Há mais de 30 milhões de empreendedores no Brasil, e apenas 10 milhões são mulheres. No recorte de pequenas e médias empresas do varejo digital, contudo, o jogo vira: 57% dos negócios são liderados por mulheres. Uma delas é a empresária Ana Paula Xongani, que começou sua trajetória em 2009, fundando uma loja online de acessórios ao lado de sua mãe. O e-commerce ganhou uma loja física, o Ateliê Xongani, especializado em moda afro-brasileira, em 2015, ano em que a Ana Paula começou a criar conteúdo para redes sociais – sobre empreendedorismo e, depois, adicionando as pautas sociais, como negritude, empoderamento feminino, educação e beleza.“Hoje, quando vou falar sobre outros assuntos, inevitavelmente as questões sociais de empreendedorismo são transversais”, explica. “Eu não comecei falando de tudo. Hoje falo sobre muitos temas, o que comercialmente é extremamente vantajoso. Mas eles foram construídos um a um”, completa.O Ateliê Xongani está passando por um processo de rebranding, com o objetivo de se tornar um braço educacional do ecossistema Xongani. E hoje a principal fonte de renda da empreendedora é ela mesma: a sua marca pessoal Ana Paula Xongani. Formada em Design de Interiores, Xongani aprofundou seu repertório nos últimos dez anos com uma pós-graduação em Jornalismo e Comunicação e uma formação técnica em Apresentação de TV.A empresária explica que o investimento na sua educação e a bagagem adquirida foram essenciais para sua ascensão, a ponto da sua marca pessoal, hoje, empregar 50 pessoas, direta e indiretamente, considerando a assessoria pessoal e outras dez assessorias, que cuidam da sua saúde, imagem, questões contábeis e jurídicas até parceiras publicitárias.Criação de uma comunidadeXongani construiu uma base fiel de mais de 300 mil seguidores, incluindo Instagram e TikTok, que não parece tão expressiva em comparação com outros influenciadores, mas ainda assim possibilitou contratos com grandes marcas, como Nestlé, Natura, marcas da Reckitt, como a Veja, e etc.A empreendedora também foi o primeiro talento nativo digital a integrar o portfólio da VIU, área dedicada ao gerenciamento de talentos e projetos comerciais entre marcas e criadores de conteúdo, da TV Globo, além de ser editora convidada da Companhia das Letras, colaborando com a curadoria de títulos que ampliem a diversidade no catálogo da editora.Com mais de 10 anos de vida digital, Xongani conta que se manter relevante por tanto tempo é um grande desafio e aconselha quem busca seguir seus passos a expandir e evoluir os temas retratados nas redes sociais sem deixar a interação de lado – mesmo que o perfil cresça.Um dos temas adicionados às suas redes foram os assuntos relacionados à casa, que partiram da observação atenta da influenciadora sobre o seu público, majoritariamente feminino. “Meu público estudou, trabalhou e está na fase de comprar ou alugar uma casa e mobiliá-la. Querem saber sobre isso, mas de alguém que tenha letramento racial, que não ignore questões sociais”, explica.Mas, ainda que seja a fórmula para se manter relevante ao longo do tempo, a expansão de assuntos retratados pelo influenciador por si só não irá aproximá-lo do público, seja ele antigo ou novo, que pede por interações que entreguem algo.Leia mais: Cresce o número de influenciadores – e seguidores – de finanças nas redes sociais“O influenciador precisa entregar além do vídeo. As pessoas querem saber qual produto você usou, onde comprou, qual livro que você leu para chegar nesse conhecimento e qual planilha você usou para organizar suas finanças. Por isso, uma das inovações do meu conteúdo é a automação de respostas nas minhas redes sociais. Se alguém quer saber qual planilha eu usei, basta escrever “planilha” que uma resposta será enviada. Essa é uma forma que encontrei de seguir entregando um serviço”, completa. TV X internetAntes da sua vida digital, Xongani atuou como apresentadora e mediadora de painéis e festivais. Para ela, o atual movimento de influenciadores compondo programas de televisão pode ser feito de maneira assertiva: o segredo está no “meio do caminho” de uma estrutura que englobe os dois universos, TV e Internet.“Na internet, a forma de falar costuma ter uma entonação mais acelerada, para captar a atenção do público. Já na TV, se você falar nesse mesmo ritmo, pode acabar estourando o microfone. Por isso, é fundamental entender essas adaptações, tanto no áudio quanto no vídeo, e encontrar um equilíbrio na linguagem que funcione para os dois meios. Esse meio do caminho é o que vai permitir que formatos originalmente pensados para a internet possam ser migrados para a TV com sucesso, e vice-versa”, explica. Leia mais: Mari Maria Makeup: fundadora fala sobre trajetória, negócios e internacionalizaçãoOutro erro que Xongani localiza nas produções que mesclam os dois mundos é ignorar um deles no momento da concepção. “É preciso pensar, desde o início, na construção do programa ou projeto, em como ele vai funcionar tanto na internet quanto na TV. O produto fica tosco quando esquecem disso, criam o conteúdo pensando em só uma das mídias e fazem apenas uma adaptação para a outra. Então, antes mesmo de abrir a câmera, é essencial planejar o programa já contemplando as duas linguagens. Na hora da gravação, ele deve ser captado para as duas mídias”, finaliza. The post Diversificação e interação: o método de Xongani para crescer nas redes appeared first on InfoMoney.