Você já reparou que muitas crianças colocam a língua para fora enquanto desenham, escrevem ou brincam com peças pequenas? O gesto, embora pareça apenas uma mania, tem uma explicação científica e revela muito sobre o funcionamento do cérebro durante aprendizado, como explica a psicóloga Cibele Santos. Leia também Vida & Estilo Psicólogas explicam o que suas unhas podem revelar sobre você Saúde Psicologia do ranço: por que sentimos antipatia por alguém sem motivo? Vida & Estilo O que significa desviar o olhar ao falar, segundo a psicologia Vida & Estilo O que significa quando uma pessoa fala sozinha, segundo a psicologia Segundo Cibele, um estudo publicado no Cognitionis Scientific Journal, aponta que esse comportamento vai além de um simples gesto: trata-se de um sinal do desenvolvimento cerebral. “A pesquisa sugere que essa expressão é natural e pode contribuir para a concentração e a memória, ajudando as crianças a se manterem focadas nas tarefas que estão realizando”, explica.A especialista destaca que do ponto de vista neurológico, há uma explicação interessante. As regiões do cérebro responsáveis pelo movimento das mãos e pelo controle da língua e da fala são próximas. “Durante atividades mais exigentes, os neurônios podem ‘transbordar’ para áreas vizinhas, o que ativa involuntariamente os músculos da boca e da língua, levando a pessoa a projetar a língua”, afirma.O cérebro faz parte do sistema nervoso central e é o órgão que controla o corpo. Ele participa de processos essenciais, como o pensamento, as emoções, a memória, a linguagem e os movimentosAlém disso, esse comportamento pode ter raízes evolutivas. Cibele ressalta que a linguagem humana surgiu a partir da comunicação gestual, e por isso existe uma relação antiga entre os movimentos da mãos e da boca.O gesto, segundo a psicóloga, tende a desaparecer conforme a pessoa domina a tarefa. “Quando algo se torna automático, não é mais necessário esse ‘apoio extra’ do corpo. Mas enquanto está aprendendo, a criança se utiliza de todos os recursos que tem, inclusive a língua”, finaliza.