A marca de sorvetes Ben & Jerry’s está prestes a mudar de proprietário corporativo no próximo mês, mas para Ben Cohen, o cofundador da marca de contracultura, trata-se de “conhecer o novo chefe, igual ao antigo”.A partir de novembro, a Ben & Jerry’s passará a ser de propriedade da Magnum Ice Cream Co, quando a Magnum for oficialmente desmembrada de sua atual controladora, a Unilever, com sede em Londres. Cohen acredita que o conflito contínuo entre a Ben & Jerry’s e a Unilever persistirá, enquanto ele continua sua tentativa de recomprar a marca que cofundou em 1978.SAIBA MAIS: Fique por dentro dos melhores conteúdos do Money Times sem pagar nada por isso; veja comoCohen afirma que a Magnum está censurando a capacidade da Ben & Jerry’s de se pronunciar sobre causas progressistas, como os direitos dos palestinos e a imigração nos Estados Unidos. No ano passado, a marca alegou em uma ação judicial que a Unilever havia violado uma política de não interferência, que reconhecia o conselho independente da fabricante de sorvetes e sua responsabilidade pela missão social da empresa.“Não há diferença entre como a Unilever está silenciando a Ben & Jerry’s e como a Magnum o faz,” disse Cohen à Reuters em entrevista, afirmando que os mesmos executivos demonstram uma “habilidade semelhante de silenciamento”.A Magnum afirmou em comunicado que apenas cerca de 2% dos posts da marca nas redes sociais foram discutidos ao longo dos anos.“Sempre buscamos trabalhar em conjunto com as equipes da Ben & Jerry’s para elaborar mensagens equilibradas, alinhadas ao acordo original sobre a missão social progressista e apartidária,” afirmou a Magnum.Juntamente com a Unilever, as empresas disseram anteriormente que procuraram envolver ambos os cofundadores em um diálogo sobre como fortalecer o posicionamento baseado em valores da Ben & Jerry’s.A Unilever não respondeu a um pedido de comentário na quarta-feira.O ex-presidente da divisão de sorvetes da Unilever, Peter ter Kulve, é agora o CEO da Magnum. Documentos no processo judicial afirmam que ele proibiu a marca de fazer qualquer declaração crítica ao presidente dos EUA, Donald Trump. A Unilever não respondeu anteriormente a pedidos de comentários sobre o assunto.Cohen acrescentou que o conflito se intensificará após a conclusão do desmembramento da Magnum, pois a Ben & Jerry’s representará uma fatia maior do negócio da nova empresa.“O conflito em andamento é mais problemático para a Magnum do que era para a Unilever,” disse ele.Cohen já se reuniu anteriormente com ter Kulve em Vermont, onde a empresa está sediada, e na Europa. As tentativas de acordo judicial não tiveram sucesso.Tentativa de recompraA Ben & Jerry’s gerou cerca de 1,1 bilhão de euros em receita em 2024, tornando-se a terceira maior marca da Magnum, que arrecadou 7,9 bilhões de euros no mesmo período, segundo uma apresentação corporativa de junho de 2025. A Unilever registrou uma receita de 60,8 bilhões de euros em 2024.Cohen está tentando recomprar a Ben & Jerry’s por US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões, com um grupo de investidores, mas disse que a Unilever e a Magnum se recusam a fornecer informações financeiras essenciais. Ele não revelou os nomes dos investidores.Aesar de a Magnum afirmar em comunicado que a Ben & Jerry’s não está à venda, Cohen planeja continuar tentando recomprar a marca.“O que eles acreditam é que podem obter os benefícios de possuir a Ben & Jerry’s em termos de vendas e lucratividade sem lidar com as posições que a Ben & Jerry’s é impulsionada a adotar com base em sua missão social,” afirmou.Irreverência e causaFundada por Cohen e seu parceiro de negócios Jerry Greenfield, a Ben & Jerry’s ganhou fama nacional por seus sabores com nomes irreverentes inspirados na psicodelia dos anos 60. “Cherry Garcia” foi batizado em homenagem ao guitarrista do Grateful Dead, Jerry Garcia. Outro sabor, descontinuado, “Wavy Gravy”, homenageava o animador e ativista pela paz que fez anúncios no festival de Woodstock, em 1969.Cohen e Greenfield venderam a marca para a Unilever em 2000.Greenfield renunciou ao cargo de embaixador da marca no mês passado, em protesto contra as ações da Unilever.O conflito entre Ben & Jerry’s e a Unilever começou a ganhar força em 2021, quando a Ben & Jerry’s decidiu parar de vender seus produtos na Cisjordânia.