Palmito pupunha conquista primeira Indicação Geográfica

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Valor nutricional e sustentabilidade são algumas das características que marcam o palmito pupunha da região do Vale do Ribeira, que teve o registro de Indicação Geográfica (IG) concedido nesta terça-feira (18). O reconhecimento dado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) na modalidade Indicação de Procedência é o primeiro dado ao produto no país, que emprega cerca de 10 mil pessoas na localidade, fortalecendo a agricultura familiar e promovendo desenvolvimento econômico, ambiental e social.O registro beneficiará produtores de 17 municípios paulistas: Barra do Turvo, Cajati, Cananeia, Eldorado, Iguape, Ilha Comprida, Iporanga, Itariri, Jacupiranga, Juquiá, Miracatu, Pariquera-Açu, Pedro de Toledo, Registro, Ribeira, Sete Barras e Tapiraí. No total, cerca de 1,2 mil produtores cultivam 35,5 milhões de plantas em 7.100 hectares, com processamento anual estimado em 24 milhões de hastes por 40 agroindústrias licenciadas.“O palmito da região do Vale do Ribeira tem um grande potencial produtivo, que pode ser reforçado com a diferenciação e o reconhecimento por meio da Indicação Geográfica. O produto une a tradição, o cuidado com o meio ambiente e o conhecimento técnico e agora passa a ser um incentivo para os municípios que produzem o palmito de pupunha e podem ter o seu reconhecimento junto ao mercado”, destaca a coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, Hulda Giesbrecht.Lavoura de palmito no Vale do Ribeira | Foto: DivulgaçãoAtualmente, o Brasil é o maior produtor, consumidor e exportador de palmito do mundo, com cerca de 20 mil hectares cultivados, sendo São Paulo e Bahia os principais estados produtores. O pedido para o reconhecimento da Indicação Geográfica foi feito pela Associação dos Produtores de Pupunha do Vale do Ribeira (Apuvale). O produto é obtido da palmeira Bactris gasipaes Kunth, espécie nativa da Amazônia, que oferece vantagens como colheita mais rápida, ausência de escurecimento após o corte e capacidade de perfilhamento, o que dispensa o replantio.As primeiras sementes chegaram a São Paulo em 1940, introduzidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Na década de 1980, pesquisas da entidade identificaram no Vale do Ribeira condições ideais para o cultivo, como clima tropical úmido e solo favorável. O resultado foi o avanço da atividade e a atração de agricultores e grandes empresas, impulsionando o desenvolvimento regional.“Esse reconhecimento nos motiva e nos possibilitou juntar esforços para enxergar a cadeia produtiva como um todo. Somente nesse sentido, já nos valeu muito antes mesmo da obtenção do selo. Agora, vemos que faz sentido essa união, essa força e a valorização dessa produção”, ressalta o engenheiro agrônomo e vice-presidente da Apuvale, Márcio Franchetti. “Além desse senso de pertencimento e de valorização, vamos conseguir evoluir muito no nosso controle de qualidade”, completa.Foto: DivulgaçãoMárcio destaca ainda a importância do Sebrae no processo de solicitação do registro. “O Sebrae estava sempre nos cobrando e mostrando o caminho para percorrer. Nas primeiras conversas, poucos de nós sabíamos o que era Indicação Geográfica. Isso nos motivou. Agora, temos uma demanda grande de trabalho para organizar tudo isso e não nos vemos sozinhos sem o Sebrae”, comenta.Sobre as IGsExistem dos tipos de Indicações Geográficas: a Indicação de Procedência (IP) e a Denominação de Origem (DO). Até o momento, o Brasil conta com 144 IGs reconhecidas. A Indicação de Procedência reconhece o nome geográfico de um país, cidade, região ou localidade que se tornou conhecido como centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto. Já a Denominação de Origem vai além e exige que as características e qualidades do produto sejam essencialmente ou exclusivamente atribuídas ao meio geográfico, incluindo fatores naturais e humanos.