Designado pelo presidente americano Donald Trump para conduzir as negociações acerca do tarifaço e de outras sanções contra o Brasil, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, é um republicano trumpista da linha dura e já publicou críticas ao governo Lula em suas redes sociais.Rubio é um dos pontos de interlocução direta do blogueiro bolsonarista Paulo Figueiredo e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vivem nos Estados Unidos e buscam fazer lobby a favor de sanções americanas contra o governo brasileiro e autoridades por uma suposta perseguição a Jair Bolsonaro. O secretário de Estado já se reuniu pessoalmente com a dupla em Washington. Publicamente, Eduardo Bolsonaro comemorou a indicação de Rubio como interlocutor do governo brasileiro, o que é visto por diplomatas ouvidos pelo GLOBO como um exagero.Leia tambémLula diz que pediu a Trump para Marco Rubio ‘conversar com o Brasil sem preconceito’Presidente brasileiro disse que tem o telefone do americanoMP alternativa ao IOF, Haddad, IGP-DI, falas do Fed: os destaques da agenda desta 3ªVeja as principais informações que devem mexer com os mercados hojePelo lado brasileiro, vão participar das conversas, além da contraparte de Rubio no Brasil, o chanceler Mauro Vieira, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Trump e Lula combinaram de se encontrar pessoalmente em breve e Lula sugeriu que o evento ocorresse durante sua visita à Malásia para a Cúpula da Asean, ainda neste mês.À frente da secretaria que trata das relações diplomáticas dos Estados Unidos com o mundo, Rubio se notabiliza por seu perfil ideológico alinhado com a extrema-direita trumpista, apesar de já ter criticado Trump no passado. Político com base eleitoral na Flórida, licenciou-se do cargo de senador para assumir a secretaria de Estado no início do segundo mandato do presidente americano.Filho de imigrantes cubanos que deixaram o país ainda antes da Revolução cubana, em 1956, o republicano adota uma retórica anti-imigração. Político desde os anos 2000, Rubio foi eleito deputado por quatro mandatos e senador por três. Notabilizou-se como opositor ferrenho das políticas do governo democrata de Barack Obama e, em 2015, tentou disputar as prévias republicanas à presidência. Derrotado, apoiou a nomeação de Donald Trump como candidato republicano, mas já criticou o que chamou de “retórica e comportamento ofensivos” de Trump em 2016.Rubio é um dos membros do governo Trump que mais fez declarações públicas contundentes contra o governo brasileiro, envolvendo o que chamou de “caça às bruxas” supostamente promovida contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.No mês passado, o secretário criticou publicamente, em suas redes sociais, a condenação de Bolsonaro pela Primeira Turma do STF. Ele disse que “as perseguições políticas do violador de direitos humanos Alexandre de Moraes continuam”, tendo mencionado a condenação a Bolsonaro. Disse, também que os EUA respondem “de forma adequada a essa caça às bruxas”.Em uma entrevista em 15 de setembro ao canal Foz News, Rubio se referiu aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como “juízes ativistas” e disse, sem citar nominalmente Alexandre de Moraes, que o magistrado tentou “impor reivindicações extraterritoriais contra cidadãos americanos”.“As perseguições políticas do sancionado como violador de direitos humanos Alexandre de Moraes continuam, pois ele e outros membros da Suprema Corte do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro”, afirmou Rubio no X.Nos últimos meses, Rubio anunciou nas redes sociais uma série de medidas contra autoridades brasileiras, como a cassação de vistos e a inclusão de Alexandre de Moraes no âmbito da Lei Magnitsky, que decreta o bloqueio financeiro a violadores de direitos humanos.Em julho, após a divulgação do tarifaço contra o Brasil que entrou em vigor em 3 de agosto, o secretário de Estado disse que Trump havia deixado claro que “responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos”.“A caça às bruxas política do Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos”, disse em outra postagem no X.Apesar da retórica virulenta, Rubio nunca citou nominalmente o presidente Lula em suas postagens ou declarações acerca do Brasil.A comemoração, por parte de bolsonaristas, da designação de Rubio como negociador com o Brasil é exagerada na visão do ex-embaixador Rubens Ricupero. Ao GLOBO, o diplomata, que foi embaixador do Brasil junto aos Estados Unidos, diz que a abertura de diálogo é algo a ser comemorado pelo governo brasileiro e que é natural que Rubio seja o negociador.“Seria difícil para Trump não escolher Rubio porque ele é o Secretário de Estado, é o que tem a responsabilidade pelas relações externas e, nos Estados Unidos, é praxe designar um único negociador. A leitura de que a indicação de Rubio levará a um entrave é um erro. A visão dele é mais ideológica, mas é compartilhada pelo próprio presidente Trump. Não há nenhuma simpatia deles pela orientação do PT e do Lula, mas o estabelecimento de uma negociação é um avanço”, afirma.Para Ricupero, a indicação, por parte do Brasil, de ministros da área econômica como negociadores deixa evidente que o país quer trazer a discussão para termos comerciais.The post Linha dura e crítico de Lula: quem é Marco Rubio, escolhido para negociar com Brasil appeared first on InfoMoney.