Os rumores de que uma aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso ocorreria em breve não foram suficientes para preparar os colegas que estavam no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) da surpresa que viria quando, às 17h35m, Barroso começou a ler uma carta usando o passado para dizer que “por 12 anos e pouco mais de três meses, ocupei o cargo de ministro deste Supremo”.Tranquilos após terem concluído o julgamento de uma ação da qual Barroso é o relator, os integrantes da mais alta Corte do país foram interpelados pelo discurso do colega que logo embargou a voz e tomou o primeiro gole d’água. Foi assim que os ministros passaram a acompanhar com o olhar atento — geralmente dirigido às telas dos celulares ou do computador — a fala do magistrado.O plenário do Supremo não estava cheio, e as pessoas que estavam na plateia logo começaram a entender que estavam diante de um momento histórico. À medida que Barroso lia a carta de despedida, os assentos da sala foram sendo preenchidos por membros da equipe do ministro, alguns visivelmente emocionados, outros chorando.Leia tambémSaiba quem foram os presidentes que mais indicaram ministros para o STF: Lula é o 4ºRecorde pertence a Getulio Vargas, que escolheu 21 magistrados.STF dá 24 meses para Congresso editar lei que proteja trabalhador frente à automaçãoO relator, Luís Roberto Barroso, havia votado para reconhecer a omissão, mas sem fixar um prazo para a atuação do LegislativoO espanto dos demais integrantes do colegiado e dos funcionários do gabinete de Barroso se explica pelo fato de que apenas os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, presidente e vice do STF, foram avisados do que ocorreria, ainda na quarta-feira. Antes de participar da sessão plenária, pela manhã, Barroso fez exames médicos, almoçou e, então, partiu para essa que seria a última sessão plenária como ministro.Fachin teve tempo de preparar um discurso em que agradeceu a amizade e o empenho do colega e amigo na atuação em defesa do STF e da Constituição. Os demais, porém, precisaram improvisar. Concretizado o anúncio de que o ex-presidente estava saindo da Corte, coube ao ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo e protagonista de grandes embates com Barroso, pedir a palavra para discursar. Gilmar estava emocionado e, num gesto fora dos protocolos, levantou de sua cadeira para dar um abraço do futuro ex-colega.Luiz Fux, que não estava no plenário e participava da sessão de forma remota, por vídeo, surgiu no telão de olhos vermelhos e com voz embargada. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também falou de improviso, assim como o advogado que acompanhava o caso que acabava de ser julgado — o único presente, e que acabou sendo o autor da fala em nome da advocacia.Pego de surpresa, como ele mesmo disse mais de uma vez, arrancando sorrisos dos ministros, Ricardo Quintas Carneiro, advogado representante da Central Única dos Trabalhadores, foi quem fez o discurso de homenagem a Barroso, lembrando as palavras de Che Guevara “hay que endurecer, pero sin perder la ternura”.A sessão foi encerrada, e os ministros se dirigiram imediatamente para o assento de Barroso, fazendo uma fila para abraçá-lo. Além da surpresa, o clima no plenário era de emoção e de alegria entre os magistrados, em apoio ao colega que também demonstrou, apesar das lágrimas, alívio com o anúncio que tinha sido feito. Os servidores esperaram para ver o ministro passar, e caminharam com ele até o salão branco.Após a sessão plenária, Barroso convocou os integrantes de seu gabinete para uma reunião. O ministro deve seguir por mais uma semana no Supremo, e até lá deve tentar proferir votos em processos que estão com ele com pedido de vista.The post Abraço em Gilmar e aviso a Fachin e Moraes: bastidores da despedida de Barroso do STF appeared first on InfoMoney.