INSS: ex-ministro pró-Palestina era “Yasser” em planilha de propinas

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Alvo da última fase da Operação Sem Desconto, deflagrada na semana passada pela Polícia Federal (PF), o ex-ministro da Previdência José Carlos Oliveira (foto em destaque) era identificado com os codinomes “São Paulo” e “Yasser” em mensagens e planilhas referentes a propinas que teriam sido pagas pela Confederação Nacional de Agricultores e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), uma das entidades envolvidas no escândalo dos descontos indevidos do INSS, revelado pelo Metrópoles.Os codinomes atribuídos a Oliveira se devem à influência do ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo, onde ele foi superintendente do INSS antes de presidir o instituto e candidato a vereador pelo PSD na capital paulista, em 2024. O outro apelido faz referência a Yasser Arafat, líder histórico da Autoridade Palestina, morto em 2004. Oliveira se converteu ao islamismo, mudou seu nome para Ahmed Mohamed Oliveira por motivos religiosos e defende a causa palestina.Na última quinta-feira (13/11), Oliveira foi alvo de busca e apreensão da PF e passou a utilizar uma tornozeleira eletrônica para monitoramento por ordem do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na mesma operação, foram presos três ex-dirigentes do INSS, incluindo o ex-presidente Alessandro Stefanutto, que chegou ao cargo no governo Lula. Leia também São Paulo PF: ex-ministro de Bolsonaro recebia “pagamentos sistemáticos de propina” São Paulo Farra do INSS: elo familiar e fuzilamento ligam entidade a ex-ministro Fabio Serapião INSS: PF cita transações suspeitas de ex-ministro de Jair Bolsonaro São Paulo Dono de entidade da Farra do INSS pediu de volta BMW doada, diz pastor Mensagens e planilhas de propinaA PF encontrou uma planilha de fevereiro de 2023 que mostra um pagamento de R$ 100 mil para “São Paulo Yasser”. No período do repasse, Oliveira não era mais ministro, mas seu sócio Edson Yamada, que o ajudou na campanha à Câmara paulistana, era o diretor de benefícios do INSS, responsável por assinar os acordos que permitiam os descontos de mensalidade feitos pelas associações direto nos contracheques dos aposentados.Em uma mensagem de WhatsApp interceptada pela PF, Oliveira ainda agradeceu a Cícero Marcelino de Souza Santos, apontado como “operador financeiro” da Conafer, após ter recebido um suposto pagamento indevido, segundo a investigação. Ao todo, a entidade é acusada de ter desviado R$ 640,9 milhões do valor arrecadado com os descontos indevidos.Oliveira foi ministro da Previdência entre março e dezembro de 2022, sucedendo a Onyx Lorenzoni (PP-RS), que desembarcou do governo Bolsonaro para concorrer ao governo do Rio Grande do Sul naquele ano. Antes de ser ministro, Oliveira foi presidente do INSS e superintendente regional em São Paulo do órgão que entrou por meio de concurso em 1985.Defesa da Palestina na CPMIA relação de Oliveira com o islã e a Palestina veio à tona durante depoimento dele à CMPI do INSS, em setembro. Questionado pelo deputado Alfredo Gaspar (União-AL), relator da comissão, Oliveira defendeu a causa palestina no Congresso. O parlamentar disse que viu o ex-ministro com uma bandeira da Palestina e perguntou qual era a vinculação.“Amor pela Palestina. Eu vou muito ao Oriente Médio e sempre fui pró causa palestina”, respondeu Oliveira. Em tom jocoso, Gaspar questionou se essa vinculação não teria relação com o grupo terrorista Hamas. “Não, não. Aliás, se me permite, o povo palestino é vítima do Hamas, tá? Vítima do Hamas. Vive sob o jugo do Hamas”, acrescentou o ex-ministro, que negou qualquer envolvimento nas fraudes contra os aposentados.Na sessão da CPMI, Oliveira também explicou a mudança de nome para Ahmed Mohamed. Disse que é muçulmano há muitos anos, mas ainda não havia mudado de nome porque a legislação não permitia a troca porque o nome de nascimento não era vexatório.“Meu nome hoje é o meu nome muçulmano. E eu consegui fazer a retificação de assento aqui no Brasil, porque agora se permite”, disse. “Eu tenho uma filha que se chama Yasmin. O nome dela é Yasmin Ahmed, e ela nasceu em 1998. E, desde que nasceu, o nome dela é Yasmin Ahmed Hatheyer Oliveira. Ou seja, já lá em 1998, o meu nome era Ahmed, só que eu não tinha condição de fazer a mudança”.