Entre boletos, imprevistos financeiros e a tentação das compras do dia a dia, juntar dinheiro pode ser um desafio constante para muita gente.E não se trata apenas de condições financeiras, pois organizar o orçamento exige clareza, hábito e escolhas consistentes ao longo do tempo. Entender que cada decisão de hoje influencia na tranquilidade de amanhã ajuda a ter metas bem definidas, e pode transformar a maneira como se lida com o dinheiro.E guardar não significa apenas gastar menos. Aumentar a renda, investir de forma inteligente e se proteger contra imprevistos são etapas que tornam esse processo mais eficiente e sustentável. Dúvidas sobre quanto guardar por mês, mesmo com uma renda apertada, como montar uma reserva de emergência ou juntar dinheiro para a casa própria estão entre as mais frequentes de quem deseja organizar melhor as finanças. Para ajudar nessa jornada, o InfoMoney ouviu uma especialista, que compartilhou orientações práticas e diretas para transformar esses objetivos em realidade.Qual é o jeito mais fácil de juntar dinheiro?Começar a juntar dinheiro não depende de estratégias complexas, mas sim de construir um hábito ao longo do tempo. E também não existe uma fórmula pronta ou única para todas as pessoas, pois o planejamento financeiro deve ser condizente com o contexto de cada um.Dito isso, veremos a seguir alguns passos simples que podem ser úteis para quem não sabe por onde começar.Planeje e controle os seus gastosJanaina Mocelin, planejadora financeira CFP pela Planejar, ressalta a importância de organizar o orçamento no dia a dia.“Assim como as empresas precisam de um setor financeiro para controlar entradas, saídas, investimentos e projeções, toda família ou indivíduo também deve encarar suas finanças de forma organizada, e o primeiro passo é garantir que as despesas sejam menores do que as receitas. Embora pareça, isso não é trivial”, observa.A especialista também chama atenção para a utilização do cartão de crédito, que pode ser um aliado das finanças, dependendo de como é utilizado. Ela sugere que se definam quais gastos entram nele com limites de valor, para manter o equilíbrio do orçamento. Se teve excesso de gastos em um mês com roupas, por exemplo, será preciso compensar reduzindo restaurantes ou lazer.“Para casais, compartilhar um único cartão aumenta a transparência: se um extrapola, o outro consegue ajustar em tempo real. O problema é quando o cartão vira uma extensão da renda e cria dívidas caras, como o rotativo”, alerta Janaina.Aumente sua renda e otimize seus ganhosTrabalhos pontuais, freelas, venda de itens parados em casa ou até a economia compartilhada – coworkings, corridas compartilhadas nos aplicativos ou serviços de aluguéis, por exemplo – podem gerar um fluxo adicional. Cada valor que entra, mesmo que pequeno, pode ser direcionado para algum investimento, funcionando como um impulso financeiro.Outra atitude que ajuda a juntar dinheiro é otimizar o que já se tem na mão, como renegociar dívidas com juros altos, ou revisar pacotes de serviços que você paga e quase não usa. Pequenas mudanças desse tipo reduzem desperdícios e liberam espaço no orçamento – e o dinheiro, que antes se perdia, passa a trabalhar a seu favor.Com os gastos sob controle e o orçamento ajustado, o passo seguinte é começar a investir. Para Janaina, tudo começa com os valores que irão garantir a reserva de emergência e o patrimônio para o realizar os planos de médio e longo prazo, como a compra da casa própria ou aposentadoria.Leia mais:CDB: guia com o passo a passo para investirRenda Fixa: tudo o que você precisa saber para começar a investirTesouro Direto: guia completo para investir em títulos públicosQual deve ser o valor da reserva de emergência?Antes de pensar nas metas de médio e longo prazo, é fundamental construir uma reserva de emergência.Esses recursos funcionam como um colchão financeiro para situações inesperadas, como reparos urgentes, gastos médicos ou até mesmo a perda do emprego. Ter essa reserva evita recorrer a dívidas caras, como cheque especial ou cartão de crédito, justamente nos momentos mais críticos.Segundo Janaina Mocelin, o valor ideal da reserva de emergência depende do nível de estabilidade da renda. Nesse sentido, ela recomenda que servidores públicos mantenham, ao menos, 4 vezes o custo mensal; para quem é CLT, o aconselhável é 6 vezes; e autônomos ou empresários, que são mais expostos à instabilidade financeira, deveriam reservar até 12 rendimentos mensais.“Esse dinheiro deve estar em aplicações de liquidez diária e baixo risco. Por exemplo: uma família com custo de R$ 10 mil por mês e perfil CLT deveria acumular R$ 60 mil para a reserva de emergência – o equivalente a seis meses de salário”, complementa a especialista.Quanto por mês eu devo juntar?Digamos que o seu objetivo seja juntar dinheiro para aposentadoria. Nesse caso, o primeiro passo é determinar a idade para se aposentar e o valor necessário para manter o padrão de vida que deseja no futuro. Com isso, podemos calcular quanto juntar por mês.Para facilitar o entendimento, Janaina Mocelin fez a simulação que veremos a seguir:Idade atual: 40 anosIdade desejada para aposentadoria: 65 anos (25 anos de acumulação)Tempo para recebimento do benefício: 30 anos (considerando uma expectativa de vida de 95 anos)Custo de vida mensal: R$ 10.000Benefício estimado do INSS: R$ 4.000Necessidade de complementação: R$ 6.000Taxa real de retorno estimada: 4% ao ano (descontada a