Para presidente de CPI, moradia social tem “erro populista”

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O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Habitações da Câmara Municipal, vereador Rubinho Nunes (União), afirmou nesta terça-feira (7/10) que a ideia de construir moradia social – por meio de imóveis do tipo Habitação de Interesse Social (HIS) – em bairros como Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, é baseada em uma “lógica utópica” e foi um “erro populista” durante a criação do Plano Diretor.“Na minha leitura, quando nós fizemos lá atrás, eu nem era vereador ainda, essa revisão [do Plano Diretor], teve um erro muito grande criado pelo populismo que foi justamente criar essas unidades aqui. No discurso de favorecer o mais pobre, favoreceram os bilionários, porque as construtoras continuam fazendo prédios e vendendo para filho de médico, para filho de empresário”, afirmou o vereador (foto de destaque).O presidente da CPI argumentou que o custo de vida dos bairros mais valorizados é superior e que essas famílias não conseguem usufruir de serviços nesses lugares, como restaurantes e mercados.“Quando se pensou o conceito da construção das HIS na cidade de São Paulo, vieram pela utopia, que era muito bonito. ‘Olha, vou pegar a pessoa que mora, sei lá, em Paraisópolis e vou botar ela para morar em Pinheiros. Pô, que legal!’. E aí o cara tem que pegar o metrô, voltar lá em Paraisópolis para fazer a compra de mercado e ficar carregando até Pinheiros porque ele não consegue comprar no mercado que tem ali perto. A conta, simplesmente, não fecha”, disse Rubinho.O parlamentar defendeu ainda que as moradias sociais sejam erguidas em bairros mais distantes, onde as famílias mais pobres já vivem atualmente, como forma de oferecer uma melhor qualidade de vida a essa população.Questionamento da oposiçãoO argumento foi questionado por outros vereadores da mesa da CPI, como o vice-presidente da Comissão, Nabil Bonduki (PT), e a vereadora Silvia Ferraro (PSol), da Bancada Feminista.“De certa maneira, o senhor está dizendo o seguinte: ‘Bom, aqui é o lugar dos ricos, portanto os mais pobres…’. […] Se eu tiver um número significativo de pessoas de renda mais baixa morando em uma região que hoje é mais privilegiada, vai surgir o comércio mais popular. […] Pode se considerar utópico, eventualmente, mas a utopia sempre fez parte do urbanismo, de pensar em uma coisa diferente do que nós temos para transformá-la”, disse Nabil.O petista defendeu que um dos objetivos do Plano Diretor é aproximar a habitação do emprego e dos serviços, e que a política de levar as moradias sociais para áreas de maior concentração de empregos é importante neste sentido.Ambos os vereadores concordaram, no entanto, que as fraudes denunciadas até o momento, envolvendo o uso inadequado dos empreendimentos devem ser combatidas. Leia também São Paulo Moradia social: prédios ignoram lei e liberam aluguel de curta duração São Paulo CPI das HIS da Câmara quer ouvir 17 empresários ligados a construtoras São Paulo Câmara de SP recorre ao STF para não abrir CPIs das HIS e Enchentes São Paulo Câmara Municipal de SP instala CPIs da Habitação e das Enchentes A fala dos parlamentares ocorreu depois do depoimento de um arquiteto e corretor à CPI das Habitações. O convidado, Luiz Eugênio Lacerda Scomparin, disse que antes de os investidores comprarem os apartamentos do tipo HIS, as unidades ficavam encalhadas porque a população mais pobre não conseguia arcar com o valor dos imóveis. Segundo ele, os apartamentos são caros por causa da localização em que estão. Ele afirmou ainda que as famílias não conseguiam financiamento com bancos.A CPI desta terça-feira também aprovou uma série de requerimentos de informação e convites para novos depoimentos. Durante a sessão, Rubinho também anunciou a segunda convocação do presidente da construtora Vitacon, Alexandre Lafer Franquel, que não atendeu ao primeiro chamado para comparecer à CPI e alegou já ter compromisso na data, sugerindo participar apenas em novembro.Para o vereador, a atitude do empresário foi desrespeitosa e sugeriu pedir condução coercitiva do empresário, caso ele não compareça novamente.