O avanço das tarifas comerciais e a escalada da volatilidade cambial vêm pressionando diretamente o fluxo de caixa de pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras com exposição ao mercado externo. A avaliação é de Felipe Riberti, Head de Distribuição de Câmbio & Internacional da XP, que alerta para os gargalos financeiros criados por margens mais estreitas e a dificuldade de prever receitas e despesas.Segundo ele, a recente alta de tarifas sobre exportações para os Estados Unidos ampliou a incerteza e obrigou muitas companhias a reduzir margens para seguir competindo. “Esse cenário, aliado à volatilidade do câmbio, reduz a previsibilidade financeira dessas empresas. Quem opera com margens menores acaba ficando mais exposto a choques bruscos.”A escalada do dólar no fim de 2024 é citada pelo executivo como exemplo do impacto que pode inviabilizar negócios. “Em apenas dois meses, a moeda subiu quase 16%, de R$ 5,44 para perto de R$ 6,30. Qual empresa consegue sobreviver a isso sem proteção?”, questiona.Para Riberti, o problema é que muitas PMEs ainda subestimam o risco cambial e postergam a adoção de mecanismos de hedge. “Ouvimos com frequência empresários dizendo que a proteção é cara e que o câmbio não deve variar tanto. Mas quando os movimentos ocorrem, já é tarde demais.”Leia mais: Como os gestores de PME’s devem se preparar com Selic e inflação em altaE também: Retomada da confiança dos consumidores impulsiona Pequenas e Médias EmpresasFerramentas de proteção estão mais acessíveisSe antes produtos de hedge eram restritos a grandes corporações, o cenário mudou nos últimos anos. Hoje, pequenas e médias empresas podem contratar instrumentos como a trava cambial com mais facilidade e custo reduzido.De acordo com Riberti, a XP ajudou a democratizar o acesso. Hoje, o PME pode travar câmbio de forma simples, muitas vezes, sem precisar de limite de crédito, garantias ou burocracia. “Na maioria dos casos, basta ter conta aberta e habilitada. Isso foi uma quebra de paradigmas e fez muitos migrarem de grandes bancos para nossas soluções”, explica.Na prática, o executivo destaca que mecanismos antes vistos como sofisticados já podem ser operados de forma tão simples quanto a contratação de câmbio à vista.“Não se trata de ganhar ou perder, mas de buscar previsibilidade para o negócio. O segredo é combinar instrumentos financeiros relativamente mais simples com gestão operacional e comercial.”Essa visão também desmonta a ideia de que proteção é privilégio das grandes. “É um mito acreditar que só empresas listadas ou com conselho estruturado podem se proteger. Hoje, o PME pode e deve adotar uma política de hedge”, acrescenta.Leia tambémTrump nega rumores sobre estado de saúde e fala em mandar Guarda Nacional à Chicago“Todas as notícias sobre meu estado de saúde são falsas”, disse, quando questionado sobre uma publicação que insinuava que ele estaria morto. “Isso é muito sério.”Lula compara seu julgamento com o de Bolsonaro: “não fiquei chorando, fui à luta”Presidente afirmou que espera apenas “justiça”Do risco à oportunidade: quando o câmbio pode favorecerEmbora o câmbio seja frequentemente tratado apenas como ameaça, o executivo ressalta que pode se transformar em vantagem competitiva para empresas preparadas. “As companhias que adotam política consistente de proteção ganham previsibilidade e conseguem se beneficiar frente a concorrentes que não se protegem”, diz.Na visão dele, o risco está em tomar decisões baseadas apenas no momento, sem planejamento prévio. “Quando o empresário trava preço pelo desespero, geralmente o faz no pior cenário. É por isso que a política de proteção deve ser estruturada com antecedência.”O efeito da alteração tarifária repentina também está no radar. Segundo Riberti, o maior desafio para o planejamento financeiro das PMEs é a imprevisibilidade do cenário atual. “Hoje não sabemos se a tarifa será de 15% ou 100% amanhã. O empresário não precisa tentar adivinhar as alterações que podem ser feitas, mas sim estar preparado para qualquer cenário”, avalia.Setores expostos ao comércio exterior, à importação de insumos ou com dívidas em moeda estrangeira estão entre os mais vulneráveis. “O cenário macro apenas intensifica um risco que sempre existiu. O diferencial é ter uma estratégia de proteção bem feita.”De certo modo, para ele, o câmbio vira oportunidade quando a PME consegue alinhar modelo de negócios, estrutura de custos e mercado de atuação para se beneficiar da variação, “seja ganhando competitividade em exportações, atraindo clientes internacionais, ou aproveitando janelas para compras e investimentos.”The post Tarifas e câmbio pressionam PMEs: risco de caixa aumenta e proteção vira prioridade appeared first on InfoMoney.