inflação)Utilizando uma calculadora financeira, chegamos ao resultado:i = 4%n = 30 anosPMT = R$ 72.000 ao ano (ou R$ 6.000 ao mês)PV = R$ 1.245.000 (valor aproximado)O PV (valor presente) é a quantia que essa pessoa deve acumular para sua aposentadoria, considerando os parâmetros utilizados. Voltamos à calculadora financeira para saber quanto guardar por mês para chegar ao objetivo (valor futuro) estabelecido, mantendo a mesma taxa de juros:i = 4%n = 25 anos de contribuiçãoFV = R$ 1.245.0000 (montante a acumular no futuro)PMT = R$ 29.894 por ano (cerca de R$ 2.500 por mês)Como juntar dinheiro para comprar uma casa?Comprar a casa própria não se trata apenas de juntar dinheiro, pois também é preciso ter clareza sobre custos, prazos e prioridades, observa Janaina Mocelin.A seguir, veremos orientações práticas que a especialista reuniu para ajudar a tornar esse projeto possível. 1 – Defina sua meta com clarezaO primeiro passo é saber exatamente o que você busca, para que possa pesquisar o preço médio do imóvel considerando tamanho, localização e padrão de construção. A partir daí, calcule quanto precisará para a entrada, que costuma variar de 20% a 30% do valor do bem. E não esqueça de considerar os custos extras, como escritura, cartório, ITBI, reforma, mobília e mudança.2 – Entenda sua situação atualAntes de planejar, conheça o seu ponto de partida – quanto você ganha, quanto gasta e quanto consegue poupar por mês. Essa fotografia da sua vida financeira ajuda a enxergar onde estão os ajustes possíveis.3 – Trace um plano e escolha os investimentos certosApós definir sua meta e analisar sua situação, é hora de estruturar o caminho para juntar o dinheiro da casa própria.A especialista recomenda estabelecer um prazo claro – por exemplo, cinco anos para juntar a entrada – e calcular quanto precisa ser guardado mês a mês.“Se a meta for R$ 100 mil em cinco anos, será preciso reservar cerca de R$ 1.700 por mês, sem considerar os rendimentos dos investimentos”, explica.Como o objetivo está no médio prazo, ela sugere priorizar aplicações seguras e de fácil resgate, como CDBs, LCIs, LCAs, fundos DI e Tesouro Selic. Mas tão importante quanto escolher os investimentos certos é manter a disciplina nos aportes mensais.4 – Avalie consórcio ou financiamento, se necessárioSe você está começando do zero e pretende juntar dinheiro só para a entrada, o consórcio ou financiamento de imóvel podem viabilizar a compra. Mas é preciso analisar as duas alternativas com cuidado, para não comprometer o orçamento.O que é a regra 50/30/20?A regra 50/30/20 é uma forma simples de organizar o orçamento e entender para onde o dinheiro deve ir. Basicamente, ela divide a renda líquida em três partes:50% para necessidades básicas: moradia, alimentação, transporte e demais contas fixas.30% para desejos: lazer, hobbies, viagens, assinaturas, compras pessoais.20% para reservas financeiras: reserva de emergência, metas de médio e longo prazo.A grande vantagem desse modelo é dar um norte sem complicar. Ao estabelecer proporções para os gastos, ele ajuda a equilibrar responsabilidades financeiras e qualidade de vida, evitando tanto o excesso quanto o peso de cortes muito radicais.Na prática, muita gente acaba adaptando os percentuais – principalmente quem tem renda menor, já que as despesas básicas podem ultrapassar 50%. O importante é garantir que parte do dinheiro seja destinado a poupar e investir, mesmo que em valores menores. Dessa forma, é possível criar uma metodologia simples e sustentável para organizar as finanças pessoais.Como juntar dinheiro ganhando pouco?Muitas pessoas ainda acreditam que só vale a pena guardar quantias mais altas de dinheiro. Porém, a constância pesa mais do que os valores iniciais, pois o mais importante para começar a juntar dinheiro é a disciplina para poupar.Quando você separa um valor assim que ele entra na conta, o ato de investir acaba se tornando um compromisso fixo, que não depende de sobrar no fim do mês. Uma forma de criar esse hábito são os aportes mensais em aplicações simples, com valores que você mesmo estabelece de acordo com o que cabe no seu bolso.Veja o resumo dos principais pontos para juntar dinheiro e organizar as finanças:TemaO que fazer na práticaOrganize seu orçamento– Anote entradas e saídas, nem que seja no celular. – Defina limites claros para o cartão de crédito e evite cair no rotativo.Dê um upgrade nos ganhos– Fazer freelas, vender o que não usa e compartilhar serviços pode dar uma força para o orçamento. – Tente renegociar dívidas caras e corte tarifas escondidas.Monte sua reserva de emergência– O valor vai depender da sua renda (servidor público: 4 meses de gastos; CLT: 6 meses; autônomo: até 12 meses). – Escolha aplicações de liquidez diária – Tesouro Selic, CDBs ou fundos DI.Quanto juntar por mês– Depende do objetivo. Para aposentadoria, por exemplo, calcule a renda que precisará complementar.Casa própria– Entrada de20% a 30% do valor.– Some todos os gastos (escritura, ITBI, mobília e mudança.– Invista em produtos seguros e mantenha a disciplina.– Consórcio e financiamento podem ser alternativas. Regra 50/30/20– 50% necessidades básicas; 30%: lazer; 20% investimentos.– Adapte a regra ao seu bolso.Dá para juntar dinheiro ganhando pouco– Comece com R$ 100 ou menos, mas faça todo mês.– Automatize aportes assim que o dinheiro cair na conta.The post Como juntar dinheiro de forma simples: passo a passo para se organizar, poupar e investir appeared first on InfoMoney.