Professor da Unesp demitido por assédio diz que estava em surto

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O professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) demitido após acusações de assédio afirmou que é portador de Transtorno Afetivo Bipolar e Transtorno do Espectro Autista e que “estava em surto” no momento dos fatos. Rafael Salatini de Almeida foi demitido por justa causa na última quarta-feira (12/11).A decisão decorre de uma análise técnica feita pela Unesp após a Ouvidoria da instituição receber 44 denúncias reunidas por estudantes contra o docente, em maio de 2024. Na época, os alunos também organizaram uma paralisação das aulas e cobriram muros do campus com cartazes que continham frases que teriam sido ditas pelo professor.15 imagensFechar modal.1 de 15Cartazes denunciam assédio no campus de Marília Arquivo pessoal 2 de 15Professor teria o hábito de fazer comentários vexatórios em sala de aulaArquivo pessoal 3 de 15Alunos ficaram um dia paralisado em protesto pelos assédios Arquivo pessoal 4 de 15Caso aconteceu no campus de Marília Arquivo pessoal 5 de 15Arquivo pessoal 6 de 15Arquivo pessoal 7 de 15Arquivo pessoal 8 de 15Arquivo pessoal 9 de 15Arquivo pessoal 10 de 15Arquivo pessoal 11 de 15Arquivo pessoal 12 de 15Arquivo pessoal 13 de 15Arquivo pessoal 14 de 15Arquivo pessoal 15 de 15Arquivo pessoal Ao Metrópoles, a defesa do professor afirmou que se surpreendeu com a demissão. “Conforme foi provado nos autos administrativos e atestado pela própria perícia técnica da Unesp, o docente tomou conhecimento dentro do processo, após passar por perícias, de que é portador de Transtorno Afetivo Bipolar e Síndrome de Asperger (Transtorno do Espectro Autista).” Leia também São Paulo “Por quanto daria a bunda?”: Unesp demite professor acusado de assédio São Paulo Estudantes da Unesp acusam professor de assédio sexual e agressão São Paulo Técnica desenvolvida pela Unesp detecta metanol em bebidas com rapidez São Paulo Pesquisadores da Unesp usam bactérias para gerar eletricidade. Entenda “A psiquiatria da Unesp atestou que, no período dos fatos ocorridos, o docente estava em surto, com prejuízo efetivo de sua capacidade laboral e de seu discernimento. Diante desta perspectiva, esperava-se que a Unesp acolhesse o parecer técnico e propusesse um Termo de Ajuste de Conduta. Como isso não fora feito, esta defesa buscará a reversão dos fatos nas instâncias ordinárias”, concluíram os advogados do professor.ConstrangimentoAs 44 denúncias contra Rafael Salatini de Almeida foram recolhidas pelo Centro Acadêmico de Relações Internacionais “Diplomata Sérgio Vieira de Mello” (CARI) e entregues coletivamente à Ouvidoria da Unesp no ano passado.Na ocasião, um estudante que conversou com o Metrópoles e não quis se identificar disse que Salatini tem o hábito de constranger os alunos com comentários inapropriados na frente da turma.“Eu presenciei uma vez que ele disse para um colega ‘Por quantos reais você me daria a bunda?’ E começou a estipular os valores. ‘Por 10 mil reais? 30 mil? 1 milhão’? Meu colega foi negando, até chegar em um momento que ele disse: ‘Eu acho que você estaria mentindo. Acho que você me daria a bunda por bem menos”, contou o aluno.Rafael Salatini leciona em três disciplinas obrigatórias do primeiro e terceiro ano do curso de relações internacionais. Segundo o estudante que conversou com a reportagem, os comentários do professor começaram com frases preconceituosas e, com o tempo, tornaram-se mais direcionadas.Mais de uma turma teria passado pelo mesmo problema.Procurada, a Unesp afirmou que o docente foi demitido por justa causa por procedimento irregular de natureza grave, ato de improbidade e conduta moralmente questionável após conclusão da comissão designada para apurar o caso.