Em apenas cinco anos, o Pix, que surgiu como uma inovação tecnológica, consolidou-se como o principal meio de pagamento no Brasil. Com mais de 60 bilhões de transações anuais, o Pix não só transformou a forma como os brasileiros realizam pagamentos, mas também conquistou a atenção do sistema financeiro, especialistas e autoridades em todo o mundo.Em julho, o prêmio Nobel Paul Krugman citou o Pix em um artigo intitulado “O Brasil inventou o futuro do dinheiro? – E será que chegará para os EUA?”, onde exaltava o sucesso do Pix e provocava o sistema financeiro norte-americano que, na sua avaliação, permanecerá “preso a uma combinação de interesses pessoais e fantasias criptográficas”.O meio de pagamento instantâneo brasileiro, que é provido pelo BC, foi um dos temas centrais mencionados pelo presidente norte-americano Donald Trump na disputa de taxas travada com o governo brasileiro, acusando o país de adotar práticas que “minam a competitividade” de empresas americanas nos setores de comércio digital e serviços de pagamento eletrônico. O motivo? As perdas causadas a empresas americanas, como as bandeiras de cartão Visa e Mastercard.As bandeiras vem implementando esforços para manter os cartões relevantes em meio à ascensão do Pix, reforçando benefícios e vantagens e apostando em ações voltadas para públicos de maior renda visando as compras com ticket mais alto – e até se unindo ao Pix, seja participando das mesmas ocasiões de compra, como a aquisição de passagens de transporte público, ou criando empresas que fornecem tecnologia para os pagamentos via Pix.O Banco Central frequentemente reafirma que o Pix não rouba o mercado de cartões e, na verdade, atinge o uso do dinheiro em espécie.De fato, os números mostram crescimento no mercado dos cartões. Em 2019, ano anterior ao Pix, foram realizadas 10,8 bilhões de transações com cartões de débito – que têm ocasiões de compra um pouco mais parecidas com o Pix – que somaram R$ 470,2 bilhões. Em 2024, os números subiram para 16,4 bilhões de transações e R$ 976,1 bilhões. No caso do cartão de crédito, as transações passaram de 9,6 bilhões em 2019 para 20 bilhões em 2024, enquanto o volume transacionado cresceu de R$ 1 trilhão para R$ 2,6.Porém, os crescimentos anotados pelos cartões perderam velocidade em relação ao passado e ficaram ainda menores comparados a explosão do Pix de quase 3.600% em quantidade de transações entre 2020 e 2024.Leia mais: Pix automático, agendado, por aproximação, parcelado e mais: o que é cada um?Além disso, outras iniciativas Pix, como o Pix Automático, lançado em junho deste ano, e o Pix Parcelado, já disponibilizado por algumas instituições, prometem roubar uma fatia maior das compras que utilizam cartões. Isso porque o Pix Automático substitui o cartão de crédito na hora de empresas de serviços por assinatura, como streamings ou academias, programarem cobranças recorrentes a clientes, e o Pix Parcelado, que permite o parcelamento de compras sem uso do cartão de crédito e a um custo muito menor para os lojistas.O tamanho do PixExistem mais de 901 milhões de chaves Pix, distribuídas entre 178 milhões de usuários cadastrados, número que representa 83,4% do total de habitantes do Brasil.Em número de transações, o Pix ultrapassou 63,4 bilhões no ano passado e, sozinho, passou a concentra mais de 50% de todos os pagamentos feitos no país, segundo estatísticas oficiais do Banco Central. Até o segundo semestre de 2025, dado mais recente disponibilizado na plataforma Olinda, do BC, já haviam sido feitas mais de 36,9 bilhões de transações, alta de 23,8% em relação ao mesmo período do ano passado.Quantidade anual de transações (considerando Pix, TED, Boletos, Cartão de Crédito, Cartão de Débito, Cartão Pré-pago, Débito Direto e saques) – Fonte: Banco Central | Arte: InfoMoney com o auxílio de Inteligência ArtificialParticipação das transações Pix em relação ao todo (considerando Pix, TED, Boletos, Cartão de Crédito, Cartão de Débito, Cartão Pré-pago, Débito Direto e saques) – Fonte: Banco Central | Arte: InfoMoney com o auxílio de Inteligência ArtificialVolume transacionadoDados do Banco Central mostram que, em 2024, o Pix movimentou R$ 26,4 trilhões, um crescimento explosivo desde o lançamento em novembro de 2020, quando