Durante anos, os tutores se acostumaram com a conta de “um ano do pet vale por sete humanos”. Simples, popular e… Totalmente equivocada. Agora, uma nova pesquisa da Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD) traz uma perspectiva mais precisa sobre o envelhecimento de cães e gatos. O estudo analisou padrões genéticos de envelhecimento e criou uma fórmula que leva em conta porte, espécie e metabolismo. Leia também É o bicho! Longevidade animal: expert revela por que os pets estão vivendo mais É o bicho! Conviver com outros pets aumenta a longevidade dos animais; entenda É o bicho! Como os tutores, pets também podem fazer terapia; saiba como funciona É o bicho! Pets idosos: confira brincadeiras para manter seu animal ativo A pesquisa mostra que o envelhecimento dos pets não é linear. O primeiro ano de vida de um cão ou gato equivale a cerca de 15 anos humanos. Depois, o processo desacelera.Clique aqui para seguir o canal do Metrópoles Vida&Estilo no WhatsAppPorém, o ritmo é diferente entre as espécies: os cães têm uma variação muito maior, principalmente conforme o porte, enquanto os gatos seguem uma curva mais estável.5 imagensFechar modal.1 de 5Os vira-latas são os mais populares entre cães e gatos Getty Images2 de 5Muitas pessoas também escolhem ter cães e gatos juntosGetty Images3 de 5A convivência pode ser positiva para os petsCães Online / Reprodução 4 de 5A adoção de vira-latas é importante no combate ao abandono animalReprodução/GettyImages5 de 5Centros de doação no DF recebem cães e gatos para transfusões seguras em situações de emergência Getty Images Segundo o professor Fernando Resende, especialista em neurologia e neurogeriatria animal, essa diferença é perceptível na prática clínica. “Cães de raças grandes apresentam envelhecimento mais precoce, sendo considerados ‘seniores’ a partir dos 6 anos, enquanto os de raças pequenas tornam-se idosos mais tardiamente, geralmente a partir dos 8 anos”, explica.Essa diferença está relacionada à velocidade do metabolismo, expectativa de vida e predisposição genética a determinadas doenças.Sete vidas? O verdadeiro envelhecimento dos gatosNo caso dos felinos, o estudo confirma que a idade “humana” segue um ritmo mais constante e previsível. O primeiro ano equivale a cerca de 15 anos humanos, e aos 10, já correspondem a 56. Depois disso, o envelhecimento progride mais lentamente, com uma média de quatro anos humanos por ano de vida felina.Mudanças de comportamento e memória indicam que seu gato entrou na fase sêniorO professor aponta que, nos gatos, os sinais do tempo aparecem de forma mais sutil, mas seguem o mesmo padrão de degeneração observado nos cães. “Nos gatos, estudos complementares apontam que o envelhecimento se manifesta de forma semelhante, com declínio cognitivo, alterações comportamentais e doenças degenerativas mais prevalentes após os 10 anos de idade, independente da raça.”Ele informa que, tanto em cães quanto em gatos, o cérebro é um dos órgãos mais sensíveis ao envelhecimento.“O envelhecimento em cães e gatos é um processo multifatorial, associado a imunossenescência, inflamação crônica e acúmulo de danos oxidativos nos tecidos, especialmente no sistema nervoso central”, relata Fernando.O especialista ainda acrescenta: “Isso leva a alterações metabólicas, redução da atividade mitocondrial, aumento da produção de radicais livres e queda na eficiência dos sistemas antioxidantes”.Quando o tempo começa a dar sinaisNa prática, os primeiros indícios de envelhecimento se revelam no comportamento. O especialista detalha alguns sinais que se manifestam nos animais de companhia:Desorientação em ambientes familiares;Alterações nas interações sociais;Distúrbios no ciclo sono-vigília;Perda de hábitos de higiene;Mudanças no nível de atividade.Para os cães, raças maiores sentem a chegada da idade mais cedo que as de pequeno porteEsses sintomas costumam se intensificar conforme o pet entra na fase sênior. “Além disso, sinais físicos comuns incluem declínio sensorial, redução da plasticidade cerebral, dificuldades de aprendizado e memória, além de alterações locomotoras e de postura em estágios mais avançados”, complementa.Mais idade, mais afetoCom o avanço da idade, os cuidados devem acompanhar as novas necessidades do corpo e da mente. “À medida que os pets entram na fase geriátrica, suas necessidades mudam drasticamente. Manter os mesmos hábitos da juventude pode não ser apenas inadequado, mas também arriscado. A palavra-chave é adaptação.”Para ele, a alimentação é um dos pilares da longevidade. A comida, vale lembrar, não é apenas para matar a fome. É a principal fonte de saúde e prevenção de doenças.E a longevidade também se cultiva com carinho. “Um animal que vive em um ambiente seguro, estimulante e amoroso tem uma saúde comprovadamente melhor”, ressalta Resende. O carinho, a conversa e as brincadeiras leves funcionam como um poderoso estímulo para o cérebro do pet, ajudando a retardar o envelhecimento cognitivo.Entres os pilares para um envelhecimento pet saudável, está a alimentação e muito carinhoCompreender a “idade real” do pet ajuda a cuidar melhor dele.“Saber que seu gato de 10 anos tem o equivalente a 56 anos humanos acende um alerta: ele entrou na fase sênior. Isso significa que as visitas ao veterinário devem ser mais frequentes para monitorar doenças comuns da idade”, alerta o professor.O profissional conclui: “Decifrar a idade do seu pet é o primeiro passo para oferecer a ele uma vida mais longa, saudável e feliz.”