A intervenção do Banco Central (BC) no conglomerado que inclui o Banco Master é a maior do tipo já registrada no país. O tamanho do banco, o volume de dinheiro movimentado e o risco para os clientes superam todas as crises bancárias anteriores — inclusive as mais famosas, como as do Bamerindus, Nacional e Econômico, nos anos 1990.Leia tambémPF prende Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, em São PauloAção cumpre sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão em cinco estados e no DF; operação mira fraudes no Sistema FinanceiroBanco Central decreta liquidação extrajudicial do Banco MasterCom a liquidação, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) passa a ser responsável por ressarcir os credores do Banco MasterO BC decidiu pela intervenção do Banco Master S.A., colocando a instituição em liquidação extrajudicial, um regime em que o banco para de operar e um administrador assume a tarefa de vender seus bens para tentar pagar dívidas. Já o Banco Master Múltiplo, outra empresa do grupo, foi colocado sob administração especial temporária, ou seja, continua funcionando, mas sob controle direto do BC.Segundo dados oficiais, o conglomerado tinha R$ 86,396 bilhões em ativos — o maior volume de recursos já envolvido em um processo de liquidação na história do sistema financeiro brasileiro.Além disso, o banco acumulava R$ 62,2 bilhões em depósitos que poderiam ser cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que funciona como um “seguro” para clientes em casos de quebra. O FGC só cobre até R$ 250 mil por pessoa, mas nunca antes teve de lidar com um volume tão grande de depósitos sob risco ao mesmo tempo.Nos últimos 30 anos, o FGC precisou atuar em 40 quebras bancárias — nenhuma, porém, chegou perto da escala do Master. Por isso, a intervenção já é considerada a maior da história do sistema financeiro nacional.As maiores intervenções bancárias da história do BrasilBanco Nacional — 1995Rombo de R$ 5 a 10 bilhões (de R$ 25 a 50 bilhões em valores atualizados);Uma das maiores fraudes da história bancária brasileira;Rombo bilionário e forte risco sistêmico após o Plano Real;O BC coordenou a transferência da parte saudável ao Unibanco, numa operação para conter risco sistêmico após a identificação de um dos maiores rombos contábeis da épocaBanco Econômico — 1995Rombo da ordem de R$ 3 bilhões (de R$ 15 a 25 bilhões em valores atualizados);Quebra simultânea ao Nacional, afetando confiança no sistema;Demorou anos para ser finalizado;Ativos considerados viáveis foram vendidos ao Banco Excel (que mais tarde seria incorporado ao BBVA). A parte insolvente permaneceu em um processo de liquidação que se estendeu por anosBanco Bamerindus — 1997R$ 3,7 bilhões pagos na época (R$ 19,6 bilhões em valores atualizados);Após saneamento inicial pelo BC e FGC, a carteira saudável — agências e base de clientes — foi vendida ao HSBC, que assumiu as operações no paísBanco Santos — 2004Grande caso de má gestão e fraudes;Aproximadamente R$ 10 bilhões em ativos na época (de R$ 25 a 30 bilhões em valores atualizados);A instituição foi liquidada e seus bens — incluindo obras de arte, vinhos e itens de luxo do controlador Edemar Cid Ferreira — foram leiloados para pagar credoresBanco PanAmericano — 2010Maior “resgate” financeiro da história recente sem liquidação;Rombo de R$ 2,5 bilhões coberto pelo FGC e pelo Grupo Silvio Santos (de R$ 4 a 5 bilhões em valores atualizados);Após o rombo, o banco saneado foi vendido ao BTG Pactual em 2011Banco Cruzeiro do Sul — 2012Grave fraude contábil e financeira que utilizava créditos fictícios e títulos de baixa qualidade para inflar o balanço;Rombo de cerca de R$ 1,3 bilhão (aproximadamente R$ 2 bilhões em valores atualizados);O BC e o FGC promoveram a venda da carteira de crédito e de ativos selecionados ao Banco Original (J&F) e ao BTG Pactual, na tentativa de reduzir as perdas do fundo garantidorBanco Rural — 2013Problemas financeiros e envolvimento em escândalos políticos;Foi liquidado pelo Banco Central devido a sucessivos prejuízos e comprometimento da situação econômico-financeira (em parte ligada aos desdobramentos do escândalo do Mensalão). Não houve venda de grandes partes saudáveis para outra instituição, mas sim a liquidação tradicional dos ativos para o pagamento de credores;Valores de ativos não consolidadosConglomerado Banco Master — 2025R$ 86,396 bilhões em ativos;R$ 62,2 bilhões em depósitos elegíveis ao FGC;O BC decretou a liquidação do Master S.A. e colocou o Master Múltiplo em administração especial temporáriaThe post Banco Master: intervenção na instituição é a maior do sistema financeiro brasileiro appeared first on InfoMoney.