ainda engatinhava com operações pontuais entre pessoas físicas. Naquele ano o valor transacionado pelo Pix havia sido R$ 149,9 de bilhões. O gráfico mostra também que o recorde de 2024 deve ser batido: no primeiro semestre de 2025 o Pix movimentou R$ 15,8 trilhões, um crescimento de 35% em relação ao mesmo período do ano anterior.Valor transacionado anualmente (considerando Pix, TED, Boletos, Cartão de Crédito, Cartão de Débito, Cartão Pré-pago, Débito Direto e saques) – Fonte: Banco Central | Arte: InfoMoney com o auxílio de Inteligência ArtificialTED e boletos: pagamentos entre empresas resistem ao PixAlém de substituir transações entre pessoas físicas, o Pix ganhou grande parte dos pagamentos entre empresas e comércios. Contudo, dados mostram que o meio de pagamento ainda enfrenta resistência nas transações de alto valor e B2B. As TEDs continuam concentrando o maior volume transacionado entre todos os meios de pagamento, porque são mais usadas nas transações de altíssimo valor, seja por causa da impressão de maior segurança atrelada as TEDs ou a obrigações regulatórias. O valor movimentado em TEDs bateu R$ 43,1 trilhões em 2024, contra R$ 26,4 trilhões do Pix.Contudo, observa-se que, desde a chegada do meio de pagamento instantâneo, a quantidade de TEDs vem caindo ano após ano. Foram 821,4 milhões de transações de TEDs no ano passado, contra 63,4 bilhões do Pix. Em 2019, quanto o Pix não existia, o número de TEDs ultrapassava 1 bilhão de transações.Outro meio de pagamento que segue resiliente é o boleto, devido à facilidade de integração com sistemas de gestão (ERPs), compliance bancário e previsibilidade operacional. Dados do estudo “Panorama do Contas a Pagar 2026”, realizado pela Qive a partir da análise de 315 milhões de notas fiscais eletrônicas entre janeiro de 2023 e setembro de 2025, mostram o boleto segue sendo o meio de pagamento dominante nas transações entre empresas.No período o boleto movimentou R$ 2,47 trilhões em valor financeiro, com 224,3 milhões de notas fiscais liquidadas. A participação no valor total caiu de 73,2% para 69,3% no período, enquanto o volume de documentos passou de 70,4% para 64,9%. Ainda assim, em 2025, o boleto representa entre 50% e 80% do valor financeiro das transações na maioria dos setores, com destaque para Saúde (79,4%), Infraestrutura (69%) e Varejo (67,8%).Quem o Pix mandou para o caixãoO Pix foi o grande causador do fim das transações via DOC e TEC, criadas nas décadas de 1980 e 1990, respectivamente, e encerradas no primeiro trimestre de 2024.Na ocasião, a Febraban declarou que o DOC e a TEC estavam sendo descontinuados devido ao desinteresse crescente dos brasileiros por pelos métodos, que perderam espaço para as transações instantâneas e gratuitas do Pix.Na miraO número de saques e o valor sacado vem diminuindo vertiginosamente, passando de R$ 3,31 trilhões em 4,6 bilhões de transações em 2029 para R$ 2,1 trilhões em 2,7 bilhões de transações em 2024, sofrendo o impacto tanto do Pix quanto do avanço irreversível dos meios de pagamentos digitais.Os desafios à frenteEm um horizonte mais próximo, o Pix tem o pipeline de lançamentos de novas modalidades como o principal desafio, seja o Pix Parcelado, que aguarda regras de padronização, e o Pix em Garantia – modalidade ousada que permitirá que recebíveis do Pix sirvam de garantia para financiamentos à negócios – que ainda não estreou.Para Hoffmann, o próximo passo é a interoperabilidade, isto é, a conexão entre sistemas de pagamento de diferentes países. “Nos próximos cinco anos, veremos muita evolução nesse sentido. Acredito que 2026 será o ano da consolidação regional entre blocos de países, e que entre 2027 e 2028 veremos a capilarização das conexões entre esses diversos hubs de interoperabilidade que irão surgir.”Sobre a regulação, o executivo ressalta que “o Banco Central está corretamente endurecendo as regras do jogo, dados os volumes que empresas não antes reguladas passaram a movimentar. No entanto, é importante que o conceito de sandbox regulatório [ambiente de inovação e testes controlado, com regras estabelecidas, mas flexíveis] não seja abandonado. Ambientes de sandbox são essenciais para a inovação”, finalizou.Em apenas cinco anos, o Pix, que surgiu como uma