Diante do aumento de casos de intoxicação e mortes causadas por bebidas contaminadas com metanol, a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) criticou duramente a falta de ação do Governo Federal no enfrentamento da crise. O principal alvo é a ausência de medidas práticas para rastrear e controlar a produção de bebidas alcoólicas no país. Rodolpho Ramazzini, diretor da entidade, rebateu declarações recentes do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou que a Receita Federal tem total controle sobre a fabricação de bebidas no Brasil. Segundo ele, essa afirmação “não procede”, pois o sistema Sicobe (Sistema de Controle de Produção de Bebidas), que permitiria o rastreamento da produção legal de bebidas, foi desativado em 2016 e nunca mais reativado.“O Sicobe foi um sistema que nos permitia saber exatamente o que as indústrias estavam produzindo. Desde que foi abandonado, o Brasil perdeu a capacidade de monitorar a produção real e coibir a falsificação”, disse Ramazzini. Ele citou o exemplo da Indonésia, que adotou o sistema brasileiro e reduziu drasticamente o número de mortes, que chegava a 300 por ano, por ingestão de bebidas falsificadas.A entidade defende a reativação urgente do Sicobe, com melhorias e tecnologia de rastreabilidade, além da adoção de selos de autenticidade, semelhantes aos utilizados pela Casa da Moeda, para garantir que os consumidores possam identificar produtos de origem legal. “Sem um sistema efetivo de controle e sem a garantia de autenticidade, a população segue exposta ao risco de intoxicação por bebidas adulteradas. Estamos falando de uma questão de saúde pública e de segurança do consumidor”, finaliza Ramazzini.A ABCF reforça que, enquanto o governo não agir com firmeza, a crise do metanol tende a se agravar, colocando mais vidas em risco em todo o país.Infografia SICOBProjeto de LeiEm meio da crise, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), designou o deputado Kiko Celeguim (PT-SP) como relator do projeto que classifica como crime hediondo a adição, em bebidas e alimentos, de ingredientes que possam causar risco à vida ou grave ameaça à saúde dos cidadãos (PL 2307/07). Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp A Associação Brasileira de Combate à Falsificação e a Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) estão se mobilizando para criar frentes com a crise de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas no Brasil, que já provocou mortes e graves sequelas em várias regiões do país. A falsificação de destilados cresceu 25,8% entre 2023 e 2024, segundo a ABCF, e já representa 36% das bebidas comercializadas, conforme a Fhoresp. Certamente, o surgimento do metanol, substância altamente tóxica, em bebidas destinadas ao consumo humano, é um crime contra a saúde pública e exige uma resposta imediata das autoridades. Portanto, é urgente restabelecer um sistema nacional de rastreabilidade que garanta autenticidade e segurança dos produtos. Leia também Polícia Federal investiga se metanol abandonado por criminosos era usado para adulterar bebidas