CEOs temem queda na prosperidade mundial, mas apostam em inovação para resistir

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Num ano marcado por guerras prolongadas, fricções geopolíticas e uma aceleração tecnológica que não abranda, os líderes empresariais encaram o futuro com uma combinação de pessimismo económico e confiança nas suas próprias capacidades de intervenção. A nova edição do The CEO Response, estudo global da consultora Egon Zehnder, indica que mais de 70% dos CEOs preveem estagnação ou mesmo declínio da prosperidade mundial. Em contrapartida, 97% acreditam que continuam a existir oportunidades significativas para criar impacto positivo — tanto dentro das empresas como na sociedade em geral.O estudo recolheu respostas de 1.235 líderes de setores como finanças, saúde, indústria, administração pública e consumo. O retrato traça uma liderança consciente de que a sobrevivência passa por adaptação e adaptação rápida.Adaptabilidade torna-se palavra de ordemA esmagadora maioria dos CEO (92%) reconhece que precisa de desenvolver um nível de adaptabilidade «sem precedentes» para navegar num cenário volátil. É por isso que 59% apontam a agilidade e a capacidade de adaptação como as competências fundamentais para garantir resiliência organizacional.As prioridades estratégicas refletem essa urgência: 53% consideram a inovação absolutamente central; 44% destacam a aposta na Inteligência Artificial; 42% elegem o desenvolvimento de talento como área crítica. A sensação dominante é clara: já não basta responder à mudança, é preciso antecipá-la.Quando desafiados a identificar as principais ameaças globais, os CEOs colocam a instabilidade geopolítica no topo da lista (46%). A incerteza económica surge logo a seguir (44%). A disrupção de mercado, a gestão de talento (ambas com 38%) e o impacto crescente da IA (37%) completam o quadro.Apesar do peso destes fatores externos, a maioria dos líderes sente suporte interno: 75% apontam as suas equipas executivas como o principal pilar para enfrentar a complexidade atual, enquanto 43% valorizam o contributo dos seus pares. A colaboração, mais do que um valor decorativo, aparece como mecanismo de sobrevivência.Um paradoxo evidentePara Jorge Valadas, líder da Egon Zehnder em Portugal, o estudo revela «um paradoxo interessante». «Apesar de 72% anteciparem desafios para o crescimento global, quase todos reconhecem oportunidades reais para gerar impacto positivo», afirma. Segundo o consultor, esta visão demonstra uma liderança «mais pragmática, mais colaborativa» e fortemente orientada para decisões com impacto sustentável.A principal conclusão do relatório é inequívoca: o futuro vai exigir líderes capazes de manter adaptabilidade constante, apostar na inovação e gerir talento com visão estratégica. Num contexto em que a mudança deixou de ser episódica para se tornar permanente, os CEOs sabem que não terão margem para abrandar.O mundo acelera e eles sabem que terão de acompanhar.O conteúdo CEOs temem queda na prosperidade mundial, mas apostam em inovação para resistir aparece primeiro em Revista Líder.