inovação tecnológica, consolidou-se como o principal meio de pagamento no Brasil. Com mais de 60 bilhões de transações anuais, o Pix não só transformou a forma como os brasileiros realizam pagamentos, mas também conquistou a atenção do sistema financeiro, especialistas e autoridades em todo o mundo.Em julho, o prêmio Nobel Paul Krugman citou o Pix em um artigo intitulado “O Brasil inventou o futuro do dinheiro? – E será que chegará para os EUA?”, onde exaltava o sucesso do Pix e provocava o sistema financeiro norte-americano que, na sua avaliação, permanecerá “preso a uma combinação de interesses pessoais e fantasias criptográficas”.O meio de pagamento instantâneo brasileiro, que é provido pelo BC, foi um dos temas centrais mencionados pelo presidente norte-americano Donald Trump na disputa de taxas travada com o governo brasileiro, acusando o país de adotar práticas que “minam a competitividade” de empresas americanas nos setores de comércio digital e serviços de pagamento eletrônico. O motivo? As perdas causadas a empresas americanas, como as bandeiras de cartão Visa e Mastercard.As bandeiras vem implementando esforços para manter os cartões relevantes em meio à ascensão do Pix, reforçando benefícios e vantagens e apostando em ações voltadas para públicos de maior renda visando as compras com ticket mais alto – e até se unindo ao Pix, seja participando das mesmas ocasiões de compra, como a aquisição de passagens de transporte público, ou criando empresas que fornecem tecnologia para os pagamentos via Pix.O Banco Central frequentemente reafirma que o Pix não rouba o mercado de cartões e, na verdade, atinge o uso do dinheiro em espécie.De fato, os números mostram crescimento no mercado dos cartões. Em 2019, ano anterior ao Pix, foram realizadas 10,8 bilhões de transações com cartões de débito – que têm ocasiões de compra um pouco mais parecidas com o Pix – que somaram R$ 470,2 bilhões. Em 2024, os números subiram para 16,4 bilhões de transações e R$ 976,1 bilhões. No caso do cartão de crédito, as transações passaram de 9,6 bilhões em 2019 para 20 bilhões em 2024, enquanto o volume transacionado cresceu de R$ 1 trilhão para R$ 2,6.Porém, os crescimentos anotados pelos cartões perderam velocidade em relação ao passado e ficaram ainda menores comparados a explosão do Pix de quase 3.600% em quantidade de transações entre 2020 e 2024.Leia mais: Pix automático, agendado, por aproximação, parcelado e mais: o que é cada um?Além disso, outras iniciativas Pix, como o Pix Automático, lançado em junho deste ano, e o Pix Parcelado, já disponibilizado por algumas instituições, prometem roubar uma fatia maior das compras que utilizam cartões. Isso porque o Pix Automático substitui o cartão de crédito na hora de empresas de serviços por assinatura, como streamings ou academias, programarem cobranças recorrentes a clientes, e o Pix Parcelado, que permite o parcelamento de compras sem uso do cartão de crédito e a um custo muito menor para os lojistas.O tamanho do PixExistem mais de 901 milhões de chaves Pix, distribuídas entre 178 milhões de usuários cadastrados, número que representa 83,4% do total de habitantes do Brasil.Em número de transações, o Pix ultrapassou 63,4 bilhões no ano passado e, sozinho, passou a concentra mais de 50% de todos os pagamentos feitos no país, segundo estatísticas oficiais do Banco Central. Até o segundo semestre de 2025, dado mais recente disponibilizado na plataforma Olinda, do BC, já haviam sido feitas mais de 36,9 bilhões de transações, alta de 23,8% em relação ao mesmo período do ano passado.Quantidade anual de transações (considerando Pix, TED, Boletos, Cartão de Crédito, Cartão de Débito, Cartão Pré-pago, Débito Direto e saques) – Fonte: Banco Central | Arte: InfoMoney com o auxílio de Inteligência ArtificialParticipação das transações Pix em relação ao todo (considerando Pix, TED, Boletos, Cartão de Crédito, Cartão de Débito, Cartão Pré-pago, Débito Direto e saques) – Fonte: Banco Central | Arte: InfoMoney com o auxílio de Inteligência ArtificialVolume transacionadoDados do Banco Central mostram que, em 2024, o Pix movimentou R$ 26,4 trilhões, um crescimento explosivo desde o lançamento em novembro de 2020, quando ainda engatinhava com operações pontuais entre