Por Folha de São Paulo 16/11/2025 23h12 — emMundoSÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A experiente Evelyn Matthei, 71, do União Democrática Independente (UDI), chegou a liderar as pesquisas de intenção de voto, mas perdeu fôlego e ficou para trás na corrida à Presidência do Chile, alcançando o quinto lugar neste domingo.Como líder do UDI, tradicional partido da direita chilena, Matthei buscou se consolidar como opção moderada em relação à candidata da coalizão de esquerda do Partido Comunista, Jeannette Jara, e os ultradireitistas José Antonio Kast, do Partido Republicano, e Johannes Kaiser, do Partido Nacional Libertário.Os chilenos agora vão escolher entre Jara e o ex-deputado José Antonio Kast, da ultradireita, para liderar o país.A ascensão e a queda de Matthei refletem a crise da direita tradicional em mais um país latino-americano, avalia o cientista Carlos Meléndez, pesquisador da Universidade de Lisboa. "Hoje, as eleições estão se polarizando cada vez mais. Nesse processo, ela ficou sem uma base política sólida", afirma o especialista.Matthei já foi senadora, deputada, prefeita e ministra do Trabalho do ex-presidente Sebastián Piñera. Fez uma campanha se posicionando como herdeira dessa direita que protagonizou a transição para a democracia a partir dos anos 1990."Mas, nesse contexto de polarização, a direita tradicional acaba sendo estigmatizada sob o rótulo de direitinha covarde", diz Meléndez, que faz um paralelo com o Brasil de Jair Bolsonaro e a Argentina de Javier Milei."Isso aconteceu com a União Cívica Radical e o PRO na Argentina, e com o MDB e, de certo modo, o PSDB no Brasil. Partidos que atuavam no centro ou centro-direita que acabaram se desmoralizando", exemplifica."No Chile, algumas figuras foram muito hábeis e perceberam a tempo esse desgaste da direita convencional", continua Meléndez, citando a consolidação de candidaturas mais radicais, como a de Kast já no último pleito e a de Kaiser mais recentemente.Durante a campanha, Matthei adotou um discurso duro sobre criminalidade, um dos temas centrais da eleição, chegando a falar em "prisão ou cemitério" no último debate televisivo. Em vários momentos, também defendeu aspectos da ditadura de Augusto Pinochet numa tentativa de se aproximar de um discurso mais radical.Em abril, por exemplo, a candidata disse que o golpe de Estado que destituiu Salvador Allende em 1973 foi necessário. "Caso contrário, iríamos direto para Cuba. Não havia outra alternativa", afirmou na época. Em outro episódio, chegou a dizer que as mortes ocorridas logo após o golpe eram inevitáveis.Apesar dos acenos, Meléndez avalia que o movimento não foi suficiente para conquistar os eleitores de Kaiser ou Kast, cujos discursos são mais extremistas. "Um pinochetista não vai se convencer por uma ou duas declarações [mais duras]. Matthei tem uma carreira longa e o perfil dela é o de uma direita conservadora, de classe alta, que carrega certa culpa [do pinochetismo], mas não é radical. Há candidatos muito mais 'críveis' como pinochetistas", diz.A questão da segurança pública tornou-se um tema central das eleições, mas há um tópico bastante catapultado pela direita chilena que não aparece com o mesmo peso em países da região como Argentina e Brasil: o da imigração."A rejeição aos imigrantes, aos estrangeiros, não é um fator que determine o voto em Milei, nem em Bolsonaro, mas é um preditor do voto em candidaturas de direita radical no Chile, como a de Kast, por exemplo", afirma Meléndez.A crise de segurança, combinada com o aumento da imigração, especialmente de venezuelanos, deu à direita espaço para construir um cenário de emergência e defender políticas de mão dura e autoritarismo."O regime de Pinochet, entre aspas, 'colocou ordem' numa sociedade bastante mobilizada e movimentista. Agora, os que reivindicam as ditaduras do século 20 o fazem sob uma nova retórica: mais populista, mais confrontacional e que entra muito mais na questão dos valores morais, da família e da tradição."Bastidores da PolíticaAmazonino: o homem, o poder e a solidão"; // imagens[1] = // ""; // imagens[4] = // ' source src = "/sites/all/themes/v5/banners/videos/vt-garcia-07-2023.mp4" type = "video/mp4" >'; // imagens[2] = // ""; // imagens[4] = // ""; // imagens[3] = // ""; // imagens[4] = // ""; index = Math.floor(Math.random() * imagens.length); document.write(imagens[index]);]]>O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.