O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado nesta segunda-feira (17), teve variação de -0,24% em setembro, em linha com o esperado pelo mercado. O dado indica uma desaceleração mais disseminada, com queda na indústria, impostos e serviços, o que foi parcialmente compensado pelo desempenho do agronegócio. O indicador, que é considerado uma espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB), aponta que o crescimento deve ser moderado, com perda de impulso em setores relevantes, reflexo do peso da política monetária, avalia Leonardo Costa, do ASA.Leia também: Boletim Focus: projeções de inflação e câmbio voltam a cair em 2025Para Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay, o indicador aponta que a economia voltou a operar em ritmo mais moderado no fim do 3º trimestre, sem consolidar a recuperação iniciada no mês anterior.Foco nos númerosRodolfo Margato, economista da XP, destaca que na comparação com setembro de 2024, o indicador subiu 2%, resultado que também ficou dentro do esperado pelo mercado. A XP projetava alta de 2,1%, e o consenso de mercado estava em 1,9%. De acordo com o economista, o dado “não deve afetar de forma significativa o mercado, a construção de cenário de curto prazo.”Segundo Margato, a principal mensagem de cautela reside na análise dos dados trimestrais e desagregados. O índice geral do IBC-Br registrou uma contração de -0,9% no terceiro trimestre de 2025 em relação ao segundo trimestre.O recuo no mês foi influenciado pela queda da atividade da indústria, que teve recuo de -0,7%, impostos, com -0,65%, e serviços, com variação negativa de -0,1%. O único resultado positivo veio da agropecuária, com alta de 1,5% após seis quedas consecutivas, destaca o Goldman Sachs. Segundo Rafael Perez, economista do Suno Research, o resultado positivo do agronegócio é um reflexo do início da safra de verão. Na avaliação dele, a indústria sente o impacto da política monetária restritiva, que mantém a taxa básica de juros em 15%, encarecendo o crédito, além do arrefecimento da demanda interna e das incertezas no cenário externo. Já o setor de serviços indica uma acomodação do crescimento. Para Perez, isso revela uma perda de fôlego do consumo, diante da dissipação dos efeitos dos precatórios no mês de julho e o elevado endividamento das famílias.Leia também: Como o Brasil chegou a 8 milhões de CNPJs negativados e 80 milhões de endividados“À medida que setores que anteriormente demonstravam maior resiliência, como serviços, também passam a perder tração, a tendência é que a atividade econômica exiba sinais mais claros de arrefecimento, movimento que deverá se tornar ainda mais evidente no último trimestre do ano”, diz Perez.Considerando a comparação com o desempenho da atividade econômica no ano passado, o indicador permanece praticamente estável em relação a setembro de 2024 (série sem ajuste), reforçando a leitura de que o nível de atividade segue lateralizado, avalia Benedito. “A volatilidade recente do indicador, marcada por quedas em julho, alta em agosto e nova retração em setembro, sugere que o crescimento perdeu consistência ao longo do trimestre”, afirma.Ela diz que o quadro é compatível com condições financeiras ainda restritivas e com a normalização gradual da demanda após o pico observado no início do ano.ProjeçõesSegundo o Goldman Sachs, a expectativa é de que a atividade econômica real continue a se beneficiar das transferências fiscais federais para famílias de baixa renda, com alta propensão a gastar, e da expansão da renda disponível real das famílias, tanto do trabalho quanto de outras fontes. Além disso, o novo programa de empréstimos garantidos por folha de pagamento e o próximo aumento no limite de isenção do imposto de renda pessoal devem pressionar a atividade de um lado, enquanto as condições monetárias e financeiras domésticas restritivas, os altos níveis de endividamento das famílias e os baixos níveis de ociosidade econômica devem pressionar de outro.A XP ressalta que o indicador não afeta diretamente as projeções para o PIB, com ligeira alta de 0,2% para o PIB total no terceiro tri em relação ao segundo trimestre e com ajuste sazonal. Na comparação com o 3º trimestre de 2024, a estimativa é de crescimento de 1,6%, um valor acima do que o IBC-Br sugere, segundo Margato, que é de alta de 1,1% no mesmo comparativo. A projeção para o PIB total de 2025 é mantida em 2,1%.Para o ASA, o terceiro trimestre deverá fechar com variação de 0,2% sobre o segundo tri, um ritmo compatível com a economia em desaceleração, avalia Costa. Para o PicPay, o resultado não altera a projeção de PIB de 2025 em 2,2%.The post “Prévia” do PIB fraca mostra peso da Selic e esgotamento de estímulos à demanda appeared first on InfoMoney.