pessoas físicas. Naquele ano o valor transacionado pelo Pix havia sido R$ 149,9 de bilhões. O gráfico mostra também que o recorde de 2024 deve ser batido: no primeiro semestre de 2025 o Pix movimentou R$ 15,8 trilhões, um crescimento de 35% em relação ao mesmo período do ano anterior.Valor transacionado anualmente (considerando Pix, TED, Boletos, Cartão de Crédito, Cartão de Débito, Cartão Pré-pago, Débito Direto e saques) – Fonte: Banco Central | Arte: InfoMoney com o auxílio de Inteligência ArtificialTED e boletos: pagamentos entre empresas resistem ao PixAlém de substituir transações entre pessoas físicas, o Pix ganhou grande parte dos pagamentos entre empresas e comércios. Contudo, dados mostram que o meio de pagamento ainda enfrenta resistência nas transações de alto valor e B2B. As TEDs continuam concentrando o maior volume transacionado entre todos os meios de pagamento, porque são mais usadas nas transações de altíssimo valor, seja por causa da impressão de maior segurança atrelada as TEDs ou a obrigações regulatórias. O valor movimentado em TEDs bateu R$ 43,1 trilhões em 2024, contra R$ 26,4 trilhões do Pix.Contudo, observa-se que, desde a chegada do meio de pagamento instantâneo, a quantidade de TEDs vem caindo ano após ano. Foram 821,4 milhões de transações de TEDs no ano passado, contra 63,4 bilhões do Pix. Em 2019, quanto o Pix não existia, o número de TEDs ultrapassava 1 bilhão de transações.Outro meio de pagamento que segue resiliente é o boleto, devido à facilidade de integração com sistemas de gestão (ERPs), compliance bancário e previsibilidade operacional. Dados do estudo “Panorama do Contas a Pagar 2026”, realizado pela Qive a partir da análise de 315 milhões de notas fiscais eletrônicas entre janeiro de 2023 e setembro de 2025, mostram o boleto segue sendo o meio de pagamento dominante nas transações entre empresas.No período o boleto movimentou R$ 2,47 trilhões em valor financeiro, com 224,3 milhões de notas fiscais liquidadas. A participação no valor total caiu de 73,2% para 69,3% no período, enquanto o volume de documentos passou de 70,4% para 64,9%. Ainda assim, em 2025, o boleto representa entre 50% e 80% do valor financeiro das transações na maioria dos setores, com destaque para Saúde (79,4%), Infraestrutura (69%) e Varejo (67,8%).Quem o Pix mandou para o caixãoO Pix foi o grande causador do fim das transações via DOC e TEC, criadas nas décadas de 1980 e 1990, respectivamente, e encerradas no primeiro trimestre de 2024.Na ocasião, a Febraban declarou que o DOC e a TEC estavam sendo descontinuados devido ao desinteresse crescente dos brasileiros por pelos métodos, que perderam espaço para as transações instantâneas e gratuitas do Pix.Na miraO número de saques e o valor sacado vem diminuindo vertiginosamente, passando de R$ 3,31 trilhões em 4,6 bilhões de transações em 2029 para R$ 2,1 trilhões em 2,7 bilhões de transações em 2024, sofrendo o impacto tanto do Pix quanto do avanço irreversível dos meios de pagamentos digitais.Os desafios à frenteEm um horizonte mais próximo, o Pix tem o pipeline de lançamentos de novas modalidades como o principal desafio, seja o Pix Parcelado, que aguarda regras de padronização, e o Pix em Garantia – modalidade ousada que permitirá que recebíveis do Pix sirvam de garantia para financiamentos à negócios – que ainda não estreou.Para Hoffmann, o próximo passo é a interoperabilidade, isto é, a conexão entre sistemas de pagamento de diferentes países. “Nos próximos cinco anos, veremos muita evolução nesse sentido. Acredito que 2026 será o ano da consolidação regional entre blocos de países, e que entre 2027 e 2028 veremos a capilarização das conexões entre esses diversos hubs de interoperabilidade que irão surgir.”Sobre a regulação, o executivo ressalta que “o Banco Central está corretamente endurecendo as regras do jogo, dados os volumes que empresas não antes reguladas passaram a movimentar. No entanto, é importante que o conceito de sandbox regulatório [ambiente de inovação e testes controlado, com regras estabelecidas, mas flexíveis] não seja abandonado. Ambientes de sandbox são essenciais para a inovação”, finalizou.The post Pix em 5 anos: a revolução que transformou os pagamentos no Brasil appeared first on InfoMoney.