O dólar operou em alta nesta terça-feira (2), com destaque para o avanço ante os pares europeus, em dia de forte queda da libra. Ainda nos EUA, o rendimento do Treasury de 30 anos subiu para seu maior nível desde meados de julho, em linha com os avanços nos mercados de títulos da Europa e Reino Unido, já que investidores temem que os governos das principais economias do mundo estejam perdendo o controle sobre seus déficits fiscais.Os temores na Europa contribuíram para uma disparada nos rendimentos dos títulos locais, que atingiram máximas em anos, no caso do Reino Unido, o maior nível desde 1998. As perspectivas para o orçamento local diante do avanço da dívida pesaram na moeda britânica. Na zona do euro, o grande tema é a crise política francesa desencadeada pela tentativa de aprovar um corte de gastos, e que consolida cada vez mais a queda do governo do primeiro-ministro, François Bayrou.O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, fechou em alta de 0,64%, a 98,397 pontos. Por volta das 16h50 (de Brasília), o euro se desvalorizava a US$ 1,1643 e a libra tinha queda a US$ 1,3390. A moeda americana tinha alta ante a japonesa, cotada a 148,37 ienes. Por aqui, o real também registrou desvalorização ante a moeda americana: o dólar à vista fechou em alta de 0,66%, a R$ 5,4748.Os mercados acionários também reagiram com queda pelo mundo. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 1,50%, a 543,17 pontos. Em Londres, o FTSE 100 caiu 0,87%, a 9.116,69 pontos. Em Frankfurt, o DAX recuou 2,21%, a 23.505,26 pontos. Em Paris, o CAC 40 cedeu 0,70%, a 7.654,25 pontos. Leia tambémBolsas de NY caem com dúvidas de tarifas, yields altos e cautela pré-payrollTrump deve protocolar na quarta-feira uma apelação à Suprema Corte para reverter uma decisão que considerou ilegais as tarifas impostas pelo presidente americano a importações estrangeiraBolsas da Europa têm forte baixa, puxadas por alta dos rendimentos com temor fiscalO rendimento do Gilt britânico de 30 anos atingiu nesta terça máxima desde 1998, aumentando a pressão para que o governo eleve impostos no orçamento de outonoEnquanto isso, investidores vendiam a dívida do Reino Unido um dia depois que o primeiro-ministro Keir Starmer reformulou sua principal equipe de assessores, transferindo o vice da ministra das Finanças, Rachel Reeves, para Downing Street, a fim de coordenar melhor a execução em todo o governo.“Quando penso no Reino Unido, na França e assim por diante, acho que isso apenas traz de volta à tona os déficits aqui nos EUA, a dívida pendente e o possível impacto inflacionário das tarifas – todos os fatores que estão elevando os rendimentos em nível global”, disse Jim Barnes, diretor de renda fixa da Bryn Mawr Trust.Segundo a Capital Economics se Rachel Reeves continuar cumprindo sua regra fiscal com uma margem de 10 bilhões de libras, provavelmente terá que arrecadar entre 18 e 28 bilhões de libras no Orçamento de Outono, principalmente por meio de impostos mais altos. “Suspeitamos que as famílias e os bancos sofrerão o impacto do aumento de impostos, e o impacto na economia no próximo ano será um consumo mais fraco do que o normal, uma inflação mais alta e um dilema estagflacionário ainda pior para o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês).Na zona do euro, a aceleração do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) em 2,1% hoje acabou com as esperanças de um corte de juros em setembro pelo Banco Central Europeu (BCE), afirma a Pantheon Macro. “A questão agora é se os membros dovish terão outra oportunidade no quarto trimestre ou no início do próximo ano”, aponta. O membro do Conselho do BCE François Villeroy de Galhau afirmou que a inflação está bem controlada e que o crescimento econômico segue em linha com as previsões.Questões sobre os EUACabe destacar que a dívida federal dos EUA é de US$ 37,18 trilhões, de acordo com o Departamento do Tesouro. Ela continuou crescendo sob governos republicanos e democratas.O Congresso dos EUA também terá menos de um mês para trabalhar para manter o financiamento das agências federais e evitar uma paralisação parcial do governo. Parlamentares precisam chegar a um acordo sobre os cerca de US$ 1,8 trilhão em gastos discricionários no orçamento federal de US$ 7 trilhões.Também pesou no mercado americano o cenário de incerteza após decisão da Justiça de considerar ilegais as tarifas impostas pelo presidente americano a importações estrangeiras. O governo Donald Trump deve protocolar na quarta-feira uma apelação à Suprema Corte para reverter a decisão. “EUA terão sérios problemas sem as tarifas. Sem elas, nós seremos um país de terceiro mundo”, acrescentou o republicano.Também em meio às dúvidas sobre o ingresso dos recursos das tarifas que ajudariam a rechear os cofres do poder público, financiando o déficit americano, os juros dos Treasuries subiram.Já o ING destaca que fatores sazonais podem fortalecer o dólar nesta mês. As empresas americanas têm uma data importante para o imposto de renda em 15 de setembro, e pagamentos na moeda ocasionalmente causam oscilações nos mercados monetários americanos. “Observamos que o índice DXY se recuperou em sete dos últimos dez meses de setembro. Em suma, pode não ser um caminho de mão única para um dólar mais baixo em setembro, apesar da perspectiva de números de emprego mais fracos e do iminente corte de juros do Fed”, aponta.(com Reuters e Estadão Conteúdo)The post Como nervosismo fiscal com a Europa abalou os mercados globais – e o que olhar agora appeared first on InfoMoney.