O Brasil tem uma relação única com o automóvel: para grande parte dos consumidores, comprar um carro não é apenas uma decisão prática ou financeira, é uma conquista com forte peso emocional. Essa foi a conclusão da pesquisa realizada pela Consultoria Bain & Company e ressalta essa paixão nacional tão evidenciada na propaganda em geral. Segundo dados do IBOPE o amor dos brasileiros por carros é algo indiscutível, tanto que supera até mesmo a paixão por estar com amigos, apreciar samba, torcer pela seleção brasileira ou viajar. Pesquisas recentes revelam que muitos brasileiros descrevem o carro como parte da família, extensão da personalidade ou até realização de um sonho antigo. É como se, ao girar a chave, ligassem também a autoestima, a liberdade e a sensação de pertencimento.Ducatti Monster e Ducatti Panigale/Adair SantosCom tanto amor envolvido e iniciando a 31ª edição do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, os consumidores estão eufóricos com o evento que acontece de 22 a 30 de novembro no Distrito Anhembi. A programação une inovação, entretenimento e história, e serve como palco das grandes tendências e do futuro da mobilidade, sendo que os ingressos seguem à venda exclusivamente no site oficial www.salaodoautomovel.com.br.Bugatti EB 110 GT/Adair SantosEntre as marcas confirmadas estão BYD, Caoa, Caoa Chery, Citroën, Denza, Fiat, GAC, Geely, GWM, Honda, Hyundai, Jeep, Kia, Leapmotor, Lecar, MG Motors, Mitsubishi, Omoda & Jaecoo, Peugeot, RAM, Renault, Suzuki Motos, Toyota e Vespa. “Esta edição simboliza o reencontro do público com o Salão do Automóvel, evento que sempre representou a paixão dos brasileiros por carros, tecnologia e inovação. Mais de 300 veículos estarão em exposição, em uma programação repleta de experiências imersivas e interativas que prometem surpreender, emocionar e reconectar o público com o universo automotivo”, afirma Thiago Braga Ferreira, gerente executivo do Salão do Automóvel.Ford GT/Adair SantosQuais os critérios para a compra do veículo novo?Os brasileiros avaliam marcas automotivas de maneira mais positiva do que consumidores de outros países e a recomendação de um veículo, muitas vezes, nasce mais de uma conexão afetiva do que racional. A confiança na marca, o desejo de ter um modelo com boa reputação e a identificação com o estilo da fabricante têm peso decisivo na hora da compra. Quando o brasileiro vai comprar, o critério estético pesa muito. A satisfação com o carro pretendido na fase de compra costuma ter nota média de 8,03, segundo pesquisa aplicada após a aquisição de carros novos avaliando diferentes marcas.As etapas mais bem avaliadas incluem a comparação de modelos (7,86), a retirada do veículo na concessionária (7,81) e a consulta de informações no site da marca (7,77), segundo levantamento da Quatro Rodas.Mesmo com tanta paixão pelo design, há consciência sobre os custos e manutenção: a performance e a estrutura do automóvel aparecem como prioridades para muitos latino-americanos, especialmente os brasileiros, de acordo com estudo realizado pela consultoria Bain & Company.A preferência pelos carros elétricos também está crescendo. Segundo o mesmo estudo da revista especializada, 93% dos entrevistados reconhecem que veículos elétricos são mais silenciosos, 78% percebem maior conectividade e tecnologia embarcada, e 49% afirmam que a manutenção desses modelos é mais barata. No entanto, ainda existem barreiras: 54% dosentrevistados relataram insegurança em relação à infraestrutura de recarga, e 35% consideram que a autonomia dos elétricos ainda é insuficiente para viagens.Esse cenário também impulsiona o segmento de luxo, outro termômetro emocional do consumidor brasileiro. Em 2025, o mercado premium cresceu acima da média: só no primeiro trimestre foram 11.305 emplacamentos, e em abril o segmento representou 2,78% de todos os carros vendidos no país. Modelos como BMW X1, Volvo EX30 e Porsche Cayenne apareceram entre os mais desejados. Projeções de mercado indicam que esse consumo não é passageiro: o setor deve crescer, em média, 7,4% ao ano até 2030, segundo análises de mercado.Carros diferenciados lideram desejo e tem tratamento especialO interesse por carros de luxo reforça a ideia de que, no Brasil, o automóvel também é status, projeção de sucesso e parte da jornada de ascensão social. E aqui entra um detalhe essencial: embora muitos imaginem que o homem é quem “manda” no volante, pesquisas de comportamento de compra mostram que as mulheres exercem uma influência enorme nas decisões de aquisição não apenas no carro da família, mas também no modelo, na marca e inclusive no momento da compra.Mais de 70% dos homens consultam mulheres antes de fechar uma compra automotiva, apontam estudos de mercado citados pelo setor. Em muitos casos, representantes comerciais relatam que, quando a mulher diz “não”, a venda simplesmente não acontece, e quando ela aprova, o processo é agilizado.A opinião feminina pesa em critérios emocionais, mas principalmente nos racionais: segurança, espaço, porta-malas, conforto, consumo, conectividade, praticidade e reputação da marca. A mulher entra como filtro decisivo, avalia detalhes, questiona, compara e, por fim, valida ou derruba a escolha inicial. Querendo entender um pouco dessa relação entre homens, mulheres e motores, nossa reportagem foi conferir a história de uma empresa de família que cuida de carros há cinco décadas e faz história. A reportagem é de Renata Rode.