Back, Ricardo Salinas (Banco Azteca) e fundos como Off the Chain Capital e ParaFi Capital.Para o Itaú BBA, a tese da Oranje pode atrair investidores que buscam exposição alavancada ao Bitcoin via bolsa, mas seu sucesso depende inteiramente da valorização da criptomoeda e do acesso contínuo ao mercado de capitais.“O maior risco é a falta de condições de levantar capital ou de operar em um ambiente desfavorável”, diz o banco. “O negócio só cria valor se o preço do Bitcoin subir.”Na manhã desta quarta-feira (8), o Bitcoin era negociado perto de US$ 121 mil, estável nas últimas 24 horas, o que ajuda a explicar a estreia contida da OBTC3 e o contraste com a forte reação da Méliuz, que subia quase 6%, a R$ 4,49, após o anúncio de um programa de recompra de até 9,1 milhões de papéis, equivalente a 10% do free float.The post Oranje BTC (OBTC3) estreia na Bolsa com ação em alta e caixa com R$ 2,4 bi em Bitcoin appeared first on InfoMoney.