As lições apreendidas com a liquidação do Banco Master

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Na última terça-feira (18), o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master e a Polícia Federal prendeu seu principal acionista, Daniel Vorcaro. Basicamente, o banco cresceu, vendendo títulos bancários, principalmente CDBs, com taxas muito superiores ao do mercado. Sob o mito de que os títulos eram livres de risco, pois apresentavam garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), investidores compravam os papéis acreditando que estavam fora de perigo.Em primeiro lugar, o FGC garante o ressarcimento até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira, limitados a R$ 1 milhão. De tal modo que, se alguém tiver posições num banco acima de R$ 250 mil e essa instituição financeira quebrar, o investidor não receberá o que exceder esse limite. Por exemplo, se alguém tiver R$ 400 mil, considerando o principal investido mais o ganho de juros, e este banco quebrar, a pessoa só vai receber R$ 250 mil, amargando o prejuízo de R$ 150 mil.Essa constatação, por si só, já demonstra que a operação tem risco de crédito (incerteza de não receber o valor aplicado mais os juros). A dúvida fica para pessoas que têm posições menores que R$ 250 mil. Nesse caso, a operação é livre de risco de crédito?O caso do Banco Master prova que não. Há dúvidas se os recursos do FGC serão suficientes para honrar todos os credores do Master. Provavelmente, sim; mas às custas de uma grande descapitalização do FGC — 40 bilhões serão consumidos de um total líquido de R$ 122 bilhões. Esses números mostram que no caso de uma crise sistêmica — calote do Tesouro Nacional, levando a quebra de alguns bancos — não haverá recurso suficiente do FGC para pagar todo mundo.Portanto, uma aplicação com garantia do FGC não deve ser entendida como livre de risco. A garantia do FGC deve ser assimilada pelo investidor como um conforto adicional, caso haja um problema pontual em determinado banco. Em outras palavras, o investidor deve avaliar o risco da instituição financeira emissora do papel, independentemente se a emissão tem ou não garantia do FGC. Siga o canal da Jovem Pan News e receba as principais notícias no seu WhatsApp! WhatsApp Em finanças, teoricamente, o que é considerado um papel livre de risco é um título emitido pelo governo federal dos EUA. E, mesmo assim, é bem questionável se de fato são livres de risco. Imagine então os papéis brasileiros com garantia do FGC. Fica a dura lição do Banco Master. Leia também Bolsonaro preso! E agora?