O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou nesta quarta-feira (8/10) que o conflito que ocorre em Gaza há dois anos atingiu um nível “catastrófico”, com “crianças morrendo de exaustão e fome”. Em entrevista ao projeto Pontes para o Leste, o chanceler classificou a situação na Faixa como “um genocídio silencioso” e destacou que o número de vítimas civis ultrapassa o registrado na guerra da Ucrânia.“O número total de mortos, apenas segundo dados oficiais, é de 65 mil em dois anos. A esmagadora maioria são civis: mulheres, crianças e idosos. Centenas de milhares foram deslocados. A situação é terrível”, afirmou Lavrov.O ministro comparou os números às perdas civis em outros conflitos recentes e afirmou que “há menos vítimas civis na Ucrânia nos últimos 12 anos do que na Palestina nos últimos dois”. Lavrov, ainda acusou Israel de impor uma “punição coletiva” ao povo palestino, representando uma “grave violação do direito internacional humanitário”. Leia também Mundo Hamas anuncia troca de listas de reféns e prisioneiros com Israel Mundo Guerra entre Israel e Hamas completa 2 anos em meio a negociações de paz Mundo Guerra da Ucrânia tem novo enredo pós-ONU com Zelensky, Trump e Lavrov Mundo Putin liga para Netanyahu em meio ao impasse sobre a Faixa de Gaza Negociações em cursoA guerra entre Israel e o Hamas completou dois anos nesta semana, desde o ataque de 7 de outubro de 2023.Durante negociações no Egito, delegações de Israel e do Hamas continuam discutindo os termos de um cessar-fogo.Segundo o grupo palestino, as listas de prisioneiros e reféns foram trocadas, e os mediadores — Catar, Egito e Estados Unidos — buscam eliminar os obstáculos restantes para um acordo.O plano de paz norte-americano, anunciado por Trump ao lado de Netanyahu, prevê troca de reféns e prisioneiros, desarmamento do Hamas e reconstrução da Faixa de Gaza.Em comunicado, o Hamas afirmou ter apresentado “uma posição positiva e responsável para alcançar o progresso necessário” e destacou que “um espírito de otimismo prevalece entre todos os envolvidos”.Rússia acena positivamente para plano de TrumpLavrov também criticou a postura do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de rejeitar a criação de um Estado palestino, e de como Israel respondeu aos ataques do Hamas em 2023, argumentando que a retaliação se transformou em um ataque generalizado à população civil.“Disseram que todos em Gaza eram terroristas, inclusive crianças de três anos. Isso é inaceitável”, declarou.Ele aproveitou para elogiar o chamado “plano de paz em Gaza” proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como uma “alternativa realista” diante da crise.“O plano menciona a palavra ‘estado’. É vago, trata apenas da Faixa de Gaza, sem incluir a Cisjordânia. Mas é o melhor que há sobre a mesa neste momento. Pode ser aceitável para os árabes e, ao menos, não rejeitado por Israel”, avaliou.Para o membro do Kremlin, a prioridade é “interromper o derramamento de sangue” e prometeu que a Rússia ajudará “no que for possível” para a reconstrução de Gaza.3 imagensFechar modal.1 de 3Sergey LavrovKay Nietfeld/picture alliance via Getty Images2 de 33 de 3Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da RússiaSpencer Platt/Getty Images