Muito se fala da ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) em humanos, como diabetes, câncer e obesidade. No entanto, as condições também podem afetar animais. De acordo com um estudo recente, as DCNTs têm sido cada vez mais comuns nos bichinhos devido a fatores genéticos e ambientais. Leia também Ciência Saiba como animais podem ajudar na recuperação de pacientes internados Ciência Por que alguns animais hibernam e como sobrevivem ao frio extremo Ciência Animais albinos: entenda desafios e cuidados com as espécies raras É o bicho! Animais também ficam mais mal-humorados com a idade, revela estudo A constatação é da zootecnista Antonia Mataragka, da Universidade Agrícola de Atenas, na Grécia. O objetivo da pesquisadora era aprimorar o monitoramento e o manejo de doenças crônicas em animais. A pesquisa foi publicada na revista científica Risk Analysis em 10 de novembro.Após analisar pesquisas anteriores sobre doenças crônicas em animais, a pesquisadora aponta vários fatores como responsáveis pelo impulsionamento das condições em animais de criação, estimação e selvagens.Por exemplo, em alguns casos, cães e gatos criados seletivamente para terem determinados atributos físicos, assim como animais criados para produtividade, têm mais predisposição genética para ter diabetes ou insuficiência mitral (doença cardíaca).Fatores como má alimentação, pouca atividade física e estresse prolongado também favorecem a ocorrência das doenças em diferentes espécies animais. Outro motivo apontado pela pesquisadora são as transformações ecológicas provocadas pelo homem: a urbanização, mudanças climáticas, alterações no uso da terra e perda de biodiversidade elevam a frequência e a gravidade da exposição a substâncias nocivas.Nos oceanos, o aquecimento da água prejudica a saúde dos corais e eleva as chances de tumores em alguns seres marinhos, incluindo tartarugas e peixes. Para animais de estimação, o aumento do calor e a má qualidade do ar contribuem para a obesidade, diabetes e doenças autoimunes.Já para aves e mamíferos, os problemas são mais relacionados ao escoamento de produtos químicos e à poluição do ar atmosférico, que prejudicam diretamente suas funções endócrinas.“À medida que as mudanças ambientais aceleram o surgimento de doenças, a ausência de sistemas de diagnóstico precoce atrasa ainda mais a detecção de DCNT em animais”, aponta Antonia em comunicado.Segundo a pesquisadora, é necessário implementar medidas de mitigação das doenças crônicas em animais. Além disso, é preciso desenvolver novas formas para identificar sinais precoces das condições nos bichos e formular novas políticas públicas para reduzir os fatores que ameaçam os animais.“Precisamos de pesquisas mais abrangentes e de uma vigilância aprimorada na saúde veterinária para melhor compreender e abordar essas questões”, finaliza a pesquisadora.Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!