Mercenários covardes: presos médico e nutricionista por golpe na Amil

Wait 5 sec.

Nesta sexta-feira (10/10), a Polícia Civil e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagraram duas operações integradas — Reembolso Assistido e Poltros — contra o grupo criminoso acusado de usar dados de pacientes para obter reembolsos de exames e consultas nunca realizados.A principal investigada é a nutricionista Paula Carolina da Silva Morais, que atuava em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ela foi presa junto com o namorado, o médico Luiz Victor dos Passos Fernandes, e a mãe, Márcia Cristina Teixeira da Silva, que era sua secretária.Segundo o MPRJ, o trio foi denunciado por associação criminosa, estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso e crime contra a ordem tributária.A denúncia cita pelo menos 40 vítimas diretas, todas funcionárias da Light e beneficiárias da Amil, além de dezenas de outras investigações ainda em andamento na 52ª DP (Nova Iguaçu). Leia também Mirelle Pinheiro Entre anabolizantes e apostilas: a “filha de ouro” que comprou o CNU Mirelle Pinheiro Ferrari, Porsche: veja carrões apreendidos em operação contra sindicato ligado a irmão de Lula Mirelle Pinheiro Como a “mulher fantasma” dos concursos fez a PF chegar a fraude no CNU Mirelle Pinheiro “Matuê”, chefe do CV no Rio, é morto em confronto com a polícia O golpeAs investigações apontam que a nutricionista convencia os pacientes a fornecer login, senha e biometria facial do aplicativo do plano de saúde, sob o pretexto de agilizar reembolsos.Com esses dados, o grupo abria contas digitais em nome das vítimas, falsificava pedidos médicos, laudos e notas fiscais, e inseria solicitações falsas de reembolso junto à Amil.Os valores, que chegavam a ultrapassar R$ 4 mil por pedido, eram creditados em contas abertas sem o consentimento das vítimas e logo transferidos para contas controladas por Paula.De acordo com o MPRJ, Luiz Victor falsificava laudos médicos e exames, inclusive de um laboratório que já havia encerrado as atividades.Em alguns casos, motoboys entregavam kits com suplementos e substâncias controladas sem prescrição médica, numa tentativa de dar aparência de legalidade às transações.Funcionários demitidosAo detectar as irregularidades, a Amil acionou o setor de compliance da Light, que acabou demitindo 40 funcionários, todos vítimas do esquema.“Dezenas de famílias ficaram sem sustento do dia para a noite, por terem sido vítimas dos denunciados”, destaca o trecho da denúncia do Ministério Público.Além do prejuízo financeiro à operadora de saúde, a fraude causou reflexos trabalhistas graves e, segundo a Polícia Civil, ainda há mais de 30 inquéritos em andamento relacionados ao caso.Rede itineranteDurante as diligências, os investigadores descobriram que o grupo mantinha consultórios itinerantes, mudando constantemente de endereço para despistar as autoridades e usando perfis on-line restritos para captar novos pacientes.As fraudes eram organizadas em seis etapas, desde a captação das vítimas até o recebimento dos valores desviados.O Ministério Público batizou a ação de Operação Poltros, termo que, em latim, significa “mercenários covardes”, em referência à “covardia dos investigados em usar dados de pacientes que confiaram neles para enriquecimento próprio”.Já a Polícia Civil chamou sua frente de Operação Reembolso Assistido, numa alusão direta ao termo usado pela nutricionista para enganar as vítimas.Ambas as forças afirmam que o objetivo é responsabilizar todos os envolvidos, incluindo médicos, secretários, motoboys e o laboratório que fornecia laudos falsos.