O consumo de bebidas destiladas, com maior teor de alcool na composição, teve retração de 31% nas compras no Estado de São Paulo na comparação com a mesma semana do ano passado. O dado é da Varejo360, que monitorou a emissão de notas fiscais de 33,7 mil clientes afiliados à empresa. A redução nas compras inclui bebidas como vodca, uísque, cachaça, gim e outros itens e foi registrada entre os dias 28 de setembro e 4 de outubro.O movimento acontece em seguida à revelação de que há uma crise de contaminação de bebidas destiladas com metanol, e também ao aumento de exposição dos casos no noticiário, com óbitos registrados associados ao consumo dos produtos adulterados.Apenas na vodca, a consultoria registrou retração de quase 38% nas compras também na comparação com igual semana de 2024.A exposição ao tema ficou maior durante a semana passada, quando o Ministério da Justiça e Segurança Pública revelou a existência de uma série de casos de intoxicação por metanol no Estado de São Paulo. Ao longo deste período, diversas unidades que produziam conteúdo adulterado foram fechadas em operações da polícia.Para Fernando Faro, diretor de operação da empresa que acompanha a tendência de consumidores, a retração do consumo está associada à crise:“Acredito que a queda nas duas últimas semanas tem total relação com a crise do metanol. A venda de vinho, por exemplo, ficou estável, não apresentou queda. As pessoas estão evitando comprar bebidas destiladas”, diz ele sobre os dados.Fabricantes do setor tem evitado falar sobre a crise, com receio de que o tema cause impactos nos negócios. O movimento começou, segundo Faro, ainda na semana retrasada. Na 39ª semana, entre os dias 21 e 27, Fernando Faro afirma que as retrações começaram apenas na quinta-feira, logo após o anúncio da pasta sobre as medidas e a revelação da crise:“O consumo já vinha caindo, mas não nessas taxas, em função da inflação e do poder aquisitivo. Na semana 39 (entre 21 e 27 de setembro), até quarta-feira, tudo estava normal, não se observava queda.”Os dados da Varejo 360 incluem compras realizadas em adegas, lojas de conveniência, supermercado e varejistas.Clima interfereNa leitura de Faro, o tempo afeta, diretamente, o consumo dos diferentes estilos de bebidas alcoólicas. Por conta do frio mais extenso esse ano, o diretor da empresa afirma que o consumo de vinho subiu nos meses de julho a agosto, enquanto o da cerveja ainda mostra desaceleração diante do atraso da chegada do calor:“A venda de cerveja é muito atrelada ao clima. Se faz calor, sobe. Se faz frio, ela cai. Nas duas últimas semanas fez frio, e parte dessa queda é decorrente do clima”, diz. A cerveja registrou retração de 16,2% na semana passada, nas notas captadas pela Varejo360.Procurada, a Abras e a ABBD, que reúne os fabricantes de bebidas destiladas, não responderam a reportagem. Já a Abrasel, que reúne os bares e restaurantes, afirmou que a confiança do consumidor segue mantida e que apenas 26% dos estabelecimentos ouvidos por uma pesquisa realizada pela entidade relataram algum tipo de queda no faturamento no último fim de semana. A Abrabe, de bebidas, não foi localizada.The post Crise do metanol: vendas de destilados caem 31% em São Paulo appeared first on InfoMoney.