O marketing da Samsung quer te convencer de que o Galaxy A17 5G foi feito para durar e vai ser o seu primeiro smartphone com IA. Eu, que passei mais de duas semanas usando-o como se fosse meu, digo o seguinte: por mais que tenha, sim, coisas boas que até justifiquem o marketing, ele é uma má escolha para a maioria das pessoas agora, com esse preço de lançamento. Mesmo quando o valor baixar daqui a alguns meses, ainda fará pouco sentido.Vem comigo que eu explico tudo sobre ele e porque eu digo isso!Design e biometriaDois anos atrás eu fiz o review do TCL 30 5G, e naquela época eu já tinha dito que o recorte em forma de gota para a câmera frontal e o queixo grosso abaixo da tela me lembravam celulares antigos, lá de 2019. Cá estamos em 2025 e o A17 5G é igualzinho de frente. Pelo menos o resto do design evoluiu um pouco para padrões modernos.O acabamento do corpo é fosco, não mais brilhante, o que esconde melhor marcas de dedos. O módulo de câmera é o único desnível, sem degraus adicionais para cada câmera e, para mim, isso é melhor do que muito top de linha, inclusive da Samsung.A traseira é de fibra de vidro, o corpo de plástico, há certificação IP54 e a tela vem protegida pelo Gorilla Glass Victus. Tem tudo para ser resistente, mas ainda é bom usar capinha e película para proteger melhor. O leitor de digitais fica na lateral, no botão de energia, e é bom: rápido e preciso.CâmerasAs câmeras são basicamente iguais às do ano anterior: principal de 50 MP, ultrawide de 5 MP e macro de 2 MP. A única evolução está no sensor principal, que agora tem estabilização óptica (OIS). Durante o dia, as fotos na principal saem muito boas em geral, mas o HDR não é excelente. O zoom digital é apenas OK, perdendo nitidez. À noite, a câmera principal até se vira na maioria das vezes, mas já mostra ruído e baixo contraste. Dá para resolver usando o modo noturno, que melhora bastante as imagens, mas você precisa lembrar de ativar manualmente. E se tiver objetos em movimento, eles vão acabar borrados. A ultrawide entrega fotos OK durante o dia, mas com pouco detalhamento e nitidez. À noite, tudo fica meio borrado. Já a macro de 2 MP está ali só para encher linguiça, porque mesmo nas melhores condições de luz o resultado é meia-boca. A câmera de selfies, de 13 MP, é boa para a faixa de preço: faz ótimas fotos durante o dia, mas no escuro as imagens ficam cheias de ruído sem flash, e o modo noturno não ajuda. Usar a tela como flash, por outro lado, dá resultados decentes, desde que você não dê muito zoom depois.Para vídeos, nada de 4K — o máximo é Full HD. A estabilização da principal traseira é aceitável, mas ainda deixa passar uns chacoalhões se você estiver andando. Já a frontal grava em FHD com boa qualidade, mas treme bastante com movimento.HardwareAqui a Samsung não trouxe nenhuma novidade: o processador é o mesmo Exynos 1330 do A16 5G. E sim, é um chip fraco. Não chegou a travar comigo, mas frequentemente mostra engasgos durante o uso normal. O problema é que, por vezes, esses engasgos são fortes o suficiente para atrapalhar mesmo. E olha que testei com poucas semanas de uso, então dá para imaginar como deve ficar após um ano. Ele até consegue rodar jogos, inclusive alguns pesados como Diablo Immortal, mas só com os gráficos no mínimo e, mesmo assim, o desempenho é longe do ideal.A tela tem bom brilho para a maior parte do tempo, mas sofre com conteúdos escuros sob sol forte direto. O áudio também não ajuda: há apenas um alto-falante mono voltado para baixo, que distorce em volumes mais altos.SoftwareO A17 5G chega com a OneUI 7 (Android 15) na caixa e promessa de seis atualizações do sistema e seis anos de updates de segurança. Mas eu realmente duvido que alguém aguente usar esse celular por tanto tempo.Ele tem o “Circule para Pesquisar” e o Gemini no botão físico, mas não traz os outros recursos da Galaxy AI. O detalhe é que o A06 e o A16 também ganharam essas mesmas funções depois de atualizados para a mesma versão do sistema, então não é exclusividade do A17.Ele conta com vários outros recursos tradicionais da Samsung, como o Multicontrole, que permite usar o teclado, mouse ou touchpad do notebook Samsung para interagir também com o celular. Mas algumas funções ficam de fora, como o Modo DeX. No geral, a interface continua ótima, mas o desempenho do aparelho atrapalha bastante a fluidez da experiência.BateriaA bateria é de 5.000 mAh e tem duração boa, mas não excelente. Com uso moderado — mensageiros, redes sociais, vídeos, uns joguinhos leves e algumas fotos e vídeos — ele fecha o dia com pouco mais de sete horas de tela ligada, mas chega ao final com menos de 10% de carga sobrando. Já em uso intenso, incluindo uma horinha de jogo online pesado como Diablo Immortal (mesmo nos gráficos no mínimo), a bateria foi embora no meio da tarde e precisei recarregar.O carregador incluso é de apenas 15W e leva quase duas horas para carregar o celular de 0 a 100%.Vale a pena?O Galaxy A17 5G está saindo oficialmente no site da Samsung por R$ 1.529,10 à vista no modelo com 4 GB de RAM e 128 GB de armazenamento, ou por R$ 1.664,10 à vista pela versão que eu testei, com 8 GB de RAM e 256 GB de espaço interno. Existe também uma variante sem 5G, que troca o processador Exynos por um MediaTek Helio G99 — um pouco mais fraco — e custa um pouco menos.Mas, sinceramente? Por esses preços, não vale a pena comprar nenhuma dessas versões. O Galaxy A16 5G, que tem o mesmo processador, mesma tela, mesma bateria e câmeras praticamente iguais, hoje já sai por cerca de R$ 1.000 na versão com 8 GB de RAM e 256 GB. E ainda vai até o Android 20, com OneUI 12, se a Samsung seguir o padrão atual. Pelo menos para mim, é tão difícil imaginar o A17 funcionando bem nessa versão do sistema quanto imaginar o A16.E isso sem falar nos concorrentes. O Moto G85, por exemplo, já apareceu por menos de R$ 1.400. O próprio Galaxy A56, que é muito mais competente, ainda não está mais barato que o A17 5G, mas já está no mercado há tempo suficiente para ter boas chances de aparecer em promoções na Black Friday. Fora as opções de Xiaomi, Realme e outras marcas, que também entregam muito mais por menos.Com tudo isso em mente, eu realmente tenho dificuldade de imaginar em que momento o A17 5G faça sentido para alguém comprar. Mesmo que ele chegue aos R$ 1.000 ou menos, as outras opções provavelmente já estarão mais baratas também.