Debates interrompidos

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Em poucos dias, Miguel Prata Roque e André Ventura ter-se-ão levantado a meio de dois diferentes debates, abandonando a sala e deixando o interlocutor a falar sozinho. Mais que avaliar ou julgar o comportamento de ambos e as razões que lhes possam ter assistido, creio que se trata de sintomas do estado da nossa democracia que não devemos ignorar.Fazer política numa democracia implica, necessariamente, ter de ouvir muitas ideias que detestamos. Faz parte da job description. Deixar o debate a meio não faz. Será mais um sinal desta desgraçada polarização que se acentua e acentua e acentua. Os nossos políticos poderiam ganhar com a leitura de um artigo curtinho de Nacy Koehn, Why Lincoln hid his strongest feelings from the public (publicado na versão online da Harvard Business Review).A autora, especialista na presidência de Abraham Lincoln, defende a importância da autoconsciência emocional, autocontrolo e de uma certa capacidade de distanciamento pessoal. No limite, naquele contexto, mesmo o insulto é só política. Como Koehn também defendeu, a melhor defesa não será fight or flight mas uma mistura de gravitas e humor. Imagino que seja difícil manter a compostura em algumas circunstâncias, mas como um dia terá explicado, salvo erro, Bismarck, quem não gosta de calor não se vá meter na cozinha.O conteúdo Debates interrompidos aparece primeiro em Revista Líder.