“Talvez eu queira um pouco de ‘chatice’ no meu portfólio”, diz gestor sobre Europa

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O aperto regulatório e a escalada das incertezas nos Estados Unidos após o tarifaço abriram uma janela inesperada: investidores globais passaram a migrar para mercados historicamente vistos como mais “chatos” — e, por isso mesmo, mais estáveis. A Europa emergiu como o principal destino desse fluxo, especialmente no segmento de crédito estruturado, segundo Marc Forster, head Brasil da Franklin Templeton.Forster afirma que a combinação entre instabilidade regulatória nos EUA e desaceleração do excepcionalismo americano levou gestores a buscarem ativos menos expostos ao risco de crescimento.“Quem diria que haveria um cenário em que o investidor alocaria fora dos Estados Unidos por medo da instabilidade”— Marc Forster, head Brasil da Franklin Templeton.No centro dessa reviravolta estão os CLOs europeus — estruturas que reúnem centenas de empréstimos corporativos e os redistribuem em diferentes níveis de risco e retorno, permitindo ao investidor acessar crédito com maior proteção. Esse mercado se destaca pela previsibilidade, diversificação setorial e histórico mais sólido de recuperação em casos de inadimplência. O cenário contrasta com o ambiente americano, marcado por mais litígios, judicialização e atritos recorrentes entre tomadores e credores.Veja mais: Relevância ou extinção: o recado de um líder global para gestores no BrasilE também: Dividendos em 2026: o que muda para empresas e investidores?Mercado europeu ganha força com estabilidade e diversificaçãoA consolidação da Europa como porto seguro se explica pela natureza mais regulada e menos volátil do seu mercado de crédito estruturado. Segundo Forster, enquanto os CLOs americanos têm entre 15% e 20% de exposição ao setor de tecnologia, os europeus ficam próximos de 10%, o que dilui riscos e reduz a correlação com ciclos de crescimento mais agressivos.Na outra ponta, o investidor também reavalia seu apetite ao constatar que setores tradicionalmente vistos como “tediosos” — como commodities e energia — podem ser exatamente o que seu portfólio precisa em tempos de incerteza. “Eu talvez queira um pouco de ‘chatice’ no meu portfólio. ”A comparação de Forster com empresas como Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3) reforça a ideia de que constância e geração de caixa passam a ter valor adicional.Ainda segundo ele, historicamente, a inadimplência é menor na Europa, e quando ela ocorre, as recuperações são maiores. CLOs de rating BB e B — considerados extratos intermediários — se destacam como a melhor relação risco-retorno no momento.CLOs oferecem resiliência e histórico de baixíssimos defaultsNo topo das estruturas, a segurança é ainda mais evidente. Forster lembra que, de 1996 a 2024, não houve nenhum default em tranches AAA de CLOs, nem na Europa nem nos EUA. Em tranches AA, apenas um caso americano aparece em um universo superior a 14 mil estruturas analisadas.É abaixo desse nível — especialmente nas tranches BB e B — que a Europa mostra vantagem. “As perdas são muito menores quando acontecem, e as recuperações, muito maiores”, afirmou. Segundo ele, é exatamente essa camada que concentra a estratégia atual da Franklin Templeton.The post “Talvez eu queira um pouco de ‘chatice’ no meu portfólio”, diz gestor sobre Europa appeared first on InfoMoney.